Descrição de chapéu Eleições 2022

Leia a íntegra do debate presidencial

Debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste domingo (28)

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Caê Vasconcelos
São Paulo | UOL

O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste domingo (28), com transmissão do UOL, em parceria com Band, Folha e TV Cultura.

Participaram os seis concorrentes mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos: Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe d'Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Durante o debate, o presidente Jair Bolsonaro foi agressivo —em uma das respostas em que ficou irritado, atacou a jornalista Vera Magalhães e a candidata Simone Tebet. Elas foram defendidas por outras mulheres.

Debate dos candidatos à presidência da República organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura. O evento conta com a presença dos candidatos Felipe D'Avila (Novo), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronicke (União Brasil) e Ciro Gomes (PDT) - Marlene Bergamo - 28.ago.2022/Folhapress

O ex-presidente Lula ficou na defensiva e Tebet foi o grande destaque —ela teve o melhor desempenho, segundo pesquisa qualitativa do Datafolha.

Leia aqui a íntegra do debate no UOL.

Primeiro bloco

[Adriana Araújo]: Olá, boa noite a todos!

[Eduardo Oinegue]: Boa noite. A partir de agora, você acompanha um encontro histórico nos estúdios da Band em São Paulo, em uma parceria do Grupo Bandeirantes com a TV Cultura, o jornal Folha de S.Paulo e UOL. Começa, nesse instante, o primeiro debate de 2022 entre candidatos à Presidência da República.

[Adriana Araújo]: Faltando 35 dias para o primeiro turno, o eleitor tem a oportunidade inédita de ver lado a lado, ouvir e comparar os concorrentes ao Palácio do Planalto. O debate também é transmitido ao vivo pelas rádios Bandeirantes, Band News FM, pelo Band News TV, além da Band Internacional e também as plataformas digitais.

[Eduardo Oinegue]: Em nome de todos integrantes do pool, nós agradecemos a presença, aqui no estúdio, dos candidatos: Felipe D'Ávila, do NOVO; Luiz Inácio Lula da Silva, do PT; Simone Tebet, do MDB; Jair Bolsonaro, do PL; Soraya Thronicke, do União Brasil; e Ciro Gomes, do PDT.

[Adriana Araújo]: Eu lembro que, em caso de ofensa pessoal ou moral, o candidato pode pedir direito de resposta assim que terminar o tempo de quem estiver com a palavra, basta fazer um sinal para os mediadores.

[Eduardo Oinegue]: Que uma comissão presente na Band formada por um advogado e dois jornalistas vai avaliar a solicitação no mesmo bloco. Caso concedido, o tempo será de 45 segundos.

[Adriana Araújo]: Como acertado previamente com as campanhas, não temos público aqui neste estúdio, mas, para receber convidados e jornalistas, a Band montou uma sala digital com dados exclusivos, em parceria com o Google e YouTube.

[Eduardo Oinegue]: E você pode acessar as mesmas informações apontando o celular para esse código que aparece na tela. Será possível acompanhar em tempo real gráficos com a repercussão e temas mais buscados. O debate é transmitido também no Band Play, band.com.br e canal Band Jornalismo do YouTube.

[Adriana Araújo]: Vamos acompanhar agora, então, como será a dinâmica desse debate com as regras que foram aprovadas em reunião com todos os partidos.

[Repórter]: No primeiro bloco, cada candidato, por ordem de sorteio, tem um minuto e meio para responder a uma pergunta sobre planos de governo. Serão três perguntas diferentes, cada uma direcionada a dois dos candidatos. Na sequência, também em ordem definida por sorteio, a primeira rodada de confronto direto. Todos perguntam e todos respondem. O candidato escolhe quem vai responder e tem um minuto para a pergunta e um minuto para a réplica. O tempo de resposta e de tréplica será de quatro minutos no total, a ser administrado pelo próprio candidato. No segundo bloco, jornalistas das empresas integrantes do pool fazem perguntas para os candidatos, escolhendo quem vai responder e quem vai comentar. O tempo é de quatro minutos para a resposta e a réplica, a ser administrado pelo candidato. O comentário tem um minuto. Todos respondem e todos comentam. O terceiro bloco será mediado pelos jornalistas Leão Serva, da TV Cultura, e Fabíola Cidral, do UOL, e começa com mais uma rodada de confronto direto entre os candidatos, seguindo as mesmas regras do primeiro bloco. Na sequência, os candidatos respondem perguntas programáticas. Serão três perguntas diferentes, cada uma direcionada a dois dos candidatos. Depois disso, os candidatos terão dois minutos cada para suas considerações finais.

[Adriana Araújo]: Vamos, então, à primeira pergunta, que será dirigida aos candidatos Felipe D'Ávila e Soraya Thronicke, nessa ordem.

[Eduardo Oinegue]: E quem vai fazer a primeira pergunta é a jornalista especializada em economia Juliana Rosa, do Grupo Bandeirantes. Boa noite, Juliana.

[Juliana Rosa]: Boa noite, boa noite, candidatos, boa noite a todos. Prazer estar aqui com vocês nessa noite tão importante. Pesquisas mostram que as maiores preocupações da população são inflação e emprego. Diante das dificuldades, tem-se falado muito da necessidade de estender os auxílios aos mais vulneráveis e algumas categorias, manter zerados os impostos sobre combustíveis e também aumentar salários de servidores. Mas tantos gastos não cabem nas regras fiscais. E a gente sabe que sem responsabilidade com as contas públicas, a nossa moeda perde o valor e isso gera mais inflação e baixo crescimento. Gostaria de saber como equilibrar as enormes demandas sociais e, ao mesmo tempo, garantir a responsabilidade com as contas do país. Muito obrigada.

[Felipe D'Avila]: Boa noite, Juliana, em nome da TV Bandeirantes, quero agradecer esse debate muito importante. Boa noite aos candidatos e candidatas. E boa noite a você que nos assiste. Realmente, esse é o maior problema. A economia brasileira está estagnada há mais de 20 anos. O Brasil não cresce, não aumenta a geração de emprego e renda. E nós temos de conciliar, sim, com o gasto público. Mas, pra fazer isso, é preciso cortar desperdício da máquina pública. Tem muito dinheiro sendo desperdiçado. Mas eu gostaria de me apresentar. Eu sou o Felipe, um cidadão como você, que vive do trabalho, de empreender, é dono do negócio, não vive da política, não vive de governo. E nós estamos cansados desse estado caro e ineficiente que atrapalha a vida de todo mundo que trabalha, que rala todo dia de manhã pra conseguir o seu dinheiro. Nós somos o país entre os 15 mais que cobra imposto. Pra quê? Pra dar um serviço público de péssima qualidade. Tá na hora de ter gestão pública. E, pra isso, é preciso deixar de votar no menos pior. Precisamos votar em alguém que entenda de gestão pública, assim como é o caso do governador Zema em Minas Gerais, como é o caso do prefeito Adriano Silva em Joinville. Gente que entende de gestão, sabe como cortar gasto público, equilibrar as contas públicas, atrair investimento e fazer a economia crescer. É assim que nós vamos mudar o Brasil. Muito prazer, eu sou Felipe D'Avila, candidato do Partido Novo.

