Policial em Minas, vendedor de vacina vira alvo de apuração da PM após denúncia de propina

Corporação investiga Luiz Paulo Dominguetti Pereira por participar de firma comercial ou de empresa industrial

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Alfenas (MG)

Autor da denúncia do recebimento de pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde, o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira atuou no gabinete militar do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por 15 meses, entre 2019 e 2020. Ele está sendo investigado pela Polícia Militar.

Ele, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, disse que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, no dia 25 de fevereiro.

De acordo com o governo Zema, Dominguetti atuou no gabinete militar entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020, na função de segurança das instalações prediais —cuidava de guarita.

A saída dele do posto foi decidida pela atual chefia do gabinete militar, por Dominguetti "não corresponder ao perfil necessário de atuação no setor". Com isso, o policial militar foi transferido para o 64º Batalhão da Polícia Militar, em Alfenas, no sul de Minas Gerais.

Por se apresentar como representante da empresa, Dominguetti está sendo alvo de investigação da Polícia Militar.

Nesta quarta-feira (30), a corporação instaurou um relatório de investigação preliminar contra o cabo, com o objetivo de investigar condutas que ferem o código de ética e disciplina dos militares mineiros e, também, o estatuto dos militares do estado.

"Cabe destacar que a Lei 14.310/2002, que dispõe sobre o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais, considera como transgressão disciplinar o militar da ativa que participe de firma comercial ou de empresa industrial de qualquer natureza, ou nelas exerça função ou emprego remunerado", diz trecho de comunicado do governo Zema.

Dominguetti foi convocado pela CPI da Covid e irá depor nesta quinta-feira (2) à comissão do Senado —os senadores do colegiado também afirmaram que as denúncias são fortes.

Ouvido pela reportagem antes da convocação, Dominguetti disse que falará o que sabe “na frente de todo brasileiro” e que “todo mundo tem que saber a verdade”.

“Tudo o que eu passei, eu não tenho melindre nenhum de falar o que aconteceu”, disse à Folha. “Eu digo o que eu disse à senhora [repórter] e, se alguém me chamar, a qualquer momento, vai ser falado o que eu disse à senhora”, acrescentou.

Nesta terça-feira (29), em entrevista à Folha, Dominguetti afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, decidiu exonerar Dias após a denúncia.

A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). Dominguetti deu mais detalhes do encontro. Disse Dias lhe falou que tinha o “poder da caneta” na pasta, citando o valor de R$ 8 bilhões.

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