Confira o que a pesquisa Datafolha revela sobre Lula e Bolsonaro

Levantamento mostra crescimento do ex-presidente e reprovação ao atual governo

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São Paulo

A pesquisa Datafolha realizada na semana passada confirmou a tendência de que a disputa pela Presidência deve ser polarizada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL).

Enquanto o petista avançou em alguns pontos do levantamento que ouviu 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, na quarta (25) e quinta-feira (26), Bolsonaro manteve sua base de eleitores e segue com rejeição alta.

A pesquisa foi contratada pela Folha e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Confira os dados da pesquisa Datafolha sobre Lula e Bolsonaro:

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro - Sergio Lima/AFP e Adriano Machado/Reuters

Lula abre 21 pontos de vantagem no primeiro turno

O ex-presidente abriu 21 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro e manteve a liderança na disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do principal adversário. Ciro Gomes (PDT) aparece em terceiro lugar, com 7%.

Ex-presidente cresce na pesquisa espontânea

Lula obteve seu melhor índice na pesquisa espontância desde que retomou os direitos políticos, em março de 2021, com a anulação de suas sentenças na Lava Jato.

Neste ponto do levantamento, que não apresenta os nomes dos candidatos, o ex-presidente chegou a 38% (em março tinha 30%). Bolsonaro tinha 23% em março e agora marca 22%. Outros 2% dos entrevistados citaram espontaneamente Ciro, e 1% mencionou Tebet.

Lula venceria em primeiro turno

A pesquisa mostra que Lula tem 54% dos votos válidos, que exclui brancos e nulos, ante 30% de Bolsonaro, o que garantiria a vitória em primeiro turno se o pleito fosse hoje.

Para vencer a eleição é necessário que o candidato some 50% dos votos válidos mais um. A votação será em 2 de outubro —o segundo turno está previsto para o dia 30 do mesmo mês.

Mulheres e jovens preferem Lula; mais ricos e empresários, Bolsonaro

Lula vê seu patamar de 48% das intenções de voto no primeiro turno subir ou oscilar para cima entre: mulheres (49%, ante 23% de Bolsonaro), eleitores com 16 a 24 anos (58% a 21%), pessoas com ensino fundamental (57% a 21%) e entrevistados com renda familiar de até dois salários (56% a 20%).

O petista também consolidou sua vantagem no Nordeste, onde crava 62%, ante 17% do atual mandatário. A diferença é grande também entre eleitores que se declaram pretos (57% a 23%), entre católicos (54% a 23%) e desempregados (57% a 16%).

Por outro lado, Bolsonaro supera o rival entre eleitores com renda familiar mensal superior a dez salários (42% a 31%) e entre empresários (56% a 23%).

Entre evangélicos, o presidente fica numericamente à frente, dentro da margem de erro (39% a 36%). Os dois empatam no estrato que recebe de cinco a dez salários, com 37%.

​Lula e Bolsonaro têm eleitorado mais fiel

A maioria dos eleitores que declaram voto em Lula e Bolsonaro afirma não cogitar outro candidato. Entre os eleitores do ex-presidente, são 78% e do atual mandatário 75%.

Além disso, a pesquisa Datafolha também mostra que eleitores de Lula se dividem entre 66% que o veem como ideal contra 33% que o citam por não ter escolha melhor. Entre eleitores de Bolsonaro, 59% o veem como ideal e 40% alegam não ter outra opção.

Bolsonaro acumula maior rejeição, seguido por Lula

O Datafolha mostra que 54% não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, o maior patamar entre os postulantes ao Planalto. O índice se mantém estável em relação à pesquisa anterior, de março, quando 55% dos eleitores rejeitavam o presidente.

Lula é o segundo pré-candidato mais rejeitado, com 33%. Em março, seu índice de rejeição era maior, de 37%.

