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União Brasil e PP ameaçam deixar Rodrigo Garcia, e Bivar flerta com Haddad

Após PSDB chancelar apoio ao MDB, partidos ameaçam romper com candidatura ao Governo de São Paulo

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São Paulo

Após a cúpula do PSDB decidir pelo apoio do partido à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência, membros da União Brasil e do PP indicaram que podem abandonar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

O presidente da União Brasil, Luciano Bivar, anunciou a decisão de deixar a aliança pela reeleição do tucano e admitiu apoiar Fernando Haddad (PT) ao governo paulista. Até o momento, no entanto, nenhuma conversa foi realizada entre Bivar e o petista.

Pré-candidato da União Brasil à Presidência, Bivar atribuiu o desembarque ao desalinhamento da candidatura de Rodrigo Garcia ao seu projeto de implantação de um imposto único no Brasil.

O pré-candidato à Presidência Luciano Bivar (União Brasil)
O pré-candidato à Presidência Luciano Bivar (União Brasil) - Adriano Machado/Reuters

Ele afirma que o apoio do partido a uma candidatura segue duas condicionantes. A primeira é o respeito às instituições e ao sistema democrático. A segunda é o imposto único.

Questionado se o programa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atende a essa premissa, Bivar afirmou que, ao propor a simplificação tributária, o projeto de Lula caminha "no fim do túnel" para o imposto único.

"Nosso problema não é ideológico. É comida para o povo brasileiro. É a diminuição das desigualdades", afirmou Bivar, acrescentando não estar preocupado com a avenida Paulista.

Nesta quinta-feira (9), TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) entendeu por unanimidade que o União Brasil promoveu Rodrigo em propagandas do partido, e concedeu uma liminar parcial para que os trechos em benefício do tucano sejam retirados das peças a serem veiculadas pela legenda.

O tribunal atendeu a um pedido do PT que alegou propaganda em favor do tucano em quatro programas. Na decisão, o relator do caso, o juiz Márcio Kayatt, entendeu que a sigla promoveu Rodrigo em três das quatro peças publicitárias que foram ao ar.

A União Brasil é a fusão dos antigos DEM e PSL —partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República em 2018.

A legenda detém o maior fundo eleitoral e tempo de televisão entre os partidos. Somando os fundos eleitoral e partidário, dispõe de quase R$ 1 bilhão no país.

Ao falar sobre a hipótese de apoio ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Governo de São Paulo, Bivar afirma que ainda não conversaram. Mas está disposto a dialogar com aqueles que atendam a esses dois critérios.

Ele admite a possibilidade de rever sua saída da aliança com Rodrigo Garcia, desde que comprometido com a implantação do novo modelo de imposto. "Nada é irreversível nesse mundo de Deus. Até Cristo ressuscitou em três dias."

A falta de compromisso com o projeto, diz Bivar, é evidenciada na aliança do PSDB com o MDB, de Tebet. Na avaliação de Bivar, a proposta de governo dela é analógica. Ainda de acordo com ele, "o imposto único é inegociável".

Vice-presidente da União Brasil, o deputado federal Junior Bozzella (SP) afirma que Bivar "defende quem sustenta a democracia". "É mais fácil você convergir com quem respira democracia e defende as liberdades do que eventualmente outros polos que não têm a mesma intenção", diz.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi às redes sociais nesta quinta-feira (9) afirmar que o PP está "firme e unido" com a União Brasil "em fazer cumprir acordos políticos firmados com o PSDB em diversos estados".

E ameaçou romper em São Paulo caso o PSDB não cumpra acordos com a legenda em estados como Alagoas.

"Em acontecendo, o Progressistas e o União Brasil se sentirão alijados na reciprocidade acordada, e deixarão a aliança em São Paulo", continuou o presidente da Câmara.

Como mostrou a coluna Painel, da Folha, em meio à ameaça de desembarque do PP, Rodrigo Garcia nomeou para a Secretaria de Transportes Metropolitanos um indicado do PP, o engenheiro Marco Antonio Assalve, diretor-presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

A escolha do nome partiu do deputado federal Guilherme Mussi, que é presidente do partido em São Paulo.

Nesta quinta-feira, a executiva do PSDB aprovou uma aliança com o MDB para apoiar o nome de Tebet, mas tucanos já preveem traições e disputas em estados.

Com a decisão da executiva, o PSDB terá a vaga de vice na chapa da pré-candidata. O nome mais provável para disputar ao lado da parlamentar é o do senador Tasso Jereissati (CE).

Dentro da União Brasil, há setores que suspeitam que Bivar atua em consonância com os interesses do presidente Bolsonaro. Um exemplo disso seria a rapidez com que ele enterrou a candidatura do ex-ministro Sergio Moro, desafeto de Bolsonaro, à Presidência.

Dessa forma, o movimento de abandonar Rodrigo Garcia, que assumiu o cargo após a renúncia de João Doria (PSDB), poderia indicar um apoio ao nome de Tarcísio na disputa.

Além disso, a bancada da União Brasil em São Paulo é mais alinhada a pautas bolsonaristas. E, portanto, estaria mais confortável com a candidatura do ex-ministro de Bolsonaro.

Procurados, Haddad, Garcia e Tarcísio afirmaram, via assessoria de imprensa, que não irão comentar.

Pesquisa Datafolha de abril para o Governo de São Paulo mostrava, em um dos cenários, Haddad liderando com 29%, seguido por Márcio França (PSB), com 20%, Tarcísio, com 10%, e o governador Rodrigo Garcia, com 6%.

Colaborou UOL

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