Descrição de chapéu Eleições 2022

Doria fará pronunciamento em meio à pressão para desistir de candidatura

PSDB pretende anunciar apoio à pré-candidatura de Simone Tebet (MDB) nesta terça-feira (24)

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São Paulo

O pré-candidato à Presidência da República do PSDB, João Doria, fará um pronunciamento nesta segunda-feira (23), às 12h, em meio à pressão do partido para que desista da sua campanha. O PSDB deve deliberar apoio à senadora Simone Tebet (MDB) em reunião da executiva nesta terça-feira (24).

MDB, PSDB e Cidadania têm um acordo para lançar uma candidatura única da chamada terceira via —e, na semana passada, uma pesquisa encomendada pelos partidos indicou, na visão deles, que a emedebista era mais viável do que o tucano.

João Doria (PSDB) ao renunciar ao Governo de São Paulo, em 31 de março de 2022, para disputar a Presidência da República - Bruno Santos/Folhapress

Como mostrou a Folha, apesar de Doria ter vencido as prévias do PSDB em novembro passado, a cúpula do partido vinha seguindo um roteiro para derrubar sua pré-candidatura com base no acordo firmado com MDB e Cidadania.

Até aliados de Doria passaram a admitir que sua pré-candidatura havia ficado insustentável depois que mesmo a bancada paulista do PSDB passou a operar contra Doria.

Tucanos afirmam que isso inclui o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que em entrevistas recentes defendeu o acordo com o MDB e uma candidatura competitiva da terceira via.

A pré-campanha de Rodrigo vem tentando se descolar de Doria. Já auxiliares do governador negam que ele faça parte de uma conspiração contra o antecessor.

Na última terça-feira (17), a maior parte da executiva do PSDB, em reunião, avaliou que Doria prejudicaria os demais candidatos do partido, o que ampliou a expectativa de que o ex-governador paulista desistisse —algo que seus aliados sempre negaram.

O tucano marcou 4% na última pesquisa Ipespe contra 2% de Tebet –o levantamento foi financiado pela XP. A enorme distância de Lula (PT, 44%) e Jair Bolsonaro (PL, 32%) evidencia o drama da terceira via e coloca em perspectiva o enredo da crise tucana.

Doria já havia ameaçado desistir de concorrer ao Planalto —em 31 de março, chegou a dizer a aliados que não renunciaria ao Governo de São Paulo, o que prejudicaria os planos eleitorais de Rodrigo.

Na época entrou em curso uma operação para salvar o vice. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, divulgou uma carta reafirmando a escolha do PSDB por Doria. O ex-governador voltou atrás acreditando em uma vitória política —disse que o recuo fora estratégia. Com Rodrigo empossado, o papel não valia mais nada.

Enquanto parte do PSDB defende o apoio a Tebet, outra ala ainda prega uma candidatura própria —desde que não seja a de Doria. A aposta é a de que o MDB acabará rifando Tebet, o que abriria espaço para a candidatura tucana.

Doria e seus aliados, minoritários no partido, vinham rebatendo os argumentos pró-Tebet com base nas pesquisas que o mostram à frente numericamente da senadora.

Além disso, ressaltam que o ex-governador tem um legado a mostrar, que inclui a vacina contra a Covid-19, e venceu prévias que custaram R$ 12 milhões de verba pública.

Para o entorno do ex-governador, o PSDB deveria deixar a escolha entre Doria e Tebet para mais adiante, antes das convenções previstas para julho e agosto —o que lhe daria mais tempo para crescer nas intenções de votos.

Vencedor de duas eleições seguidas, em 2016 e 2018, e vitorioso em três prévias tucanas, Doria acumula alta rejeição entre eleitores e, por isso, é visto como tóxico pela cúpula do PSDB. Outros nomes tucanos que disputarão governos estaduais e vagas no Congresso têm pregado contra sua candidatura.

Além disso, como gosta de lembrar, Doria sempre enfrentou resistência no PSDB. Em 2016, sua candidatura à Prefeitura de São Paulo foi apoiada inicialmente apenas por Geraldo Alckmin (PSB), que hoje é um desafeto do tucano e se considera traído pelo afilhado.

A chegada na política como antipolítico, a empreitada para expulsar Aécio, a tentativa de presidir o PSDB e a associação com Jair Bolsonaro (PL) são episódios que deram a Doria a má fama no partido.

O estilo trator também vigorou nas prévias, com acusações de compra de votos e de filiações intempestivas, além da vantagem da máquina tucana paulista. Isso explica, para parte dos tucanos, porque Doria ganhou, mas não levou.

De lá pra cá, os tropeços se seguiram –rompimento com Araújo, o quase recuo na renúncia, um jantar em que a terceira via deu o cano e finalmente a ameaça de judicialização.

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