Lula e Bolsonaro são os mais conhecidos entre os pré-candidatos

Entre os entrevistados pelo Datafolha, 99% afirmaram conhecer Lula —70% o conhecem muito bem, 17% o conhecem um pouco e 12% só ouviram falar. Já 1% respondeu que não conhece o petista.

Em relação a Bolsonaro, a taxa de conhecimento é de 98%, enquanto 2% afirmam que não o conhecem. Responderam que conhecem bem o presidente 58% dos entrevistados, outros 23% o conhecem um pouco e 17% só ouviram falar.

Evangélicos seguem divididos

O levantamento mostra que 39% dos evangélicos pretendem votar em Bolsonaro, e 36%, em Lula.

Excluídos os indecisos, nulos e brancos, são 44% de evangélicos com o atual mandatário, e 40% com o ex-presidente. No segundo turno, Bolsonaro teria 47% da predileção evangélica, enquanto Lula contaria com 45%.

Segundo o Datafolha, os evangélicos representam 27% do eleitorado brasileiro, enquanto o maior bloco continua sendo o católico, metade dos adultos do país. Essa parcela, porém, é mais engajada politicamente e com maior poder de mobilização de eleitores.

Lula é 2ª opção de 37% de eleitores de Ciro; Bolsonaro, de 10%

Entre os eleitores que declararam voto em Ciro Gomes (PDT), 37% afirmam que poderiam ter o ex-presidente Lula como segunda opção. Apenas 10% dos eleitores do pedetista poderiam migrar para Bolsonaro.

Ex-presidente lidera com folga entre os mais pobres

Lula tem melhor desempenho entre os que ganham até dois salários mínimos (66% desse grupo votaria nele e 25% em Bolsonaro), enquanto o atual ocupante do posto angaria mais eleitores que ganham mais de dez salários (50% desse grupo votaria nele e 40% em Lula).

A título de comparação, 52% do total do eleitorado ganha até dois salários mínimos, 32% ganha de dois a cinco salários mínimos, 8% ganha de cinco a dez salários mínimos e 3% recebe acima disso, segundo o Datafolha.

A margem de erro na segmentação por renda familiar mensal é de três pontos para quem ganha até 2 salários mínimos e de 2 a 5 salários; sete pontos, para quem ganha de 5 a 10 salários; e 11 pontos, para quem ganha acima de 10 salários.

Lula tem preferência entre beneficiários do Auxílio Brasil

O pagamento do Auxílio Brasil, nome atualizado do programa Bolsa Família, criado na gestão do PT, falhou até o momento como estratégia de Bolsonaro para colher dividendos eleitorais. Entre os que informaram receber o benefício, o presidente atinge 20%, e o petista, 59%.

Diferença entre Lula e Bolsonaro cresce no 2º turno

Lula marca 58% das intenções de voto no segundo turno, enquanto Bolsonaro chega a 33%. Na pesquisa anterior, de março, o petista tinha 55% das intenções de votos, contra 34% de Bolsonaro. A vantagem do ex-presidente, portanto, cresceu de 21 pontos percentuais para 25.

Bolsonaro tem distância entre brancos e pretos

Nol segundo turno, Lula tem melhor desempenho entre pardos e pretos (68% do último grupo votaria nele), enquanto Bolsonaro se sai melhor entre brancos (38% desse grupo votaria nele). Amarelos e indígenas não foram considerados porque as bases de dados são muito pequenas.

A margem de erro na segmentação por cor da pele é de três pontos percentuais entre brancos e pardos; e cinco pontos percentuais entre pretos.

Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro entre católicos

No segundo turno, Lula tem melhor desempenho entre católicos (65% contra 27% que preferem Bolsonaro). O atual ocupante do posto angaria mais eleitores entre evangélicos (47%, contra 45% do ex).

Na segmentação por religião a margem de erro é de três pontos percentuais entre os católicos e quatro pontos percentuais entre os evangélicos.

