Descrição de chapéu Eleições 2022

Beto Albuquerque, do PSB, compara Bolsonaro a Hitler e vê Leite muito igual a Doria

Pré-candidato do PSB foi o quarto entrevistado da série de sabatinas Folha/UOL no Rio Grande do Sul

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Porto Alegre

Questionado sobre a possibilidade de golpe de estado em caso de reeleição de Jair Bolsonaro (PL), Beto Albuquerque (PSB) relembrou o regime nazista. Ao falar sobre alianças, ofereceu apoio ao PT em 2026 caso o partido aceite indicar seu vice nas eleições deste ano, não concorrendo à reeleição.

As declarações foram feitas nesta quarta-feira (15) durante a sabatina Folha/UOL com pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul.

O pré-candidato do PSB analisou a hipótese de Bolsonaro tentar um golpe. Embora acredite que não haja condições institucionais ou socioeconômicas da manobra se tornar realidade caso o presidente perca as eleições, a probabilidade cresce, na visão de Beto, caso Bolsonaro se reeleja.

"Hitler só promoveu o holocausto depois da reeleição. Ou seja, a reeleição de um cara com esse tipo de irresponsabilidade... Que apesar de estarmos pagando quase R$ 7 a gasolina, óleo diesel caríssimo, comida, tudo muito caro, [Bolsonaro] tem adeptos. Alguns adeptos cegos a toda a tragédia que está acontecendo no país."

Pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul pelo PSB, Beto Albuquerque é sabatinado nesta quarta-feira (15)
Pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul pelo PSB, Beto Albuquerque é sabatinado nesta quarta-feira (15) - Reprodução/UOL

Porém, Beto reforça que não vê condições de Bolsonaro se reeleger em razão da economia. "Até o regime militar caiu por causa da economia. Não foi apenas porque nós lutamos pela democracia."

Beto está no centro do impasse em torno das candidaturas de esquerda no Rio Grande do Sul. Descontente com o avanço da campanha do pré-candidato do PT, Edegar Pretto, ele não compareceu aos eventos realizados com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio Grande do Sul, no início do mês.

Chegou a declarar que apoiaria Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República, mas foi advertido pela presidência do seu partido, que ameaçou um corte do fundo partidário. Nesta quarta-feira (15), o PSB se reúne novamente com PT, PV e PC do B para tentar mais uma vez um acordo por uma candidatura única do bloco, mas Beto insiste ser o melhor nome para encabeçá-la.

"Achamos [no PSB] que temos o melhor perfil para ajudar a chapa Lula e Alckmin no Rio Grande do Sul. Não adianta ver o partido, é preciso ver a trajetória política de cada um desses candidatos. Quem tem condições de ir para o segundo turno."

Questionado se almeja um palanque duplo no RS, com Lula e Ciro Gomes, Beto cita o caso de Camilo Santana (PT), que se elegeu governador do Ceará com o apoio de PT e PDT e sustentou a aliança no governo do estado. O pré-candidato acredita que teria mais condições de costurar alianças do que o PT gaúcho e, assim, "ganhar do candidato do bolsonarismo no RS".

"O PT, muitas vezes, se acha o dono da cocada e quer ser sempre ele o cabeça de chapa nos estados. É um partido grande, eu respeito, mas não adianta só ser um partido grande atualmente. É preciso uma candidatura que vá, acrescente e vença Bolsonaro no Rio Grande do Sul."

Para chegar a um ponto de equilíbrio, Beto deseja convencer Manuela D’Ávila (PC do B) a concorrer ao Senado e oferece o cargo de vice a Pretto em troca da apoiá-lo na eleição seguinte, em que a chapa teria os nomes invertidos: Pretto governador, Beto vice.

Prometendo não concorrer à reeleição, faz críticas a Eduardo Leite (PSDB), que retornou à disputa nesta semana.

"Diferentemente do Eduardo Leite, eu tenho palavra. Não vou concorrer à reeleição. Ele deixou claro que o Rio Grande do Sul é segundo plano para ele. Vai querer voltar para renunciar de novo. Essa decisão deixou Eduardo Leite muito igual a [João] Doria", compara.

O pré-candidato do PSB também é crítico ao regime de recuperação fiscal, cuja adesão o atual governo estadual aprovou na Assembleia Legislativa.

Conforme Beto, o acordo foi firmado "na pior hora" em razão da taxa de juros alta e seria uma "confissão" antes de o Supremo Tribunal Federal julgar uma ação da OAB-RS (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul) que questiona o acréscimo de juros em uma dívida entre entes federados. Há cinco anos o RS não paga as parcelas da dívida amparado por uma liminar.

"O que eu defendo é que não se fizesse o acordo nesse momento, porque ele também é político. Esperássemos as eleições para ver quem será o presidente e o governador."

Beto cita ainda o equilíbrio das contas do RS: "O RS que estava, assim como 14 estados, protegido por uma liminar que lhe facilitou a vida. O governo atual só ajustou suas contas porque está há três anos e meio sem pagar R$ 3 bilhões por ano", declara.

O pré-candidato se mostrou "aberto ao debate" sobre descriminalização da maconha e sobre ampliar as possibilidades de aborto além das já previstas na lei (chance de morrer devido à gravidez, gravidez por estupro ou gestação do feto sem o cérebro). "Quem negar que o aborto é uma tragédia da saúde pública entre as mulheres está querendo enganar a si próprio. Debater esse tema é urgente e necessário", diz Beto.

Sobre câmeras nos uniformes de policiais, Beto diz que "não há problema" em testar a ferramenta, mas não adere imediatamente à medida por entender que a Brigada Militar do RS não tem os mesmos índices de violência do que as polícias militares de outros estados.

"Eu só não quero usar indicadores de São Paulo para justificar o uso de câmeras no RS", diz.

Beto é advogado, natural de Passo Fundo (RS). Aos 59 anos, foi eleito deputado federal por quatro mandatos consecutivos.

Está sem cargo eletivo desde 2014, quando desistiu da candidatura a senador pelo Rio Grande do Sul para ser candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (hoje da Rede, então no PSB) após a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo.

Em 2018, tentou novamente uma das duas vagas ao Senado, mas ficou em terceiro lugar. Neste ano, ele reluta em tentar novamente uma candidatura ao cargo na chapa com o PT.

Beto foi o quarto pré-candidato ao Governo do RS entrevistado da série de sabatinas promovida pela Folha e pelo UOL. Antes dele, Edegar Pretto (PT), Vieira da Cunha (PDT) e Luis Carlos Heinze (PP) foram entrevistados.

Na quarta-feira (15), as sabatinas seguem com a participações do deputado estadual Gabriel Souza (MDB), às 16h. Na segunda-feira (20), fecham a série o ex-ministro e deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), às 10h, e o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), às 16h.

A sabatina foi conduzida pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e pelos jornalistas Tales Faria, do UOL, e Alexa Salomão, da Folha.

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