Datafolha: 54% reprovam gestão de Bolsonaro contra a pandemia da Covid

Presidente com histórico negacionista mantém reprovação majoritária e é aprovado por 22%

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São Paulo

Para 54% dos brasileiros, Jair Bolsonaro conduz o combate à pandemia da Covid-19, que já matou quase 590 mil pessoas no país, de forma ruim ou péssima.

A reprovação supera em muito a aprovação, de 22%, e o índice de pessoas que consideram o trabalho do presidente como regular, também de 22%.

É o que revela levantamento feito pelo Datafolha com 3.667 pessoas maiores de 16 anos em 190 cidades do país. Feita nos dias 13 a 15 de setembro, a pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Em relação à rodada anterior do instituto, feita em julho, o quadro é de estabilidade. Ali, 56% rejeitavam a conduta do mandatário máximo, enquanto 21% a achavam regular e os mesmos 22%, boa ou ótima.

O resultado mostra que o avanço da vacinação, que atingiu até a noite de quarta (15) 67,5% da população com ao menos uma dose e 36%, com o esquema de imunização completo, não é necessariamente associado ao trabalho do governo federal.

Isso é um reflexo direto da atitude negacionista adotada por Bolsonaro desde o início da pandemia. Como a CPI da Covid apontou, a compra das vacinas da americana Pfizer teve atraso de pelo menos três meses por má vontade e burocracia oficial.

O presidente lidera uma real campanha contra a Coronavac, o imunizante de origem chinesa trazido por seu rival João Doria (PSDB), o governador paulista cuja insistência em um programa próprio de vacinação acabou por fazer o Ministério da Saúde acelerar a ação federal neste ano.

A disputa segue além da retórica, com o ministro Marcelo Queiroga às turras com o tucano acerca de distribuição de vacinas e uso da Coronavac em terceira dose para idosos e imunossuprimidos.

Queiroga foi autor da pérola segundo a qual há vacinas sobrando no Brasil, dita na quarta para negar problemas de distribuição, enquanto estados suspendiam suas inoculações de segunda dose devido ao problema.

Isso fora a notória defesa de Bolsonaro, refletida em ações de governo e dispêndio de verbas, de remédios sem comprovação de eficácia no combate à Covid-19, como a hidroxicloroquina. E a sucessão de tragédias, talvez simbolicamente resumidas na emergência da variante gama em Manaus, com efeitos catastróficos na região que se espalharam pelo país.

Consideram a atuação de Bolsonaro mais reprovável as mulheres (maioria da amostra, 53% dos ouvidos), com 58% de ruim ou péssimo atribuídos ao presidente. Jovens de 16 a 24 anos (64% de rejeição e 17% da amostra) e quem tem curso superior (65% de rejeição, 21% da amostra) completam o quadro negativo.

O presidente vai melhor entre os mais ricos. Para 33% dos que ganham de 5 a 10 salários mínimos e 39% de quem recebe mais de 10 mínimos mensais, ele faz um trabalho ótimo ou bom. O grupo perfaz 10% da amostra pesquisada.

Outros refletem os dados amplos do levantamento do Datafolha. Minoritários, estudantes (68% de rejeição) e empresários (48% de aprovação) repetem o antagonismo registrado em diversos pesquisas feitas ao longo do governo.

O mesmo ocorre em corte regional. O antibolsonarista Nordeste tem 60% de rejeição à sua condução, enquanto a fortaleza presidencial do Sul registra a maior aprovação aferida neste critério (29%).

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