[Adriana Araújo]: Obrigada, candidato. Agora a candidata Soraya Thronicke responde à mesma pergunta. Por favor, candidata, boa noite.

[Soraya Thronicke]: Boa noite a todos. Boa noite, Juliana, obrigada pela pergunta. Mas antes eu gostaria de me apresentar. Quero primeiro cumprimentar os candidatos que vieram, o comparecimento de todos é de extrema importância, é uma obrigação dos candidatos e é um direito do eleitor conhecer todas as propostas. Não comparecer é um ato de covardia. Eu sou Soraya Thronicke, sou senadora pelo Mato Grosso do Sul, e como o outro candidato acabou de dizer, eu não sou do mundo político, eu não dependo do mundo político. Estou política porque eu tenho uma proposta. Como você, que está aí sentado no sofá, eu também estive. Estive nesses últimos 20 anos assistindo a debates como esses. E aí a minha esperança se renovava a cada quatro anos e depois só vinha decepção. Eu acho realmente que é muito chato ficar escutando aqui juridiquês e economês. Eu não vim pra brigar com ninguém, não vim pra duelar, eu vim pra falar com você na língua que todos os brasileiros entendem. Nós temos uma solução pro nosso país: é o imposto único federal. Nós trocaremos 11 impostos federais por um imposto só. E no decorrer da minha campanha, no decorrer desse debate, você vai conhecer mais sobre essa proposta inovadora, e, na verdade, revolucionária.

[Eduardo Oinegue]: Agora minha pergunta será respondida pelos candidatos Simone Tebet e Jair Bolsonaro. Poder Executivo, Legislativo, Judiciário. Na Constituição, eles deveriam funcionar de forma harmoniosa, independente. Na vida real, na prática, conflitos e intromissão um no outro. Se a senhora for eleita, se o senhor for reeleito, o que pretende fazer pra reduzir esse clima de tensão que não contribui com a ordem e o progresso do Brasil?

[Simone Tebet]: Boa noite a todos. Permitam-me, antes de mais nada, agradecer à imprensa em nome da Band pelo debate que só fortalece a democracia. Cumprimentar os candidatos e a candidata e a todos que estão nos acompanhando. É muito simples: a harmonia dos poderes depende excessivamente de um presidente da república que saiba cumprir a Constituição e o seu papel. Nós, hoje, temos uma radicalização, uma desarmonia em função de termos um presidente que ameaça à democracia e aos valores democráticos a todo momento. Não respeita a imprensa livre, não respeita a independência do Supremo Tribunal Federal, do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. A resposta é: precisamos trocar o presidente da república. Sem paz, nós não vamos unir o Brasil. Sem união, o Brasil não vai voltar a crescer, gerar emprego, renda pra população brasileira. A nossa candidatura, a candidatura do centro democrático, do MDB, do PSDB, do Cidadania e do Podemos é uma candidata que vai reposicionar o Brasil porque é a única capaz de garantir credibilidade, previsibilidade e segurança jurídica. Como professora e como advogada, respeito a Constituição e os demais poderes. Está na hora dos poderes terem as suas funções. É a política que está judicializando o Poder Judiciário, e consequentemente o Poder Judiciário acaba excedendo o seu poder. Nós vamos fazer a diferença e vamos pacificar o Brasil.

[Eduardo Oinegue]: Candidato Jair Bolsonaro.

[Jair Bolsonaro]: Assumi a Presidência, escolhi meus ministros pelos critérios técnicos, sem ingerência política. Isso causou um desconforto por parte de alguns políticos e por parte de alguns partidos, como o MDB, por exemplo. Então, eu abalei a harmonia onde todos eram amiguinhos e, obviamente, davam uma banana para o povo brasileiro. Hoje vocês conhecem quem são os meus ministros e sabem a capacidade de cada um. Possíveis problemas com o Supremo Tribunal Federal, é uma voz corrente, a ingerência, o ativismo judicial que hoje se faz presente no Brasil. Um ministro agora há pouco interferiu mandando investigar, fazendo buscas e apreensões, entre outras barbaridades em um grupo de empresários. Ou seja, esse não é o trabalho do Poder Judiciário. Reagi no tocante a isso. Como, por exemplo, também, dei anistia a um deputado federal que havia, injustamente, sido condenado a nove anos de cadeia por falar, não interessa o que ele falou, ele tem imunidade por qualquer palavra, opinião e voto. Eu não tenho problemas com poder nenhum. Alguns poderes, ou melhor, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal que querem, a qualquer preço, interferir no Poder Executivo. Nós não podemos admitir isso daí. A harmonia tem que existir e a independência e o respeito, acima de tudo. E o respeito não falta da minha parte. De outra parte, que alguns se manifestam contrário à minha pessoa.

[Adriana Araújo]: Obrigada, candidato. Agora, eu faço a próxima pergunta para os candidatos Lula e Ciro Gomes, nessa ordem. A educação no Brasil, o retrato da educação já era considerado há muitos anos ruim com o Brasil na lanterninha dos testes internacionais de avaliação da qualidade do ensino. Só que com a pandemia essa situação se agravou muito. Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas indica que o retrocesso no aprendizado de matemática foi de 15 anos. Em português, nossas crianças retrocederam uma década, e o abandono escolar também foi muito mais forte com a pandemia, ampliou muito, sobretudo entre as crianças de cinco a nove anos de idade. A minha pergunta é: Se eleitos, os senhores têm um plano para que o Ministério da Educação aja imediatamente para resgatar essa geração Covid de crianças que podem estar condenadas no futuro a baixos salários, a subemprego, comprometendo inclusive o crescimento do Brasil? E qual é o plano? Começamos com o candidato Lula.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Olha, primeiro eu quero parabenizar a Bandeirantes por manter a sua tradição de fazer os debates políticos na época de campanha. Segundo, dizer para vocês que, lamentavelmente, a gente não tem informação do MEC para saber quantas crianças estão hoje, sabe, com o grau de educação muito abaixo daquilo que deveria estar. Porque hoje nós temos dois tipos de estudantes. Nós temos aquele que teve acesso a tablet, computador e continuou estudando durante a pandemia, e nós temos aqueles mais pobres que não conseguiram acompanhar e ficaram sem ir para a aula. Além disso, nós temos no ensino médio uma quantidade de evasão escolar muito grande. E nós precisamos, então, trazer essas pessoas. O que eu estou comprometido a fazer? A primeira coisa que eu pretendo fazer, se ganhar as eleições, é logo no começo de janeiro convocar uma reunião com todos os governadores de Estado, convocar uma reunião com os prefeitos das capitais, no primeiro momento, para que a gente possa fazer um pacto, de fazer uma verdadeira guerra contra o atraso educacional que a pandemia deixou, e contra o atraso educacional de outras situações pelo corte de dinheiro que houve na educação. Eu sou daqueles que quando peguei a educação, eu quintupliquei o orçamento da educação, porque eu acreditava que era necessário melhorar a educação. Lamentavelmente, a educação foi abandonada nesse país.

