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Datafolha: só 8% dos moradores de SP dizem sempre confiar nas declarações de Doria

Pesquisa mostra que 48% acreditam às vezes e 44% nunca no tucano; índice dos que sempre creem em Bolsonaro é de 15%

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São Paulo

Apenas 8% dos moradores do estado de São Paulo afirmam sempre confiar nas declarações do governador João Doria (PSDB). Segundo pesquisa Datafolha, 48% dizem acreditar às vezes, enquanto 44% afirmam nunca dar credibilidade às falas do tucano.

O governador João Doria (PSDB)
O governador João Doria (PSDB) - Carla Carniel/Reuters

O índice de confiança plena em Doria é menor do que o medido em relação a Jair Bolsonaro (sem partido), em quem 57% dos brasileiros nunca confiam. Já 15% afirmam sempre crer nas falas do presidente, e 28% acreditam às vezes no que ele diz.

O Datafolha ouviu presencialmente 2.034 pessoas, em 70 cidades do estado de São Paulo, de segunda (13) e quarta-feira (15) da semana passada. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.​

A mesma pesquisa indica que a reprovação de Doria atinge 38% no estado, enquanto 24% o aprovam. Outros 38% consideram a gestão do governador regular.

A média dos que nunca confiam em Doria (44%) avança para 47% entre homens, 52% entre empresários, 48% entre evangélicos e 46% entre quem tem ensino fundamental ou médio. Esse índice cai para 39% entre funcionários públicos, 38% entre quem prefere o PT e 28% entre estudantes.

Já a taxa dos que dizem sempre confiar no governador, que na média é 8%, chega a 12% entre quem tem mais de 60 anos e 16% entre quem recebe mais de dez salários-mínimos. Os patamares mais baixos são vistos entre amarelos (1%), desempregados (5%), estudantes (4%) e quem tem de 16 a 24 anos (5%).

Entre quem avalia o governo Doria como ótimo ou bom, 29% sempre confiam no tucano e 8% nunca creem. Já entre eleitores que preferem o PSDB, 25% dizem sempre acreditar e 33% dizem nunca confiar.

A baixa confiança da população nas declarações de Doria é medida em meio a uma guerra de versões, vista desde o início da pandemia, entre o tucano e Bolsonaro, a respeito das vacinas contra a Covid-19 e das medidas eficazes para conter a circulação do vírus.

Apesar de Bolsonaro acumular uma longa lista de falas mentirosas e negacionistas em relação à doença, Doria também teve episódios de declarações desmentidas nesse tema.

Por exemplo, ao anunciar em março a Butanvac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, como sendo a primeira feita com tecnologia nacional.​ Na época, a Folha revelou que a vacina foi desenvolvida em parceria com a Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos.

No anúncio de eficácia da Coronavac, também fabricada no Butantan a partir de insumos da China, houve confusão. No dia 7 de janeiro, Doria propagandeou eficácia de 78%, mas o índice se referia apenas a casos leves. Dias depois, o Butantan fez novo informe, mencionando a eficácia geral de 50,38%.

Recentemente, Doria tem insistido na adequação do uso da Coronavac para a terceira dose de reforço em idosos, algo de que diversos especialistas discordam. De acordo com eles, aplicar uma dose adicional dessa vacina não é suficiente para gerar a proteção necessária nos mais velhos.​

O governador também chegou a anunciar medidas de flexibilização da quarentena e voltou atrás, em maio, diante do aumento de casos. Enquanto o mantra do fique em casa era recomendado, Doria viajou para Miami e para o Rio de Janeiro, onde foi flagrado tomando sol sem máscara na piscina de um hotel.

Pesam ainda contra a credibilidade de Doria a sua imagem de governante marqueteiro e o histórico de mudança de ideologia e posicionamento. O caso mais notável é a conversão do candidato "BolsoDoria", alinhado a Bolsonaro em 2018, em um dos principais adversários políticos do presidente.

Há também a promessa não cumprida de Doria de exercer a função de prefeito da capital por quatro anos —ele deixou o cargo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2018, apenas 1 ano e três meses após ter assumido a gestão municipal (restavam ainda 1.000 dias de mandato).

Pesa ainda a resistência que o governador agora impõe a Geraldo Alckmin, seu padrinho na política, dentro do PSDB, a ponto de o ex-governador preparar sua saída do partido.

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