Ex-presidente sobe no Sul, e Bolsonaro cola no Norte e Centro-Oeste

No segundo turno, Lula lidera com margem nas regiões Nordeste (71%, ante 21% de Bolsonaro), Sul (57%, ante 35%) e Sudeste (54%, ante 35%).

Nas regiões Centro-Oeste/norte —regiões normalmente somadas, para evitar uma margem de erro muito grande– os candidatos estão tecnicamente empatados, com tendência de queda de Lula e de alta de Bolsonaro. Em março, o ex-presidente tinha 51% das intenções de voto e agora chega a 47%, enquanto o atual mandatário tinha 39% e agora 46%.

Na segmentação por região a margem de erro do estudo muda para: Sul (5 pontos), Nordeste (4 pontos), Norte e Centro-Oeste (7 pontos) e Sudeste (3 pontos).

Governo Bolsonaro é reprovado por 48%

A avaliação negativa do governo Bolsonaro atingiu 48%, oscilando dentro da margem de erro na comparação com a anterior, de março, quando o índice dos que consideram a gestão ruim ou péssima foi de 46%.

Também se mantiveram estáveis as taxas dos que consideram o governo regular (27%, ante 28% em março) e dos que o avaliam como ótimo ou bom (25% em ambos os levantamentos). A fatia de 1% que não opinou foi idêntica.

A pior taxa de avaliação positiva do governo Bolsonaro foi registrada em dezembro de 2021, quando bateu os 53%. Já a melhor se deu em dezembro de 2020, quando ficou em 37%.

Com os resultados, Bolsonaro continua no posto de presidente com a pior avaliação em igual tempo de mandato entre todos os presidentes eleitos após a redemocratização.

56% dizem nunca confiar em nada do que diz Bolsonaro

A parcela dos que dizem nunca acreditam em Bolsonaro chega a 56%, ante 53% em março, cenário considerado estável. Ainda conforme o instituto, 26% respondem confiar às vezes e 17% sempre confiam; 1% não opinou. No levantamento anterior, o índice de crença parcial era de 29%. Os outros dois permaneceram iguais.

Os dados desta semana mostram que o descrédito do presidente é maior entre as mulheres (59% delas nunca confiam, ante 53% dos homens), pessoas com renda de até dois salários mínimos (60%), moradores do Nordeste (66%), católicos (61%), autodeclarados pretos (63%) e quem reprova o governo (91%).

Entre eleitores de Bolsonaro, é superior a fatia dos que acreditam sempre nele. Estão nesse grupo: empresários (38%), pessoas com renda familiar superior a dez salários (33%), evangélicos (25%) e quem considera a gestão federal boa ou ótima (60%).

Na distribuição por faixa etária, está entre os jovens de 16 a 24 anos o maior índice dos que nunca confiam (58%). Já pessoas com 60 anos ou mais são as que exibem a maior crença absoluta (23%), embora nessa faixa a parcela dos que nunca confiam, de 54%, seja próxima da média geral.

56% dizem que é preciso levar a sério as ameaças golpistas de Bolsonaro

Para 56% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha, as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) com ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e as ameaças sobre as eleições devem ser levadas a sério.

Uma parcela de 36%, entretanto, acha que as afirmações do mandatário não terão consequências, e 8% não sabem opinar.

60% dizem que ataques de Bolsonaro atrapalham as eleições

Seis em cada dez brasileiros acreditam que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) questionando a segurança do sistema eleitoral atrapalham as eleições. Para 37% as falas não atrapalham o pleito, outros 39% afirmam que elas atrapalham muito, e 21% dizem atrapalhar um pouco. Há 3% que não sabem.

55% dizem ver chance de Bolsonaro tentar invalidar eleição

Para 55% da população é preciso se preocupar com a possibilidade de Bolsonaro tentar invalidar as eleições. Há ainda uma fatia de 40% que diz não ser necessário temer a hipótese de invalidação antes ou depois da votação. Um grupo de 5% não sabe responder à questão.

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