[Adriana Araújo]: Obrigada, candidato. Agora, a mesma pergunta para o candidato Ciro Gomes. Boa noite.

[Ciro Gomes]: Boa noite a todos e a todas os brasileiros. Eu quero agradecer à Bandeirantes que lidera esse pool, por essa oportunidade de debater. Quero cumprimentar, dar um boa noite a todos os meus ilustres oponentes aqui, às senadoras e aos senhores candidatos. E a todos os brasileiros, eu devo dizer basicamente que essa pergunta parece ser uma escolha que Deus me deu. Por quê? Porque o Ceará tem hoje a melhor educação pública do Brasil, e eu, modestamente, ajudei a produzir isso. Nós temos em todos os indicadores de avaliação, 79 das 100 melhores escolas públicas do Brasil, e já estamos encaminhando uma equação para esse prejuízo grave que a pandemia causou entre a comunidade escolar. Porém, vamos ter clareza. Eu vou fazer durante esse debate um esforço imenso para que a gente entenda que os problemas brasileiros de hoje não são problemas que nasceram agora. O descuido com a educação brasileira parece ser um projeto de governo. Portanto, nós precisamos transformar a educação pública brasileira numa das dez melhores do mundo em 15 anos. E para isso, eu preciso dizer como. Mudar o padrão pedagógico, trocar o decoreba por um ensino emancipador, que os tempos digitais pedem, e reforçar estruturalmente o financiamento. Se nós não mudarmos o modelo de financiamento da educação brasileira, assim como da saúde, assim como de todas as grandes questões, será falsa toda e qualquer promessa ou desconhecimento da realidade em que estamos atolados no Brasil. Eu quero pedir a todos que acompanhem nas minhas redes os detalhes dessa proposta.

[Eduardo Oinegue]: Vamos começar agora a primeira rodada de confronto direto entre os candidatos: todos perguntam e todos respondem.

[Adriana Araújo]: Lembrando que perguntas e réplicas têm um minuto cada. Respostas e tréplicas, somadas, têm quatro minutos, que serão administradas pelo próprio candidato. Pelo sorteio prévio, quem começa essa rodada indicando quem vai responder é o candidato Jair Bolsonaro. Por favor, para quem vai à sua pergunta?

[Jair Bolsonaro]: Ex-Presidente Lula.

[Adriana Araújo]: Um minuto, por favor.

[Jair Bolsonaro]: Corrupção: a Petrobras, ao longo de 14 anos de PT, se endividou em aproximadamente R$ 900 bilhões. Fruto de desmandos, refinarias começadas e não concluídas, entre tantas outras coisas. Esses R$ 900 bilhões dariam para fazer 60 vezes a transposição do Rio São Francisco. Ou seja, o povo nordestino sofreu por falta d'água por causa da corrupção do seu governo. Mais ainda, esse montante é equivalente a 120 vezes o orçamento do Ministério da Infraestrutura. Eu estou falando isso para que se tenha noção do tamanho da corrupção, somente na Petrobras; e delatores devolveram R$ 6 bilhões. Ou seja, corrupção houve. Presidente Lula, o senhor quer voltar ao poder para quê? Para continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu acho que, de vez em quando, a gente tem que acreditar de que nada acontece por acaso. Era preciso ser ele para me perguntar, e eu sabia que essa pergunta viria. Eu acho que isso é importante porque as pessoas precisam saber de que inverdades não valem a pena na televisão. Citar números que são mentirosos, também não compensa na televisão. Aqui é importante a gente citar o seguinte: não teve nenhum Presidente da República que fez mais investigação para que a gente apurasse a corrupção do que nós fizemos. E é importante deixar claro que nós fizemos o Portal da Transparência, a fiscalização da CGU, a lei de acesso à informação, a lei anticorrupção, a lei contra crime organizado, a lei contra lavagem de dinheiro, colocamos AGU no combate à corrupção, fizemos o Coaf funcionar e movimentações bancárias atípicas. Ou seja, colocamos? Então, tudo que foi eu que nós fizemos no nosso governo.

[Adriana Araújo]: Por favor, um minuto.

[Jair Bolsonaro]: Segundo o Palocci, tudo no seu governo foi aparelhado. Tudo. Exceto o Banco Central. Então, se todo mundo fazia malfeitos, roubava, desviava, só o ex-Presidente não sabia. E o Palocci conclui, na sua delação premiada, que foi reservado uma conta no exterior de R$ 300 milhões, que o senhor recebia pacotes, dele mesmo, R$ 50 mil, a título de propina. O seu governo foi marcado pela cleptocracia, ou seja, um governo feito à base de roubo; e essa roubalheira era para conseguir apoio dentro do Parlamento, não era apenas para o ex-Presidente Lula. Era para ele também conseguir apoio dentro do Parlamento. Assim sendo, nada justifica essa resposta mentirosa que você deu nessa questão. Sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Bom, é indescritível o que nós acabamos de ouvir. O Presidente precisaria estar informado de que foi exatamente no nosso governo que a Petrobras ganhou o tamanho que ganhou, com a capitalização de R$ 70 bilhões para a Petrobras crescer. O Presidente precisava saber que o meu governo é marcado pela maior política de inclusão social, pela maior geração de emprego, pelo maior aumento de salário-mínimo, pelo maior investimento na agricultura familiar, pelo maior investimento na criação da Lei Geral da Pequena Empresa, pela criação do Simples, ou seja, o nosso governo, além disso, foi o governo que mais fez investimentos na educação. São 18 universidades federais novas, 178 camps e 422 escolas técnicas, que fizeram uma revolução nesse país. O meu governo deveria ser conhecido exatamente por isso, porque quando eu cheguei à Presidência, acho que tinha 3,5 milhões de estudantes universitários; quando saí da Presidência, a gente tinha 8,5 milhões de pessoas na universidade. É exatamente isso que é a marca do meu governo: 51 milhões de hectares de terra disponibilizados para efeito de assentamento de pessoas nesse país. O menor desmatamento da Amazônia foi feito no meu governo, dos acordos que nós fizemos. Foi o meu governo que fez o acordo com a Alemanha e com a Noruega para que a gente tentasse contribuir com a preservação da Amazônia e com a exploração da riqueza da biodiversidade, para garantir possibilidade de desenvolvimento para quase 30 milhões de pessoas que moram na Amazônia. Foi o meu governo que deu cidadania ao Brasil nas suas relações internacionais. Nunca antes na história do Brasil, o Brasil foi tão respeitado no mundo. Respeitado pelos Estados Unidos, respeitado pelo Chile, pela China, pela Rússia, pela Índia, respeitado pela União Europeia; e foi exatamente no meu governo que nós fizemos com que o país que não tinha um fluxo comercial sequer de US$ 100 bilhões ultrapassasse US$ 500 bilhões de comércio no exterior. Esse país, que era um país que, quando deixei a Presidência, estava crescendo a 7,5%. Esse país, que teve 20 milhões de empregos com carteira assinada, é o país que o atual Presidente está destruindo. Está destruindo porque ele adora. Adora com bravata, adora falar números que não existem, adora entender que o povo que está aí, ouvindo a gente, acredita no que ele fala. Portanto, o país que eu deixei é um país que o povo tem saudade. É o país do emprego. É o país em que o povo tinha o direito de viver dignamente, de cabeça erguida neste país. E esse país vai voltar.

