Descrição de chapéu Eleições 2022

Márcio França admite desistir e aderir a Haddad em disputa ao Governo de SP

Pré-candidato do PSB cogita possibilidade se Kassab apoiar Tarcísio e busca definição até 5ª, mas partido cobra apoio do PT em estados

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São Paulo

O pré-candidato do PSB ao Governo de São Paulo, Márcio França, admitiu, em reunião na última segunda-feira (27) com a cúpula do seu partido, que pode desistir da candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.

França deve concorrer ao Senado na chapa de Fernando Haddad (PT), com o apoio do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

Questionado pela Folha, França confirmou que o entendimento nacional entre PT e PSB para eleger Lula é a prioridade. "Combinamos com Lula e outros partidos que as decisões sobre as eleições estaduais não devem prejudicar a vitória do campo democrático, que entendemos representar", disse.

"Propus, desde sempre, que quem de nós tiver melhores condições eleitorais de defender a mudança para São Paulo e para o Brasil deve ter apoio dos demais", declarou França, que está em segundo lugar no último levantamento do Datafolha, atrás de Haddad.

O ex-governador Marcio França (PSB)
O ex-governador Marcio França (PSB) - Bruno Santos/Folhapress

De acordo com pessebistas, França afirmou aos colegas que deve tomar uma decisão a partir de quinta-feira (30). Ele aguarda uma definição de apoio do PSD, de Gilberto Kassab, até essa data.

Kassab avalia dar o apoio do PSD a França ou a Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado. A segunda hipótese, no entanto, é a mais provável, algo que França também admitiu na reunião.

No encontro, os dirigentes do PSB definiram que qualquer acerto com o PT será negociado em bloco, com vários estados ao mesmo tempo. Ou seja, a questão de São Paulo não será tratada separadamente.

Isso abre espaço para que a candidatura de França seja retirada em nome do apoio do PT ao PSB em outro estado da federação —o que funcionaria como justificativa ou saída honrosa para o ex-governador.

"Vamos negociar em bloco as pendências recíprocas. Não podemos mais adiar", afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

"Ontem [segunda], na reunião em Brasília, recebi dos nossos governadores e de nossos dirigentes o pedido para que toda decisão seja feita em bloco. Respeitarei o combinado", disse França à reportagem, confirmando que sua candidatura está submetida ao acerto entre os dois partidos.

O ex-governador afirmou que pretende ser candidato ao Governo de São Paulo, mas que ouve dirigentes do seu partido e aliados. A saída de França já era aguardada para os próximos dias entre petistas.

Segundo relatos de membros do PSB, França afirmou na reunião que, sem a adesão de Kassab, seria difícil levar sua candidatura adiante.

Sua única esperança é que o PSD desista do apoio a Tarcísio após a reação negativa da base bolsonarista à divulgação da aproximação entre Kassab e o ex-ministro da Infraestrutura.

A próxima rodada de conversas entre PT e PSB está marcada para quinta-feira, ocasião em que, havendo a resposta de Kassab, a retirada da candidatura de França já poderia entrar na mesa de negociação para cacifar o apoio petista em estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou Espírito Santo.

À Folha França afirmou, contudo, que sua candidatura não depende do apoio de outros partidos.

"Pretendo ser candidato a governador de São Paulo. Me sinto preparado para o exercício dessa função. Ouço, claro, os dirigentes do meu partido e também os amigos de outros partidos."

"Mas não dependo de outros apoios partidários. O PSB tem chapas próprias de deputado estadual e federal e garantias legais em debates e cobertura de TV", disse.

"O presidente Carlos Siqueira e a presidente [do PT] Gleisi Hoffmann estão com a delegação de encontrar soluções conjuntas das demandas no PSB nos estados", continua o ex-governador.

"Todos os estados têm sua importância, mas São Paulo, por seu tamanho e população, não estará subordinado a nenhuma decisão estadual", completa.

O ex-governador disse ainda que, conforme combinou com Lula e Alckmin, estará "pronto para ganhar as eleições e ajudar a construir a vitória nacional".

De acordo com dirigentes do PSB, a promessa de Lula e do PT é a de que França terá apoio ostensivo caso dispute o Senado. Ele terá que enfrentar o favoritismo do apresentador José Luiz Datena (PSC), que apoia Tarcísio.

Além disso, em troca da retirada de França, o PT abriria mão de disputar o governo do Espírito Santo e embarcaria na campanha de Marcelo Freixo (PSB), no Rio, onde petistas esboçam resistência. A dedicação de Lula em favor do PSB em Pernambuco também seria cobrada.

Conforme se aproxima o período das convenções eleitorais, entre 20 de julho e 5 de agosto, cresceu a pressão do PT para que França apoiasse Haddad, que lidera a corrida eleitoral —o ex-governador está sem segundo, de acordo com o último levantamento do Datafolha.

Os petistas esperavam que França anunciasse sua desistência após uma conversa com Lula, na sexta-feira (24), o que não aconteceu. O ex-governador saiu do encontro afirmando que mantinha sua candidatura.

A reunião do PSB, na segunda, teve a participação de Siqueira e dos governadores de Pernambuco, Paulo Câmara, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, além de outros líderes e dirigentes do partido.

A discussão de pendências entre o PT e o PSB nos estados envolve o apoio dos petistas onde os pessebistas buscam a reeleição, como no Espírito Santo, e onde o partido lançou candidatos próprios, como no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

No Espírito Santo, o PT lançou o senador Fabiano Contarato em vez de endossar Casagrande. No Rio Grande do Sul, os petistas querem eleger Edegar Pretto, enquanto o PSB lançou Beto Albuquerque.

Outro estado que está no centro da discórdia é o Rio de Janeiro, onde o PT já declarou apoio a Freixo. Os partidos, porém, disputam a vaga ao Senado na chapa, com André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB).


Fundo eleitoral dos partidos

Os dez maiores valores de 2022 calculados pelo TSE

  • União Brasil - R$ 776, 5 milhões
  • PT - R$ 499,6 milhões
  • MDB - R$ 360, 3 milhões
  • PSD - R$ 347, 2 milhões
  • PP - R$ 342, 4 milhões
  • PSDB - R$ 317,2 milhões
  • PL - R$ 286, 7 milhões
  • PSB - R$ 267 milhões
  • PDT - R$ 251,5 milhões
  • Republicanos - R$ 240,6 milhões

​​O que é?
O fundo é uma verba pública que os partidos recebem em ano eleitoral para financiar campanhas. Em 2018, equivalia a cerca de R$ 1,7 bilhão. Em 2020, foi de R$ 2 bilhões. Em 2022, deve ser de R$ 4,9 bilhões

Ele é a única fonte de verba pública para as campanhas?
Não. Os partidos também podem usar recursos do fundo partidário (verba pública para subsidiar o funcionamento das legendas, distribuída mensalmente). Em 2021 os partidos receberam, ao todo, R$ 939,1 milhões

Quais são as outras formas de financiamento possíveis?
Os candidatos podem recolher doações de pessoas físicas e podem financiar as próprias campanhas. O autofinanciamento é limitado a 10% do teto de gastos, que varia de acordo com o cargo disputado. As doações empresariais são proibidas desde 2015.

Como o fundo eleitoral é distribuído?
A distribuição do fundo público para campanha considera a votação de cada partido na última eleição para a Câmara e o número de deputados e senadores eleitos. Também entra na conta o número de senadores em meio de mandato filiados ao partido na data do pleito.

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