Justiça manda YouTube bloquear vídeo usado por Russomanno contra Boulos

Justiça Eleitoral ordenou a suspensão da conta do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio

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UOL

A Justiça Eleitoral ordenou hoje a suspensão da conta no YouTube do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. A decisão veio após a campanha do candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) entrar com uma ação acusando o blogueiro de propagar fake news.

Eustáquio é um dos principais acusados no inquérito das fake news que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

A decisão diz que Eustáquio continuou publicando vídeos com informações fraudulentas, após a exclusão dos anteriores, "em evidente demonstração de afronta ao Poder Judiciário".

"Esses vídeos aqui questionados são publicações, no canal do representado no YouTube, de exibições que foram feitas na Rede Brasil de Televisão, sendo que o candidato Celso Russomanno, candidato a prefeito da cidade de São Paulo é um dos sócios da referida rede de televisão", considerou a Justiça.

Na decisão, o juiz Emílio Migliano Neto entendeu que o blogueiro zombou da Justiça Eleitoral e incluiu uma de suas falas no processo.

"Atenção, Justiça Eleitoral! 'Tô mostrando aqui pra vocês entenderem, estão induzindo a Justiça Eleitoral também .Nós temos que mostrar isso pra que as pessoas entendam", disse Eustáquio em frase citada na decisão.

No Twitter, Eustáquio comentou a decisão da Justiça Eleitoral em dois tuítes e também fez menção a quando foi preso. A prisão do jornalista, em junho, aconteceu no âmbito das investigações sobre atos antidemocráticos e foi determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

"Eles me prenderam, me censuraram e agora derrubaram meu canal depois que denunciei Boulos e Paes", diz em um dos tuítes.

O primeiro vídeo com informações falsas foi utilizado pelo candidato Celso Russomanno (Republicanos) para desferir acusações contra Boulos. Ele foi divulgado no mesmo horário em que acontecia o debate Folha/UOL.

Depois da polêmica, Russomanno, que é conhecido por seu programa sobre direitos do consumidor, gravou um vídeo como na TV. Ele visitou os endereços das produtoras Kyrion Consultoria e a Filmes de Vagabundo. A primeira foi contratada pela campanha de Boulos por R$ 500 mil e a segunda, por R$ 28 mil.

As duas produtoras são de uma diretora de cinema freelancer e de uma equipe que trabalha remotamente durante a pandemia de covid-19. Ambas estão registradas e foram declaradas nos gastos da campanha.

Segundo o UOL apurou, a Filmes de Vagabundo continua a prestar serviços normalmente. Em 2018, venceu um edital da SPCine para produzir um vídeo sobre bairros da cidade de São Paulo. A reportagem tentou entrar em contato com as duas produtoras, mas não teve sucesso até a última atualização. Se enviado, seu posicionamento será incluído aqui.

Até o momento, a campanha de Russomanno não esclareceu ao UOL se a acusação contra Boulos foi pautada no vídeo produzido por Oswaldo Eustáquio. A reportagem questionou há dias se o candidato tem conhecimento sobre a disseminação de notícias falsas por parte do blogueiro, mas não houve retorno. Se enviado, seu posicionamento será publicado.

O blogueiro Oswaldo Eustáquio, homem branco, usando terno e camisa
O blogueiro Oswaldo Eustáquio - Oswaldo Eustáquio no instagram

Nova acusação no debate da TV Cultura

Na quinta-feira (12), apesar da primeira decisão da Justiça Eleitoral sobre o tema, Russomanno insistiu na denúncia e divulgou um novo vídeo em que ele mesmo visita os endereços sob suspeita. À noite, na TV Cultura, repetiu o ataque.

"Eu queria dizer que desqualificar a fonte não impede a irregularidade. É o mesmo que colocar a culpa no termômetro pela febre que a pessoa tem. O que os eleitores de São Paulo precisam saber, sem meias palavras, é como o candidato ostenta a soberba honestidade e usa empresas fantasmas para inventar despesas de campanha. Isso tem que ser explicado", disse Celso Russomanno a Guilherme Boulos, no debate da TV Cultura.

Russomanno reiterou a acusação dizendo que foi até o local das empresas. "Sabe o que encontrei lá? Nada, absolutamente nada. São duas empresas fantasmas. Quem está representando contra o senhor por usar dinheiro público em empresas fantasmas não é o senhor não, sou eu. E o senhor vai responder por isso, tenha certeza, porque o senhor mente aqui descaradamente", acusou.

"A Justiça determinou ontem que esse vídeo fosse retirado do ar justamente por ser mentira, e você traz isso aqui novamente?", devolveu Boulos. O candidato informou que entrou com uma ação criminal contra o adversário, que foi acolhida.

"Estamos pedindo a apreensão do seu celular, desse meliante com quem você se aliou, com pedido de bloqueio e abertura das suas contas bancárias e da dele para seber quem paga. Quem está pagando, Russomanno, por suas fake news em São Paulo? Vem do dinheiro público? Vou te dar uma oportunidade de responder isso", completou o psolista em seguida.

"Olha, Russomanno, francamente, você quer repetir 2018. Quer fazer eleição marcada por fake news. Aqui não, em São Paulo não", rebateu Boulos. "Parece que, na reta final da eleição, o gabinete do ódio entrou em São Paulo. Eles querem repetir 2018: todo mundo se lembra, kit gay e toda aquelas mentiras que foram feitas. Isso mostra que, apesar de essa eleição ser municipal, ela tem um impacto nacional", afirmou Guilherme Boulos em resposta a Celso Russomanno, no debate da TV Cultura.

Erramos: o texto foi alterado

Em versão anterior desta reportagem, título dizia incorretamente que a ordem da Justiça Eleitoral foi ao WhatsApp. O título foi alterado.

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