[Eduardo Oinegue]: O próximo a perguntar é o candidato Ciro Gomes.

[Ciro Gomes]: Vou perguntar ao Presidente Jair Bolsonaro. Presidente Bolsonaro, o senhor, infelizmente, para mim, costuma falar muitos absurdos. Eu não sei se por maldade ou para desviar a atenção dos gravíssimos problemas do governo, seja de inflação, seja de corrupção, seja de problemas familiares, mas, assim, entre tantas aberrações que eu já ouvi e que me levaram a certa indignação, eu, anteontem, fiquei chocado. O senhor disse, pura e simplesmente, que o Brasil não tem gente com fome e que as pessoas não procuram pedir comida, porque o Brasil não tem, propriamente, fome; as pessoas até não comem bem, eu ouvi o senhor falando, mas que não tem fome no Brasil. O senhor não... Qualquer pessoa que conhece o Brasil como eu conheço, que anda nas ruas, vendo as pessoas com placa pedindo comida, qualquer pessoa que não tenha trocado o coração por uma pedra sabe que a fome está no lar de muitos milhões de brasileiros, que a subnutrição ofende crianças na mais jovem das idades; as mães estão nos ouvindo aqui, e elas sabem o que é uma criança dizer "mãe, estou com fome". O senhor não teme que isso seja interpretado como conivência com isso?

[Jair Bolsonaro]: Cada um interpreta as informações como acha melhor. Ciro, inflação: você tem que falar do "fica em casa e a economia a gente vê depois". Agora, mesmo assim, a inflação do Brasil é uma das menores do mundo, menor até que do próprio Estados Unidos. Nós estamos colaborando na geração de empregos. Muitos diziam que apenas a partir do ano que vem voltaríamos aos números de pré-pandemia; voltamos agora. Pode ter certeza que o mês que vem devemos ter essa taxa chegando a 8%. O nosso PIB está crescendo. Nós fizemos milagre durante a pandemia. Lamentamos as mortes, mas investimos para que empregos não fossem destruídos, como os programas PRONAMPE e BEM. Atendemos os mais necessitados. Temos aqui dados do próprio Ipea, levando-se em conta o começo do meu governo, 2019, até agora: no mundo, o número de famílias na extrema pobreza cresceu, e no Brasil diminuiu... passou de 5.1 milhões para 4 milhões. Ou seja, nós atendemos aos mais necessitados. Foi o meu governo que negociou, o ano passado, passar em média R$ 190, o valor do Bolsa Família, para, no mínimo, R$ 400. Foi o meu governo, contra o voto do PT na Câmara. Foi o meu governo que, junto ao Parlamento, fez diminuir o ICMS dos combustíveis, contra o voto dos senadores do PT no Senado. E o meu governo, no corrente ano, entre outras coisas, deu mais R$ 200 para o Auxílio Brasil até o final do ano, e já está garantido com a equipe econômica que esse valor será definitivo a partir do ano que vem. Ou seja, o meu governo atendeu aos mais necessitados, e esses mais pobres que estão passando necessidade... alguns passam fome, sim, não nesse número exagerado. Querer fazer demagogia com números aqui fica complicado. Aí isso é inadmissível. E diz o próprio... próprios dados do Ipea que, por exemplo, quem ganha até US$ 1,90 por dia está na linha de pobreza. US$ 1,90 são R$ 10. E o Auxílio Brasil paga R$ 20. Quem, porventura, está abaixo do nível da pobreza... deve ter gente, sim, passando necessidade, sim... é só se cadastrar que vai passar a ganhar, então, o Auxílio Brasil de R$ 600. Ou seja, é um governo que tem olhar todo especial para os mais pobres. Demos R$ 600, três vezes maior do que o PT dava lá atrás com o Bolsa Família, e lá atrás era em média R$ 190 em valores corrigidos, onde tinha família ganhando R$ 80 por mês. Nós passamos no mínimo R$ 600, e aquela mãe que tem filho e está sem marido, ela pode passar para R$ 1.200. Lá atrás, quando se conseguia um emprego, perdia o Bolsa Família; no meu governo, não perde o Auxílio Brasil. Ou seja, um governo que atende aos mais necessitados, que procura incluí-los. Não esqueçamos que 38 milhões de pessoas perderam tudo durante a pandemia por quê? Foram obrigados a ficar em casa. E pagamos auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas no Brasil. Um governo que pensa nos mais pobres, pensa naquele que passa fome e procura melhorar a vida deles mesmo tendo contra ele, dentro da Câmara e do Senado, partidos como PT, PCdoB, PSOL, entre outros. Então, Ciro, com todo respeito, nós fazemos a nossa parte, temos, sim, colaborado para que essa chaga seja afastada. Agora, dá uma olhadinha como é que seu PDT votou na Câmara essas propostas de reduzir o imposto dos combustíveis e aumentar o Auxílio Brasil.

[Ciro Gomes]: Eu considero uma verdadeira aberração termos à testa da administração nacional brasileira um presidente que desconhece. A Rede PENSSAN é uma das instituições mais respeitadas do mundo. São números recentes. 33 milhões e 100 mil brasileiros estão passando fome. 125 milhões de brasileiros. Você tá nos ouvindo aí. Não comeram as três refeições. Só uma de cada quatro crianças no Brasil fazem três refeições. Por isso eu quero encerrar essa disputa de quem é que é mais Papai Noel em véspera de eleição, Bolsa Família, mais 200, que mostre os limites politiqueiros de uma política de renda. Nós temos que transformar isso numa política de renda como uma perna da previdência social. O programa de renda mínima Eduardo Suplicy vai garantir R$ 1.000 por domicílio, peço que você acompanhe os detalhes nas minhas redes, todas as fontes de financiamento, de onde é que vem o dinheiro, e com isso eu acabo definitivamente com a fome e também com a manipulação política e demagógica da fome e da miséria do povo por esse tipo de interesse.

[Eduardo Oinegue]: Candidato Bolsonaro, o senhor tem 13 segundos pra sua tréplica.[Jair Bolsonaro]: 2019, cinco milhões e cem mil famílias abaixo da linha da pobreza. Mesmo com pandemia, 2022, quatro milhões de famílias. Estamos melhorando sem demagogia e com responsabilidade fiscal.

[Adriana Araújo]: Obrigada. O próximo candidato que faz pergunta agora é Felipe D'Avila. Pra quem o senhor vai dirigir a sua pergunta?

