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Lula reúne conselho político da pré-campanha em meio a violência eleitoral

Reunião ocorre dois dias após assassinato de político petista por bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR)

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São Paulo

O conselho político da pré-campanha do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto se reúne na manhã desta segunda-feira (11) em São Paulo em meio a onda de violência política no país.

Lula tem sido cobrado por aliados a reforçar sua segurança às vésperas do início oficial da campanha, marcado para meados de agosto —o primeiro turno será em 2 de outubro.

Participam da reunião desta segunda-feira representantes de PT, PC do B, PSB, PSOL, PV, Rede e Solidariedade. A reunião já estava agendada, mas agora terá a segurança da pré-campanha como tema principal.

O ex-presidente Lula (PT)
O ex-presidente Lula (PT) - Marlene Bergamo/Folhapress

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, vai propor ao ex-presidente Lula que a coordenação da pré-campanha denuncie formalmente a autoridades a violência política nesse período pré-eleitoral.

A ideia é sugerir que o conselho político, composto por presidentes de partidos aliados, encaminhem pedido de ajuda a órgãos como CNJ (Conselho Nacional de Justiça), OAB (Ordem de Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o próprio STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo ele, é uma tentativa de coibir ameaças à integridade física de Lula e militantes, além de garantir o transcurso das eleições.

Representante da Rede dentro do conselho político, o senador Randolfe Rodrigues afirmou, nas redes sociais, que vai propor representação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) "para responsabilizar Jair Bolsonaro por discursos de ódio e incitação à violência".

"As instituições, candidatos e partidos comprometidos com a democracia têm a obrigação de reagir ao avançar da barbárie bolsonarista", escreveu.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou ao chegar no local da reunião que é preciso cobrar do Tribunal Superior Eleitoral a realização de uma campanha de conscientização contra a violência política no processo eleitoral.

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o TSE precisa "criminalizar o apito do cachorro". "A cada fala, a cada gesto da campanha nesse sentido [de incitação de ódio] deve ser aplicada uma multa, tanto ao candidato quanto ao partido", disse.

Participam da reunião representantes dos partidos da coligação em torno do nome de Lula, além do próprio ex-presidente e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será vice do petista na chapa presidencial.

Além dos presidentes dos partidos, participam nomes como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-prefeito Edinho Silva, os deputados Rui Falcão, Paulo Teixeira e Marcio Macedo, os ex-governadores Márcio França e Wellington Dias, o líder sem-teto Guilherme Boulos, e João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.

Episódios ligados a ameaças, ataques e tensão relacionados à pré-campanha eleitoral têm se acumulado no Brasil.

Neste final de semana, um policial penal federal bolsonarista invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o guarda municipal e militante petista Marcelo Aloizio de Arruda, na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu (PR).

Durante a ação, o petista reagiu e efetuou disparos contra seu agressor, identificado como Jorge José da Rocha Guaranho, que permanece internado.

Antes da reunião desta segunda (11) começar, os participantes fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Marcelo Arruda.

Segundo relatos, Lula falou ao telefone no domingo (10) com Pâmela Suellen Silva, viúva de Marcelo. O contato foi intermediado por Gleisi, que esteve no velório.

Presidente do Solidariedade, Paulinho da Força afirmou à imprensa que é preciso realizar uma campanha junto à sociedade civil para coibir episódios de violência.

"É fácil você combater a violência com os candidatos, você aumenta segurança, toma cuidado de fazer eventos mais fechados. Agora combater violência no meio do povo, de malucos, que sai atirando por aí afora não é fácil", disse.

Segundo o presidente do PV, José Luiz Penna, a saída para a realização de atos públicos com segurança seria, conforme foi sugerido no encontro, aumentar a participação de militantes e apoiadores nos eventos, dificultando a infiltração de opositores.

Paulinho disse ainda que é preciso manter o foco e tratar, na campanha, dos "problemas do Brasil", como a fome, a carestia, o desemprego e a inflação.

Outra sugestão que foi levantada na reunião foi a elaboração de um documento a favor de "eleições pacificadas" que pudesse contar com apoio de outros partidos e pré-candidatos à Presidência.

Como a Folha mostrou, o Partido dos Trabalhadores irá pedir à Procuradoria-Geral da República (​PGR) a federalização das investigações do assassinato de Marcelo.

Representantes dos partidos da coligação em torno do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutem a possibilidade na reunião do conselho nesta segunda (11). Os advogados estão se dedicando à redação do pedido e avaliando como proceder.

Dois dias antes, o país viu um ataque a um juiz federal e a um ato com o ex-presidente Lula (PT). Dias atrás, militantes de esquerda impediram uma palestra de políticos de direita.

Na quarta (6), o ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse que o Brasil pode ter nas eleições deste ano um episódio ainda mais grave do que a invasão do Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.

"Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do 6 de janeiro daqui do Capitólio. Nós entendemos que há seis condições fundamentais para evitar que isso aconteça no Brasil", disse Fachin, durante uma conversa no Wilson Center, em Washington.

Fachin, no entanto, não detalhou como o caso brasileiro poderia ser pior.

​​Reportagem da Folha neste sábado mostrou que a Polícia Federal decidiu antecipar e reforçar o aparato de segurança do ex-presidente Lula, principal adversário do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro.

Episódios como o da última quinta-feira (7), quando uma bomba caseira foi lançada antes da chegada do petista a ato de pré-campanha no Rio de Janeiro, consolidaram a avaliação de que os candidatos estão sujeitos a risco mais elevado nestas eleições do que em anteriores.

Quanto a Lula, a ideia da PF é iniciar a proteção de forma gradativa a partir do dia 21, quando o PT realiza a convenção para oficializar seu nome como candidato. No final de mês, o petista passaria a contar com a estrutura completa.

A decisão representa uma antecipação ao que foi feito em pleitos passados, quando o policiamento em tempo integral ocorria com o início oficial da campanha partidária —neste ano, 16 de agosto.

Policiais federais ouvidos pela Folha apontam os evidentes sinais de campanha já em curso, como as motociatas de Bolsonaro, como justificativa para a antecipação.

No caso dos outros candidatos, a ideia também é, por questão de isonomia, antecipar o aparato de segurança para o momento da oficialização dos nomes nas convenções partidárias, que vão de 20 de julho a 5 de agosto. Assim que a homologação é feita na convenção, o candidato precisa enviar a solicitação e a PF começa em seguida a fazer a segurança.

No mínimo 27 policiais estarão envolvidos com a proteção a Lula, número que pode aumentar a depender da análise de risco que será feita pelos agentes federais a cada agenda.

Integrantes da cúpula da campanha petista encarregados de cuidar da segurança têm pressionado a PF a entrar em campo o quanto antes. Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente, tem feito contatos com o comando da corporação sobre o assunto.

Frente ao cenário de polarização e tensão política, bem como o histórico de violência em 2018, a PF reforçou a operação de garantia da segurança dos postulantes ao Palácio do Planalto.

Aquele pleito foi marcado pela facada em Jair Bolsonaro e ameaças à campanha do petista Fernando Haddad (PT).

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