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Prédio da Editora Três é vandalizado com pichações e cartazes em defesa de Bolsonaro

Empresa é responsável pela publicação das revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro

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São Paulo

O prédio da Editora Três, que publica as revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro, foi vandalizado na noite desta quarta-feira (20).

Cartazes com a mensagem "um editor de merda e seus colaboradores de merda que não respeitam o presidente e os que nele acreditam" foram colados nos muros e paredes da empresa, que também foram pichados. Os autores não foram identificados.

Também nesta quarta, o ministro da Justiça, Anderson Torres, solicitou a abertura de inquérito contra a revista IstoÉ para investigar crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo o ministro, o documento foi encaminhado à Polícia Federal "para apuração imediata". Na semana passada, a revista publicou reportagem de capa que compara Bolsonaro ao ditador nazista Adolf Hitler e o chama de "mercador da morte" por suas ações na pandemia da Covid-19.

Bolsonaristas atacaram, na noite desta quarta-feira (20), a sede da Editora Três, responsável pela publicação das revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro. - Reprodução

A capa da revista estampa uma foto do rosto de Bolsonaro com a palavra "genocida" escrita acima dos lábios, em alusão ao bigode usado por Hitler. Abaixo da imagem, aparece o texto "As práticas abomináveis do mercador da morte". Nas páginas internas, o título da reportagem é "O arquiteto da tragédia".

Em nota, a editora afirma que "com cartazes apócrifos" quem fez os ataques buscava agredir "a integridade física e patrimonial deste grupo de mídia, que defende o Brasil há mais de 45 anos".

"As pichações e os cartazes visaram não apenas danos ao patrimônio, mas também a honra de diretores das publicações, uma atitude intolerável", diz o texto.

Ainda segundo a nota, "a IstoÉ considera que esses atos antidemocráticos representam uma tentativa de ameaça à democracia, à liberdade de expressão e à imprensa livre, democrática e independente, garantidos pela Constituição".

A Editora Três afirma que já adotou as medidas necessárias para identificar os autores. De acordo com a empresa, a polícia já foi acionada e está realizando diligências.

"Tudo será feito para garantir a tranquilidade da equipe e dos colaboradores, reafirmando a defesa enfática do Estado democrático de Direito."

Há dois dias, a AGU (Advocacia-Geral da União) enviou uma notificação extrajudicial à IstoÉ com pedido de resposta após a publicação da reportagem. A AGU pede que a revista publique uma nota de autoria do governo, que lista ações do Executivo no combate à pandemia, e ainda sugere uma nova capa a ser publicada pela revista.

Na nova versão, a capa mostraria três imagens do presidente: abraçando dois jovens, acenando para o público e desfilando em carro aberto, acompanhado de crianças e vestindo a faixa presidencial. Na montagem, o texto passa a ser "Governo Bolsonaro defendeu a vida, o emprego, a liberdade e a dignidade".

No documento, a AGU informa que pode adotar medidas judiciais se não tiver resposta no prazo de sete dias.

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais) publicaram uma nota conjunta de repúdio contra os ataques sofridos pela Editora Três.

"Os atos criminosos com pichações e colagem de cartazes no prédio da Lapa, em São Paulo (SP), que não foram assumidos publicamente por nenhum autor, representam ações antidemocráticas, que não podem ser toleradas em um país em que a Constituição preza pelos direitos à liberdade de imprensa e de expressão", diz o texto.

As entidades "condenam os atos de desonra aos editores e diretores da publicação, que vieram a partir de manifestações extremistas".

Ainda segundo a nota, "é essencial que as autoridades tomem as medidas necessárias para identificar e denunciar os autores dos ataques, de forma que a integridade dos jornalistas da Editora Três possa ser mantida. Acreditamos que um país livre e civilizado se faz por meio do pensamento crítico, de uma imprensa respeitada, de instituições firmes e do respeito às leis".

Com UOL

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