[Felipe D'Avila]: Pro candidato Ciro Gomes. Ciro, eu venho fazendo um trabalho no centro de liderança pública há mais de 14 anos melhorando a qualidade da gestão pública nos estados e municípios. E uma das coisas que nós precisamos melhorar é a educação, como você sabe muito bem. A gente começou a falar aqui de educação. Mas se não houver uma melhoria real na educação, não haverá aumento de produtividade. E sem produtividade, o Brasil não consegue crescer e gerar emprego nessa era do conhecimento. Eu queria perguntar pra você: neste Brasil em que nós gastamos 5,8% do PIB com educação há tantos anos, as crianças continuam não aprendendo, os professores continuam não ensinando, e eu pergunto pra você, que tem um exemplo de sucesso em Sobral, como você tem mesmo no fundamental I, o que é que nós precisamos fazer pra acabar com esse descalabro da educação? Agora, recentemente mesmo, mais de quatro ministros da educação roubam no FNDE como sempre. O que nós temos de fazer pra ter uma educação de qualidade? Porque não é gastar dinheiro, é transformar a educação de qualidade pro brasileiro.

[Ciro Gomes]: Professor Felipe D'Avila, eu lhe saúdo e agradeço essa pergunta. São duas graves questões que nós precisamos considerar em relação à educação. A primeira é que tipo de educação nós oferecemos. De fato, com o mesmo dinheiro que nós aplicamos, já poderíamos ter, como o Ceará mostra, um padrão de educação muitas vezes melhor para o filho do trabalhador e pra filha do trabalhador. Por quê? Porque o padrão de escola que se oferece hoje na rede pública, salvo muito maravilhosas exceções, é o ensino do século XIX, é o ensino do século XX, é o decoreba, é o ensino sem graça, é o enciclopedismo raso em que o menino é obrigado a decorar coisas que não têm sentido pra ele em tempos de Google. Isso é puro lixo. Essa é a primeira grande questão: mudar o padrão de educação para oferecer uma pedagogia da teoria digital, do mundo digital, do mundo do conhecimento. A outra, Felipe, entenda, é financiamento. O Brasil gasta per capita muito menos do que aquele padrão que a Europa, por exemplo, gasta, que os Estados Unidos gasta, e hoje nós estamos obrigados a competir com eles em terceiros mercados ou no mercado brasileiro. Me pergunte, na sequência, como fazer isso, e eu também, se tiver oportunidade, quero dizer ao povo brasileiro que eu serei o presidente da educação e aquele que vai cuidar do bolso da família pobre brasileira.

[Felipe D'Avila]: Olha, pra colocar o Brasil entre os melhores países do mundo, nós temos de focar no aprendizado do aluno. A gente desperdiça dinheiro público com a máquina pública. Isso não melhora o aprendizado do aluno. A criança não aprende. Nós precisamos investir na carreira do professor, uma carreira pra valorização do professor. O professor precisa aprender a dar aula. O curso de Pedagogia precisa mudar completamente. É completamente arcaico hoje. E mais do que isso, nós precisamos investir no ensino profissionalizante pra reter os nossos jovens na escola, porque senão existe êxodo de mais de 48% dos jovens da escola. Então educação profissionalizante, focar na formação dos professores e mensurar o aprendizado do aluno. E não ficar desperdiçando dinheiro público com o gasto da máquina pública. Essa é a forma de fazer a educação no Brasil ser de verdade. No governo do PT teve muito gasto com educação, mas 50% das crianças não estavam devidamente alfabetizadas aos seis anos, e quatro em cada 100 só sabiam conteúdos de matemática no fim do ensino médio.

[Ciro Gomes]: O desastre da educação brasileira é medido pelos indicadores de avaliação. Se nós estabelecermos o PISA, que é de avaliação internacional, o que de fato nos recomenda aprofundar o debate. Deixa eu ver, motivar o professor, retreinar o professor para que ele passe a fazer essa pedagogia emancipadora, que a garotada possa ir para escola interessada em dominar as tecnologias digitais e pensar fora da caixinha do decoreba. Ensinar o mesmo conteúdo de pontos de vista diferentes, para estimular a autonomia intelectual. Isso já vi funcionando e nós estamos experimentando isso com extraordinário êxito no Ceará. Só para você ter uma ideia, Felipe, 60 de cada 100 alunos do ensino médio do Ceará já estão em tempo integral. Boa parte, profissionalizante. Saem dali com estágio remunerado os seis primeiros meses pelo governo, e mais de 93% ficam retidos pelas empresas porque nós fazemos essa aposta. E essa é uma experiência que eu quero generalizar para todo o Brasil. Mas, meu irmão, me permita cumprimentando, nós precisamos entender que sem remuneração decente, sem financiamento decente isso tudo não vai acontecer. O piso salarial do magistério brasileiro, comparado com o mundo, é de encher de vergonha. Viva o magistério brasileiro que consegue dar aula um mês inteiro, sem material, sem equipamento, numa lousa com giz, sabe, ganhando R$ 3.500. Alguns estados, muitos municípios sequer estão pagando o piso salarial. Qualificar a gestão das escolas também é um elemento essencial. Muitos lugares do Brasil não há padrão de avaliação, a gestão escolar é indicação de político, de vereador. Isso tem que ser uma carreira de estado, como nós fazemos no Ceará. Todos os dirigentes de escola são capacitados, treinados, concursados, que se percebe inclusive dotes de liderança para, além de gestão, contabilidade, essas coisas todas, envolver as famílias. Acompanhar aluno a aluno para que ele não perca a idade escolar certa na capacitação. Isto é o que vai mudar o Brasil. E em qualquer circunstância não haverá essa mudança de qualidade na educação se não com esses números. O PT, por exemplo, se gaba, o Lula acabou de falar aí, o Presidente Lula, de bilhões, de milhões de crianças e adolescentes, de estudantes que foram para o ensino universitário, é verdade. O Brasil tem hoje 18, de cada 100 garotos de 18 a 25 anos, no ensino superior. A Colômbia tem 42. E quando nós vamos olhar que tipo de escola passaram no governo do PT, do Lula, R$ 40 bilhões para empresários privados. Deixando um garoto endividado no começo da vida com uma conta de R$ 110 mil a R$ 150 mil no FIES. Isso é uma coisa absolutamente chocante, isso não é educação.

[Eduardo Oinegue]: A próxima perguntar é a candidata Soraya Thronicke.

[Soraya Thronicke]: Eu escolho a candidata Simone Tebet. Candidata, enquanto os profissionais da saúde enfrentavam corajosamente o Coronavírus, muitos pacientes que precisavam de procedimentos eletivos, como é o caso de uma cirurgia de catarata ou um procedimento ortopédico, tiveram seus atendimentos cancelados ou adiados. O que é que pode ser feito para diminuir a fila por consultas, exames e cirurgias no SUS?

