Servidores da Abin defendem urnas, e presidente de associação deixa cargo

Em manifesto, profissionais da agência de inteligência dizem que não há registros de fraudes no sistema eleitoral

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Brasília

A Intelis (União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin) afirmou nesta quarta-feira (20) que confia na segurança do sistema eletrônica de votação.

A nota é uma reação aos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na segunda-feira (18), quando tentou desacreditar as urnas eletrônicas em audiência com dezenas de embaixadores.

O presidente da Intelis, Daniel Macedo, foi contrário à manifestação dos trabalhadores da Abin. Após a publicação do texto, Macedo pediu desligamento do cargo por "motivos pessoais".

Sala onde ocorre teste público de segurança das urnas eletrônicas - Pedro Ladeira-15.mai.22/Folhapress

"Eu fiquei desconfortável com a exposição neste momento. A minha postura é mais discreta, menos combativas, e esse debate [sobre as urnas eletrônicas] ficou muito acalorado. Eu preferi um caminho de diálogo, de maneira mais pacífica e suave", disse Daniel Macedo à Folha.

No manifesto, os servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) destacam que têm prestado apoio técnico ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para a implantação de sistemas e dispositivos criptográficos, para garantir a inviolabilidade do sistema de votação.

"A criptografia de Estado e os sistemas de assinatura digital desenvolvidos e aperfeiçoados por nossos servidores fazem parte do ecossistema complexo de barreiras que tem resistido com sucesso às diversas tentativas de ataques executadas durante teste públicos de segurança da plataforma, como reconhece publicamente o Tribunal Superior Eleitoral."

"A Intelis manifesta sua confiança na lisura do processo eleitoral brasileiro. Destaca que não há qualquer registro de fraude nas urnas eletrônicas desde a implantação do atual sistema, 26 anos atrás", diz a nota.

Com a manifestação, os servidores da Abin se juntam a uma série de órgãos e entidades que reagiram em repúdio às declarações de Bolsonaro aos embaixadores.

O presidente do TSE, Edson Fachin, disse que quem ataca as eleições "semeia a antidemocracia" e pediu um "basta à desinformação e basta ao populismo autoritário".

Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), também repudiou as declarações de Bolsonaro, sem citá-lo.

"Em nome do STF, o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas", diz nota do STF.

Embaixadores estrangeiros ouvidos pela Folha após o evento com Bolsonaro definiram a apresentação de segunda-feira como uma "tática trumpista" para desviar o foco ou mesmo para preparar o terreno para o questionamento das eleições.

A tática trumpista é uma referência ao ex-presidente dos EUA Donald Trump, admirado por Bolsonaro. Derrotado por Joe Biden, Trump insuflou teorias conspiratórias de que o pleito foi fraudado e foi peça central no episódio que resultou na invasão do Congresso americano, no início do ano passado.

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