Em isolamento, Bolsonaro diz em live que questionou Anvisa e repete discurso negacionista sobre Covid

Presidente foi orientado por agência a permanecer isolado após Queiroga receber teste positivo; primeira-dama Michelle tomou vacina, diz mandatário

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Brasília

Em isolamento no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (23), que questionou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a orientação para que ele e os demais membros da comitiva que tiveram contato com o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) cumprissem quarentena.

Queiroga recebeu teste positivo para Covid-19 durante a viagem de Bolsonaro a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU. O ministro permanece em Nova York em isolamento. A Anvisa, por sua vez, recomendou que todos os membros da comitiva que tiveram contato com Queiroga também ficassem em quarentena.

Bolsonaro deverá realizar um novo teste RT-PCR no fim de semana e sair do isolamento se não for detectada a presença do vírus.

"Infelizmente a Anvisa recomendou que eu ficasse de quarentena. Eu até questionei o pessoal da Anvisa, da Saúde também: até quem está vacinado tem que ficar de quarentena? Ué, vocês não acreditam na ciência, não acreditam na vacina?", disse Bolsonaro, durante sua live semanal.

Bolsonaro durante sua live semanal, nesta quinta (23)
Bolsonaro durante sua live semanal, nesta quinta (23) - Reprodução/Jair Bolsonaro no YouTube

Por causa do isolamento, a transmissão feita do Palácio da Alvorada foi diferente da que ocorre normalmente. A intérprete de libras que costuma acompanhar o presidente estava em outro cômodo e apareceu numa tela separada. "Então está todo mundo afastado", disse Bolsonaro, referindo-se a assessores que estavam na sala.

Durante a live, Bolsonaro repetiu argumentos negacionistas sobre a pandemia da Covid-19, alguns deles usados no discurso do presidente na Assembleia Geral da ONU.

Além de colocar em dúvida a eficácia de imunizantes, ele voltou a defender o chamado tratamento precoce contra o vírus, baseado em medicamentos ineficazes.

"O ministro Queiroga tomou as duas doses da Coronavac e está infectado. Vivia de máscara e está infectado. Você pode atrasar, mas dificilmente você vai evitar isso daí. É muito difícil evitar", declarou.

Embora a Coronavac seja um dos pilares do plano nacional de imunização, sendo a principal opção disponível no início da campanha de vacinação, Bolsonaro realiza constantes ataques contra ela. Essa vacina é trunfo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do mandatário.

Bolsonaro alegou defender a "autonomia do médico" e disse que o "tratamento off label" é um direito desses profissionais.

Os termos usados por Bolsonaro são usados para propagar o uso de medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina contra a Covid, embora eles não sejam eficazes para a doença.

Em outro trecho, Bolsonaro investiu de novo contra vacinas.

"Quem tem mais chances de transmitir o vírus? Eu atualmente —sem vacina— ou o Queiroga vacinado? Isso não é uma exceção, é uma realidade", declarou.

A fala de Bolsonaro é incorreta. Os imunizantes protegem a população, mas, como qualquer tratamento de saúde, não garantem 100% de eficácia.

Ele ainda levantou dúvidas sobre a vacinação de adolescentes, embora o próprio Ministério da Saúde tenha recuado e voltado a indicar que esse público receba imunizantes contra a Covid-19.

Na mesma live, Bolsonaro também afirmou que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se imunizou contra a Covid.

"Olha o que aconteceu com minha esposa, agora nos Estados Unidos. Veio conversar comigo sobre 'tomo ou não tomo a vacina'", disse Bolsonaro.

"Dei a minha opinião para ela, não vou falar qual foi a minha opinião. Vou falar o que ela fez: ela tomou a vacina. Então ela é maior de idade, tem 39 anos, sabe o que faz e tomou a vacina."

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