[Simone Tebet]: Obrigada, candidata Soraya, pela pergunta. Afinal, é uma das questões mais importantes hoje do Brasil. Saúde pública. Nós acabamos de sair de uma pandemia, se é que saímos dela, uma pandemia que podia ter sido muito melhor gerida se nós tivéssemos um Presidente da República sensível à dor alheia. Lamentavelmente, no momento que o Brasil mais precisou do Presidente da República, ele virou as costas para a dor das famílias enlutadas brasileiras. E negou vacina no braço do povo brasileiro. Eu sei porque eu estava lá na CPI. Eu estudei os documentos. Atrasos de 45 dias na compra de vacina. Quantas famílias perderam prematuramente seus filhos? Quantas mães perderam filhos e quantos filhos perderam pais? E eu não vi o Presidente da República pegar a moto dele e entrar em um hospital para dar um abraço a uma mãe que perdeu um filho. Eu vi mais do que isso, eu vi um escândalo de corrupção na compra de vacinas como se a vida pudesse custar um dólar. Nesse aspecto, Soraya, a pandemia se arrastou porque não teve coordenação do Governo Federal. Não é porque ficamos em casa. É porque se tivesse tido coordenação do Governo Federal, nós teríamos uma pandemia melhor resolvida, já estaríamos todos trabalhando. E com isso, a sua pergunta é extremamente importante. Nós ficamos com atraso na realização de exames, cirurgias e consultas. Só tem um jeito. Decretou-se calamidade pública para tudo, para gastar, para fazer orçamento secreto, para colocar dinheiro público no bolso da classe política, colocando dinheiro onde nós nem sabemos se chegou. Então, a sequela da pandemia é o atraso desses exames. O que nós vamos fazer, Soraya? Nós vamos decretar calamidade pública e estado de emergência apenas para isso, para que possamos criar um crédito extraordinário, e com isso colocarmos dinheiro fundo a fundo para os municípios e para os estados. Cada exame, cada consulta, cada cirurgia atrasada que eles executarem vai ser imediatamente pago, para que a população brasileira não possa morrer prematuramente das doenças, da sequela da pandemia da Covid-19.

[Soraya Thronicke]: Candidata, realmente o SUS sempre foi um orgulho para todos nós brasileiros, no caso da vacinação. Confesso que, no atendimento, ele é muito mais bonito no papel do que na realidade. E quem conta isso é o usuário do SUS. Quem tem que nos dizer se o SUS é bom ou não, não somos nós que não utilizamos esse serviço. Quem tem que dizer é quem está lá na fila. Temos um projeto liberal, de verdade, para a Economia, para executar, não é no gogó. Não é no gogó. E é por isso que para diminuir todas as filas para exames, para cirurgias, para consultas, nós iremos usar toda a capacidade da iniciativa privada para complementar o SUS, e, com isso, agilizar o atendimento das pessoas; e, realmente, é uma catástrofe o que o Brasil vive. Eu, Soraya, ando nas ruas e o que eu vejo nas ruas é desalento. O meu telefone não para de tocar pedindo: "Senadora".

[Fim do tempo]

[Simone Tebet]: Nós concordamos, candidata Soraya, e gostaria até de dar um depoimento e fazer um pedido aos candidatos à Presidência da República. Eu peguei um carro, daqui de São Paulo, e fui a Barretos para poder assinar um documento no Hospital do Amor, do Câncer, de Barretos, que é um dos hospitais mais importantes na cura contra o câncer no Brasil. O que eu vi lá é de dar inveja ao mundo. Mas eles fizeram uma súplica. Eu fui a primeira a assinar um documento que, se eleita Presidente da República, vou atualizar a tabela SUS: 25%, por ano; até 100%, nos quatro anos. Sabe por quê? Porque, hoje, as Santas Casas e as filantrópicas atendem a 60% das cirurgias e das médias e altas complexidades, ou seja, dos casos mais complicados de saúde da população pobre. Sabe o que eu ouvi de lá, dos médicos especialistas? "Senadora Simone, as pessoas morrem prematuramente". Pobre morre? Até 25% dos pobres morrem no Brasil porque não têm acesso a porta do SUS para tratamento preventivo do câncer. Porque nós não conseguimos atender, porque a tabela SUS está defasada. Eu fui a primeira. Eu conclamo os demais candidatos a Presidente da República que assinem esse compromisso pela vida: 25%. Vamos tirar do orçamento secreto. Vamos tirar dos desperdícios, vamos reduzir a máquina, mas vamos dar dignidade da saúde a quem mais precisa. Porque esse Brasil é de todos. Ele não pode ser mais do rico do que do pobre. O rico não pode ter atendimento de saúde privada de excelência enquanto o pobre morre nas filas dos hospitais.

[Adriana Araújo]: Obrigada, candidata. O próximo a perguntar agora é o candidato Lula, que deve dirigir a pergunta para o candidato Felipe D'Ávila ou para Soraya Thronicke. Para quem vai?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu vou dirigir ao Felipe D'Ávila.

[Adriana Araújo]: Por favor.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Candidato, o mundo hoje vive discutindo a questão climática. Ou os governantes tomam noção de que é da responsabilidade de cada governante cuidar do seu país para que todos cuidando do seu, cuidem do planeta, ou a gente vai destruir o planeta, que é nossa terra. Eu queria que o senhor me desse sua opinião sobre o que está acontecendo no Brasil. Ou seja, o Brasil rompeu o acordo que tinha com a Alemanha e com a Noruega, o Brasil faz discurso todo santo dia de que é preciso desmatar, que é preciso queimar, que é preciso plantar? Ou seja, e não há nenhum cuidado com a questão ambiental. Ou seja, qual é a sua proposta para resolver a questão ambiental?

[Felipe D'Avila]: Bom, candidato Lula, a retomada do crescimento econômico do Brasil depende de uma política ambiental que faça o Brasil ser a primeira nação carbono zero entre as grandes potências econômicas. Isso está no nosso plano de Governo. Esta é a maior oportunidade que o Brasil tem para sequestrar carbono. O Brasil tem potencial para sequestrar 50% do carbono do mundo, plantando árvores em terra degradada. Nós temos 50 milhões de hectares de terra degradadas, dá para plantar árvores em três milhões de hectares, isso vai gerar renda para pessoas mais pobres, isso vai gerar progresso em outras regiões do Brasil. Vai ajudar também a impulsionar a energia renovável no Brasil. O Brasil já tem a matriz mais limpa de energia e precisa continuar expandindo. E nós vamos criar o "Emprego Verde", porque este emprego de serviços ambientais, da bioeconomia, é a maior fonte para atrair investimento externo para o Brasil. Investimento fundamental para a retomada do crescimento econômico, da geração de emprego e renda. Portanto, o meio ambiente precisa ser tratado com seriedade, como a maior oportunidade que o Brasil tem para recuperar o seu crescimento econômico, atrair investimento. E mais, ajuda ao agro brasileiro. Porque o agro brasileiro é o que mais sofre quando se desmata no Brasil, porque vem retaliação lá de fora, dizendo que não vai comprar soja do Brasil, ou carne do Brasil, porque vem de área desmatada. O que é mentira. O agronegócio brasileiro é o mais sustentável do mundo. Nenhum outro país do mundo planta soja no cerrado e mantém 35% de reserva legal. Nenhum outro país do mundo colhe uma tonelada de cacau, no Norte, e mantém 80% de reserva legal. Portanto, nós não podemos desperdiçar esta enorme oportunidade que o Brasil tem para atrair investimento, renda e emprego, e se transformar no primeiro país carbono zero do mundo.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Olha, nenhum empresário sério, que conhece a questão da relação comercial do mundo, vai fazer queimada ou vai destruir os biomas brasileiros, seja o Pantanal, seja a Amazônia, seja a caatinga, não vai. Entretanto, nós temos gente do governo que até incentiva. Nós tivemos ministro que dizia "deixa a boiada passar". Bom, o que eu quero, na verdade, é o seguinte: eu tive o prazer de ser Presidente da República e participar da COP-15, em Copenhagen. Em Copenhagen, o Brasil assumiu um compromisso, que depois foi referendado em Paris, em que a gente reduziu o desmatamento em 80% e que a gente iria diminuir a emissão de gás de efeito estufa em 36.9%. E o Brasil passou a ser referência no mundo inteiro, todo mundo conversava com o Brasil, e hoje as pessoas têm o Brasil como um país que não leva a sério e ninguém respeita as decisões do Brasil.

