Alcolumbre articula líder do PSD no Senado para o ministério

No arranjo, ex-presidente da Casa manteria influência e ficaria com a poderosa CCJ

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São Paulo

Ainda colhendo os louros políticos pela vitória de seu escolhido para a sucessão no comando do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) negocia indicar um nome para o Ministério do Desenvolvimento Regional.

Segundo interlocutores do senador, o favorito é Nelsinho Trad (MS), líder do PSD de Gilberto Kassab na Casa. ​

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) vota em seu sucessor, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na noite de segunda
O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) vota em seu sucessor, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na noite de segunda - Pedro Laderia 1.fev.2021/Folhapress

Se o arranjo vingar, Alcolumbre não iria para o governo Jair Bolsonaro (sem partido), como foi especulado inicialmente, buscando preservar alguma imagem de independência.

Em compensação, ocuparia um dos mais poderosos cargos no Senado, o de presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que serve de filtro para toda proposta a ser analisada pelos parlamentares.

Na mão inversa do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Alcolumbre viu crescer seu cacife nos últimos meses. O senador fez seu sucessor, Rodrigo Pachecho (DEM-MG), enquanto Maia viu seu candidato derrotado por Arthur Lira (PP-AL).

Pacheco não deve ter um alinhamento automático ao Planalto, segundo aliados, mas foi eleito também com o apoio de Bolsonaro sob o patrocínio de Alcolumbre e de forças como o PSD que pode agora levar mais um ministério —já ocupa as Comunicações.

O Desenvolvimento Regional hoje está com Rogério Marinho, que até junho do ano passado era filiado ao PSDB, mas que aproximou-se muito de Bolsonaro e ganhou espaço nas decisões econômicas do governo.

Aliados do presidente afirmam que, se for rifado da pasta, poderá haver outro lugar para Marinho —ele foi o padrinho do investimento de Bolsonaro em viagens e eventos no Nordeste no momento em que o auxílio emergencial da pandemia começou a fluir, que ajudou a melhorar a popularidade do presidente na região.

Tal momento passou, e segundo o mais recente levantamento do Datafolha Bolsonaro voltou a ter uma queda em sua imagem na região, historicamente mais dependente de assistência federal. Mesmo sem o auxílio, ele mantém sua agenda de visitas nordestinas.

Marinho se notabilizou pelo antagonismo público com Paulo Guedes (Economia), que o classificou como um fura-teto de gastos. Os ânimos ficaram bastante acirrados ao longo de 2020, mas aparentemente uma trégua segue valendo entre ambos.

Na Câmara, enquanto o debate segue acalorado acerca da definição sobre a Mesa da Casa, deputados de partidos do centrão também discutem os próximos passos do grupo no governo.

Além da pasta da Cidadania, que já está prometida a eles com a saída de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Secretaria-Geral da Presidência, voltaram a crescer os rumores de que os vitoriosos que chegaram ao comando da Câmara com a eleição de Lira estão de olho na Educação e na Saúde.

A pasta do ministro Eduardo Pazuello é a mais cobiçada, não só pelos recursos, mas também pela possibilidade de melhoria de sua imagem dado o desastre até aqui na condução do combate à pandemia do novo coronavírus.

Não é segredo que o ex-ministro Ricardo Barros (PP-PR), que a comandou no governo de Michel Temer (MDB), gostaria de voltar para lá. Ele é líder do governo Bolsonaro na Câmara.

Na Educação, ocupada pelo politicamente opaco Milton Ribeiro, é o grupo ligado ao presidente do DEM, ACM Neto, que está buscando viabilizar a tomada do cargo.

Entre deputados, contudo, essas duas operações são vistas como para um segundo momento, porque o governo não estaria disposto a gastar todas as fichas que tem logo na largada de seu casamento parlamentar com o centrão.

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