Campanha de Bolsonaro diz que discurso religioso surtiu efeito, mas rejeição preocupa no Datafolha

Aliados de Lula dizem que auxílio ainda não surtiu efeito e apostam em migração de votos de Ciro

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Brasília

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia que o forte discurso religioso adotado nos últimos dias surtiu efeito para o avanço do mandatário sobre o eleitorado evangélico, medido na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (18).

Estrategistas de Bolsonaro dizem que a percepção de que o discurso da fé tem sido eficiente deve reforçar o componente religioso da campanha, com o presidente se colocando como o candidato que defende a família tradicional e valores conservadores.

Bolsonaro lidera no segmento evangélico com 49% das intenções de voto, contra 32% de Lula. No geral, o presidente conseguiu reduzir a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de 18 para 15 pontos.

LULA X BOLSONARO
Lula e Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters

Na luta pelo voto evangélico, o primeiro dia da campanha, na terça (16), foi marcado por narrativas religiosas tanto de Bolsonaro como de Lula. O petista chamou seu adversário de possuído pelo demônio.

Bolsonaro, por sua vez, tem trazido para a disputa um caráter de guerra santa. Ele próprio chama a eleição de "luta do bem contra o mal".

Outro dado comemorado por aliados de Bolsonaro é o avanço de sete pontos no eleitorado que ganha de dois a cinco salários mínimos. O presidente agora aparece empatando tecnicamente com Lula, a quem bate por 41% a 38%.

A avaliação é que a queda no desemprego impactou positivamente sobre esse grupo. Nesta semana, o IBGE anunciou que a taxa caiu para 9,3% no segundo trimestre deste ano. Trata-se do menor patamar para o período desde 2015.

Entre as mulheres, Bolsonaro oscilou positivamente dois pontos percentuais. Segundo aliados, a estratégia para melhorar o desempenho no voto feminino é seguir insistindo na presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Em geral, o entorno do presidente considera que Datafolha afasta a chance de o adversário petista ganhar em primeiro turno.

A principal preocupação atual, dizem assessores, é diminuir a rejeição de Bolsonaro, hoje no alto patamar de 51%.

Aliados de Lula, por sua vez, também destacam resultados do levantamento Datafolha. Eles disseram que os números mostram que os novos valores pagos pelo Auxílio Brasil ainda não surtiram efeito sobre o eleitorado mais pobre, que segue apoiando majoritariamente o petista.

Entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, Bolsonaro manteve os 23% que havia conquistado na rodada anterior, no final de julho. Lula oscilou positivamente um ponto, para 55%.

O ex-presidente também avançou sobre os votos dos mais ricos (renda superior a 10 salários mínimos), passando de 33% para 40%, empatando com Bolsonaro, que oscilou de 44% para 43%. Esse eleitorado responde por apenas 3% da amostra, e a margem de erro específica é mais alta, de seis pontos.

A melhora neste segmento foi atribuída por aliados de Bolsonaro aos movimentos em defesa da democracia, nos manifestos em universidades federais na semana anterior. Sociedade civil e empresariado se mobilizaram em reação às declarações golpistas do chefe do Executivo.

A campanha de Lula também afirma que o petista ainda pode ganhar votos hoje declarados para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ou para a senadora Simone Tebet (MDB).

De acordo com aliados de Lula, a possibilidade de haver um segundo turno pode levar eleitores de Ciro Gomes e Simone a anteciparem o voto útil e apoiarem o petista.

"O auxílio não teve efeito esperado por parte dele [Bolsonaro]. Até o início do horário de TV, acho que está consolidado o percentual de votos. Nosso grande desafio é vencer no primeiro turno e, acho que com essa pesquisa, o eleitor do voto útil começa a desembarcar das candidaturas de Ciro e de Simone", diz Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT.

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) avalia que há espaço para que Lula cresça também em outros segmentos da sociedade.

"A aposta é com início da campanha, comícios, entradas das candidaturas de governadores e parlamentares, avançarmos no eleitorado mais pobre, jovens, mulheres e evangélico indeciso, para conquistar o voto que hoje está com outras candidaturas", diz.

Já Simone e seus aliados minimizam o resultado do Datafolha, em que ela aparece com 2% das intenções de voto. O argumento deles é que o levantamento ainda não reflete uma campanha eleitoral que acabou de começar. "A campanha começou agora, tem praticamente 48 horas, não tem como ter tido alguma alteração", afirmou a senadora, antes de participar do podcast Flow.

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