O ato pró-Bolsonaro de raiz golpista na avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 125 mil pesssoas nesta terça-feira (7), segundo estimativa do governo paulista. Os organizadores esperavam 2 milhões de pessoas.
Em discurso diante de apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro repetiu as ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência às decisões do ministro Alexandre de Moraes e desafiou quem o investiga. "[quero] Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."
"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou."
"Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade."
"Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro."
Ainda segundo o governo paulista, o ato contra Bolsonaro no vale do Anhangabaú reuniu 15 mil nesta terça.
As estimativas foram realizadas pela área técnica da Secretaria de Segurança Pública, usando imagens aéreas, análise de mapas e georreferenciamento.
Um dos maiores atos contra o presidente reuniu, em 19 de junho, 100 mil pessoas, de acordo com a organização. A Polícia Militar não estimou o número de manifestantes na ocasião. Naquele mesmo dia, o país chegava a 500 mil mortos pela Covid-19.
Ainda de acordo com a organização, o ato se estendeu por 12 quarteirões.
Segundo o Datafolha, a lotação máxima do trecho Consolação-Paulista é de 1,5 milhão de pessoas —num cálculo intencionalmente superestimado, considerando sete pessoas por metro quadrado.
As duas vias têm, somadas, 216 mil metros quadrados. A área medida pelo Datafolha incluiu bancas de jornais, árvores, canteiros e outros espaços que não são ocupados. O instituto usa imagens de satélite e fotos do alto para determinar quantos metros quadrados tem um determinado espaço.
Comparação entre atos bolsonarista e da oposição na Paulista
Manifestação contra Bolsonaro na Paulista em 19 de junho (à esq.) e ato pró-Bolsonaro desta terça (7)
Para o Datafolha, sete pessoas podem ocupar um metro quadrado, mas com pouca mobilidade, o que não ocorre em manifestações ao ar livre, por exemplo. O instituto usou como referência o manual de cálculo de multidões feito pelo CEPD (Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres), da Prefeitura do Rio.
O Datafolha calculou o público de diversas manifestações na avenida Paulista, em 2013, 2015 e 2016. O maior deles, em 13 de março de 2016, reuniu 500 mil pessoas contra a então presidente Dilma Rousseff (PT).
No método de contagem desenvolvido pelo instituto, pesquisadores percorreram a avenida e mapearam a concentração de manifestantes em setores da Paulista divididos em quadrantes. Ao mesmo tempo, manifestantes também foram questionados sobre há quanto tempo estavam no ato.
Contagens feitas pelo Datafolha
- Parada Gay (10.jun.12) 270 mil
- Marcha para Jesus (14.jul.12) 335 mil
- Parada Gay (2.jun.13) 220 mil
- Manifestação no Largo da Batata (17.jun.13) 65 mil
- Ato na avenida Paulista (20.jun.13) 110 mil
- Marcha para Jesus (29.jun.13) 200 mil
- Jornada Mundial da Juventude, no Rio (25.jul.13) 865 mil
- Ato no vale do Anhangabaú (14.ago.13) 3.000
- Ato na avenida Paulista (13.mar.15) 41 mil
- Ato na avenida Paulista (15.mar.21) 210 mil
- Ato na avenida Paulista (12.abr.15) 100 mil
- Ato na avenida Paulista (16.ago.15) 135 mil
- Ato no Largo da Batata (20.ago.15) 37 mil
- Ato na avenida Paulista (13.dez.15) 40 mil
- Ato na avenida Paulista (16.dez.15) 55 mil
- Ato na avenida Paulista (13.mar.16) 500 mil
- Ato na avenida Paulista (18.mar.16) 95 mil
- Ato na praça da Sé (31.mar.16) 40 mil
- Ato no vale do Anhangabaú (17.abr.16) 42 mil
- Ato na avenida Paulista (17.abr.16) 250 mil
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