Aliado de ACM Neto e integrante do centrão, João Roma é nomeado ministro da Cidadania

Onyx Lorenzoni foi confirmado como novo ministro da Secretaria-Geral

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou o deputado João Roma (Republicanos-BA) como novo ministro da Cidadania, confirmando a entrega da pasta para um parlamentar do centrão.

Bolsonaro também oficializou nesta sexta-feira (12) o retorno do ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS) —até então titular da Cidadania—​ para um ministério no Palácio do Planalto. Ele assume agora a Secretaria-Geral da Presidência.

Roma é amigo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e trabalhou no gabinete dele na época.​​

João Roma (Republicanos-BA), em sessão da Câmara dos Deputados - Luis Macedo/Câmara dos Deputados

ACM Neto é o presidente nacional do DEM e tenta gerir um racha entre os correligionários que defendem uma maior aproximação com o Planalto e os que querem manter distância de Bolsonaro. Ele tentou dissuadir Roma de assumir o posto.

Após a confirmação da indicação, ACM Neto disse em nota que a aceitação do cargo pelo deputado é lamentável. Ele também afirmou que, ao aceitar o ministério, Roma "desconsidera a relação política e a amizade pessoal" de ambos.

"Se a intenção do Palácio do Planalto é me intimidar, limitar a expressão das minhas opiniões ou reduzir as minhas críticas, serviu antes para reforçar a minha certeza de que me manter distante do governo federal é o caminho certo a ser trilhado, pelo bem do Brasil", escreveu o presidente do DEM.

O Ministério da Cidadania executa os principais programas sociais do governo e sua entrega ao centrão é uma das peças-chave da reorganização do governo após a vitória de Arthur Lira (PP-AL) como novo presidente da Câmara.

Já Onyx comandou a Casa Civil no início do governo Bolsonaro e agora retorna ao Palácio do Planalto no posto que era de Jorge Oliveira —que foi para o TCU (Tribunal de Contas da União).

A vitória de Lira ainda em primeiro turno selou a aliança de Bolsonaro com o centrão, que além do Republicanos engloba legendas como PL, PSD e PP.

O movimento do DEM em direção ao Planalto tem como pano de fundo planos para reeleger sua bancada e disputar governos estaduais em 2022.

Ao se aproximar de Lira e Bolsonaro, o partido buscou evitar uma postura de confronto e não fechar as portas na relação com o governo federal, quando falta ainda pouco menos de dois anos para as eleições. A sigla atualmente governa os estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins e comanda prefeituras como as de Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis.

Os governadores Ronaldo Caiado, de Goiás, e Mauro Mendes, de Mato Grosso, serão candidatos à reeleição em 2022. Os dois governam estados de perfil conservador, para o qual não seria conveniente uma postura de oposição frontal ao presidente Bolsonaro.

Político que se elegeu contra a "velha política" e denunciando os acordos partidários pelo fatiamento de cargos no governo, Bolsonaro agora é pressionado a abrir novos espaços na Esplanada dos Ministérios, em empresas públicas e no segundo escalão.

Além da Cidadania, o centrão cobiça o Ministério do Desenvolvimento Regional, hoje nas mãos de Rogério Marinho.

As legendas cobram também postos de segundo e terceiro escalões sinalizados durante a campanha legislativa ou prometidos no ano passado, mas que ainda não foram entregues.

A relação de cargos que, segundo assessores presidenciais, tem sido discutida com a articulação política do Planalto inclui do comando do Banco do Brasil à direção da Casa da Moeda.

Com o rearranjo de siglas da base aliada, o apetite dos partidos governistas abrange também postos que antes haviam sido prometidos ou mesmo já eram ocupados por indicados de congressistas de DEM, MDB e Solidariedade. Eles foram exonerados por causa do apoio de seus padrinhos ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

O emedebista concorreu ao comando da Câmara com o apoio do ex-presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas acabou derrotado e com defecção de partidos que compunham seu bloco de sustentação.

No domingo (7), João Doria (PSDB), governador de São Paulo, recebeu o ex-presidente da Câmara e o seu vice-governador, Rodrigo Garcia, que também é do DEM. Ambos foram convidados para integrar o PSDB, algo que o tucano confirmou em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (9).

Após a derrota de seu candidato, Maia se disse traído por ACM Neto. Às vésperas da eleição, o DEM decidiu ficar isento na disputa, mesmo estando contabilizado como uma sigla de apoio a Baleia.

Maia voltou a criticar o correligionário nesta sexta. Em sua rede social, ele publicou a reportagem da Folha sobre a nomeação de Roma e disse que o ex-prefeito "mostrou hoje o seu caráter".

A publicação gerou reação do deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos.

"Você sabe que essa sua publicação não está correta. ACM Neto não tem participação nenhuma nessa indicação. Inclusive ele me pediu para não fazer, mas eu não tinha condições de retirar o nome do Roma. Se tiver que colocar na conta de alguém, coloque na minha", escreveu.

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