[Felipe D'Avila]: É verdade, Lula, mas só que mudou muito a questão do meio ambiente. Meio ambiente nós vamos resolver com mais mercado. Existem hoje US$ 50 trilhões no mundo que vai investir em país que respeita o meio ambiente, a questão da governança e a questão social. E o PT me dá sempre a impressão de que não gosta do mercado, empresário é latifundiário; não é isso, nós temos que olhar o mercado com juízo. O mercado vai ajudar o Brasil a resolver a questão do meio ambiente, vai trazer investimento privado! Nós temos de acabar com essa dicotomia que preservar o Brasil é manter o atraso; não! Preservar significa exatamente o oposto: atrair investimento, renda e emprego com o dinheiro privado. Não tem mais essa dicotomia que, para preservar o meio ambiente, nós temos que simplesmente não fazer nada na terra; não, nós temos que saber usar isto a nosso favor. Eu tenho certeza absoluta que o Brasil vai ser um exemplo em ser este país que vai capturar 50% do carbono do mundo, dar uma lição para o mundo, e isso vai ser fundamental para recuperar a credibilidade internacional do Brasil. O Brasil jamais vai voltar a ser um país confiável nas relações internacionais se continuar tratando o meio ambiente com o descaso que vem acontecendo nos últimos anos. É uma pena, porque nós temos essa potência do desenvolvimento regional. Veja só como é importante o desenvolvimento sustentável para gerar receita no Nordeste, com as energias renováveis, com eólica, solar, biomassa, a fronteira agrícola crescendo de forma sustentável. Esse é o Brasil que dá certo, é o Brasil do agronegócio. É o único setor da economia capaz de competir no comércio internacional. Nós temos que usar o exemplo do agro para poder crescer e expandir o nosso mercado. O agro é o único setor da economia brasileira que não tem medo da concorrência internacional.

[Eduardo Oinegue]: A última a perguntar nessa rodada é a candidata Simone Tebet, a pergunta a ser feita à Senadora Soraya Thronicke.

[Simone Tebet]: Candidata Soraya, eu não tenho como professora não fazer pergunta sobre educação. Eu gostaria de perguntar à senhora sabe o quanto esta questão é cara para mim. Dei aula, 12 anos, de Direito Administrativo, de como é que se administra um Estado e um país, e tive o privilégio de tê-la como uma excelente aluna. Mas, infelizmente, educação nunca foi prioridade no país. Educação nunca foi colocado como um projeto nacional, de Estado, e não de governo. É por isso que os indicadores da educação estão nesse patamar há mais de 30 anos. Mas nunca a educação esteve tão estampada nas páginas policiais. Não é só descaso, é corrupção, é superfaturamento de ônibus escolares, é fotografia, na Bíblia, de um ministro, com dinheiro público, para participar de eleição. Então, a pergunta é: diante de tudo isso, como fazer para resolver o problema da educação e garantir dignidade para as nossas crianças e para os nossos jovens?

[Soraya Thronicke]: Obrigada, candidata, pela pergunta. É um assunto que também me é caro. Poucas pessoas sabem, mas eu fui professora de inglês por muito tempo, então eu sei o que é que é uma sala de aula também. E como a senhora bem disse, a senhora foi minha professora, nós sabemos a importância da educação, e por isso a nossa primeira proposta, e revolucionária, é isentar... escutem bem, escutem bem, isentar de imposto de renda todos os professores. Todos os professores, tanto do ensino público quanto privado. Isso não é conto de fadas, isso é verdade, isso já foi estudado, o impacto é apenas de 10 bi por ano. Eu sei disso, isso é possível fazer, principalmente por conta do financiamento que o Imposto Único Federal vai proporcionar. Mas, além dessa valorização, que é a primeira coisa: a valorização de você, professor, que está ali na ponta e que é tão desvalorizado, começa por aí. E aí nós temos inúmeras propostas, propostas de... em relação ao analfabetismo funcional, a criação de metodologias autodidáticas; isso é muito importante para que as pessoas consigam, complementariamente ao professor, aprender sozinhas. Mas uma coisa que eu quero deixar aqui muito claro e que muito me preocupa: durante a pandemia, nós tivemos nossas crianças fora da escola, e o governo não conseguiu fazer um programa que resolvesse isso. Simples seria se ele utilizasse o mesmo método que utilizou o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo. Marcelo Rebelo é professor também, e ele foi para a TV estatal. Ele foi para a TV estatal dar aulas, e contratou os melhores professores do país para dar aula na TV aberta para os alunos. E aí nós temos a nossa EBC, que passou todo esse tempo fazendo campanha para o atual Presidente da República. Isso é grave, isso é sério em um governo que prometeu privatizar. Portanto, dentre tantas, e tantas, e tantas propostas nossas, que é, inclusive, incluir a iniciativa privada dentro do nosso sistema para conseguir resolver o problema... o que falta na educação pública, nós incluiremos também a capacidade da iniciativa privada para nos ajudar, porque, no Brasil, contrariamente ao que disse o ex-presidente Lula, atual candidato, nós gastamos muito, gastamos como primeiro mundo na educação e entregamos uma educação de quinta categoria. Isso tem que acabar.

[Simone Tebet]: Sem dúvida, candidata Soraya, valorização do professor é fundamental, cuidar de quem cuida. Mas é mais do que isso. Ensinar o professor não apenas o que educar e ensinar, mas como educar e ensinar. Nós vamos atacar o problema desde a primeira infância. Vamos acabar com as mais de duas mil creches que estão paralisadas há muitos anos. E dinheiro tem do Fundeb, que nós dobramos e tá fora do teto. Vamos colocar todas as crianças de quatro a cinco dentro das nossas... do ensino infantil. Mas vamos atacar o maior problema que é o ensino médio. O ensino médio técnico profissionalizante sai do papel pra que os nossos jovens possam entrar no mercado de trabalho imediatamente. E pra isso, pra que eles não virem nem-nem, nem estudo nem trabalho, nós vamos colocar um poupança jovem. O nosso jovem vai ganhar dinheiro todo ano, e no final do terceiro ano do ensino médio, vai ganhar R$ 5.000 pra fazer o que ele quiser, dar uma entrada numa moto ou num celular, mas pra que ele não saia. Porque a educação vai ser prioridade pela primeira vez na história do Brasil. Eu sei porque sou professora. Eu sei que só a educação salva.

