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Aliado de Bolsonaro, Datena se diz desconfortável com ataques do presidente à imprensa

Pré-candidato ao Senado, jornalista elogia imprensa brasileira e diz que gostaria que mandatário mudasse sua posição

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São Paulo

O jornalista José Luiz Datena (PSC), pré-candidato ao Senado por São Paulo, disse que se sente desconfortável com ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) à imprensa.

Ele também afirmou que gostaria de concorrer contra Sergio Moro (União Brasil) ao cargo por considerá-lo falho.

O mundo político paulista se encontra em compasso de espera sobre se Datena voltará a desistir da disputa como fez nos últimos três pleitos.

"O jogo político está mudando muito. Por enquanto eu estou [pré-candidato]. Continuo com o Tarcísio e sou o senador dele aqui em São Paulo", disse à Folha o apresentador do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

Datena integra a chapa apoiada pelo presidente Bolsonaro, que tem Tarcísio de Freitas (Republicanos) na cabeça para concorrer ao Governo de São Paulo.

Brasil Urgete, com Datena
José Luiz Datena durante seu programa na TV Bandeirantes - Reprodução

Questionado pela reportagem se ele se sentia confortável de estar na chapa do candidato de Bolsonaro, apesar dos constantes ataques à imprensa feitos pelo presidente, Datena revelou incômodo.

"Não me sinto confortável. Porque acho que a imprensa brasileira é a melhor imprensa do mundo, que ajudou na história do país os momentos mais difíceis do país", disse.

"Eu tenho orgulho de fazer parte da imprensa brasileira e claro que não me sinto confortável em ver a imprensa sendo atacada toda hora. Gostaria que o presidente mudasse a sua posição", afirmou, lembrando sua história como jornalista. "Mas ele tem a forma de ele ser, eu tenho a minha."

​O apresentador ainda comentou a saída de Sergio Moro da disputa ao Senado por São Paulo após o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) decidir na terça (7) rejeitar a mudança de domicílio eleitoral do ex-juiz.

​"O Moro seria um ótimo candidato que eu gostaria de disputar numa eleição com ele. Porque eu considero o Moro falho em vários sentidos. Acho que ele foi um prejuízo à Lava Jato. Ao invés de ajudar, ele atrapalhou", disse.

"Quando foi julgado suspeito no julgamento do Lula, o Moro ajudou a abrir as portas do inferno, porque soltaram todos os outros políticos que estavam presos sob julgamento de que eram corruptos", afirmou.

Datena ainda disse que Moro "parece ter usado o julgamento do Lula para ser ministro do Bolsonaro".

O jornalista também tem como concorrente Janaína Paschoal (PRTB), que nesta semana criticou Datena e o acusou de fazer propaganda antecipada em seu programa.

Datena tem usado seu programa na TV Bandeirantes, o Brasil Urgente, para abordar a situação de sua pré-candidatura ao Senado por São Paulo.

O apresentador filiado ao PSC lidera as pesquisas para a vaga e uma nova desistência por parte dele teria impacto em todo cenário político paulista.

Datena usou o programa no sábado (4) para dizer que permanece na disputa e disse que "se o povo quiser que eu seja eleito, que vote em mim, se não, que votem em outro".

Especialistas ouvidos pela Folha têm interpretações diferentes, mas parte deles ressalta o risco de que as citações eleitorais do apresentador abram brecha para apurações de atividades cujas punições vão de multas a cassação do registro.

"Continuo respeitando a Janaína, mas eu espero que ela ganhe a eleição no voto. Ela tem condições de fazer isso, é uma boa candidata, não precisa ficar se utilizando desse tipo de colocação", disse.

Como Datena é visto como competitivo, a sua permanência no páreo também atrasa a decisão de Márcio França (PSB), segundo nas pesquisas ao governo do estado.

O pessebista, no caso da saída do jornalista da disputa, também poderia desistir da corrida ao governo e tentar uma vaga ao Senado, selando a aliança do PSB com o PT em torno de Fernando Haddad.

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