[Eduardo Oinegue]: Tempo.

[Soraya Thronicke]: Sem falar, brasileiros, do valor da merenda que não foi atualizado. As nossas crianças, muitas delas têm somente a merenda escolar pra comer. É triste demais. Nossas crianças sequer, muitas delas, não têm banheiro nas escolas. Então, assim, é sério. Estamos vivendo o maior caos já visto na história desse país. Isso tem que mudar, e eu tô aqui pra contar a verdade pra vocês, porque eu tô aqui dentro, estou nos bastidores, e agora eu posso falar.

[Adriana Araújo]: Obrigada. Você está acompanhando o primeiro debate entre os candidatos à presidência da república realizado por um pool que reúne o Grupo Bandeirantes, o jornal Folha de S.Paulo, a TV Cultura e o UOL.

[Eduardo Oinegue]: Essa foi a última resposta do primeiro bloco. Logo depois do intervalo é a vez de jornalistas das empresas que integram o pool perguntarem aos candidatos.

[Adriana Araújo]: Olho no voto, eleições 2022.

Segundo bloco

[Eduardo Oinegue]: Voltamos ao vivo com o primeiro debate das Eleições 2022 entre os candidatos à Presidência da República. O encontro é realizado por um pool que reúne a TV Cultura, o Grupo Bandeirantes, Folha de S.Paulo e o portal UOL, e está sendo transmitido pelas principais plataformas digitais e pela Band Internacional.

[Adriana Araújo]: Estamos ao vivo também no BandNews TV e nas rádios Bandeirantes e BandNews FM. Neste bloco, jornalistas das empresas que integram o pool fazem perguntas para os candidatos. Pelas regras definidas em comum acordo com os partidos, o jornalista escolhe um candidato para responder e outro para comentar.

[Eduardo Oinegue]: Os tempos são os mesmos do confronto anterior. O candidato que responde terá total de quatro minutos para administrar entre a resposta e a réplica, o comentário será de um minuto.

[Adriana Araújo]: Eu lembro que a ordem dos jornalistas para este bloco foi definida em sorteio entre os integrantes do pool. E quem faz a primeira pergunta, pela Band, é o jornalista Rodolfo Schneider. Por favor, Rodolfo, boa noite. Indica quem você vai perguntar e quem comenta.

[Rodolfo Schneider]: Boa noite. Minha pergunta é para o Presidente da República, candidato Jair Bolsonaro, e comentário do ex-presidente da República, e candidato, Lula. Um dos assuntos mais comentados nesse momento na nossa sala digital, em parceria com Google e YouTube na área de economia, é o Auxílio Emergencial. Acho que não se discute mais que o Brasil precisa de um programa de transferência de renda, seja Auxílio Brasil, Bolsa Família ou o nome que for. A minha pergunta é: Neste momento, aprovado até o final do ano, temos o auxílio a R$ 600, além de Auxílio Caminhoneiro e também Auxílio Taxista. No ano que vem, o orçamento prevê R$ 400, porém o presidente Bolsonaro e ex-Presidente já disseram que manteriam a R$ 600 esse valor. Mas de onde sairá esse dinheiro? Se romperá o teto de gastos? Retirará dinheiro de outros orçamentos de ministérios? Obrigado. Por favor, Bolsonaro, Presidente da República, e ex-Presidente Lula.

[Jair Bolsonaro]: Até o ano passado era de R$ 192, em média. Nós passamos para 400, de forma definitiva, contra o voto do PT na Câmara. Ato contínuo, nós, nesse ano, por uma PEC, acrescentamos R$ 200 até o final do ano. Ou seja, no momento o Auxílio Brasil é de R$ 600. E nós vamos manter esse valor a partir do ano que vem. Logicamente, esse auxílio se aproxima do mínimo necessário para pessoa sobreviver, sair da linha da pobreza de forma mais concreta. Onde retirar dinheiro? Tenho acertado com a equipe econômica e conversado, dentro da responsabilidade fiscal. Quando, por exemplo, no ano passado passamos para R$ 400, ninguém acreditava. Nós conseguimos renegociar os precatórios, contra o voto do PT na Câmara, que para o PT, quanto pior estiver o povo, mais pobre, melhor é para eles fazerem política em cima disso. E, obviamente, quando se fala em Auxílio Emergencial para comprar alimentos, isso tem a ver com inflação. E nós conseguimos, no corrente ano, diminuir o teto do ICMS em todo Brasil, de forma que a gasolina, hoje, tem estados que já está abaixo de R$ 5. Tem estados também que o álcool, o etanol está abaixo de R$ 4. Contra o voto dos senadores do PT lá no Senado Federal. Como conseguir recursos? Não roubando, não metendo a mão no bolso do povo. O que é não roubar? Estatais, por exemplo. Nós podemos, está programado recursos das estatais irem para esse lado de cá do orçamento. Em governos anteriores, as estatais davam lucro muito baixo, ou até prejuízo. No nosso governo, o lucro está chegando à casa dos R$ 200 bilhões. E nós temos que deixar bem claro, quando se fala em orçamento como um todo, aumentando a arrecadação diminuindo impostos, como diminuímos o IPI por decreto. Como temos diminuído impostos de vários produtos, imposto de importação. Vários produtos. Ou seja, o governo está agindo na contramão do que sempre fizeram no passado. Por outro lado, muitas vezes, se fala em taxar grandes fortunas. Isso faz com que o capital vá embora. Ou seja, o nosso governo tem esse olhar, tem recurso, tem meios e fará com responsabilidade essa manutenção dos R$ 600.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Bom, é importante lembrar que a manutenção dos R$ 600 não está na LDO, que foi mandada para o Congresso Nacional. Ou seja, significa que existe uma mentira no ar. Não está na LDO a manutenção de R$ 600. A segunda coisa que é inverdade, é que o PT, já faz dois anos que o PT tem reivindicado os R$ 600 no Bolsa Família, a bancada do PT votou favorável, porque a bancada do PT acha que o povo tem que receber efetivamente esse auxílio, mas é preciso que a gente faça essa política concomitante com a política de crescimento econômico, com a política de geração de emprego, de geração de oportunidade das pessoas. Coisa que não está pensado em nenhum momento. Então, o candidato, ele adora citar números absurdos que nem ele acredita... e saber o seguinte, já vendeu a Eletrobras, já vendeu a BR, tá fatiando a Petrobras, privatizou a BR...

[Adriana Araújo]: Candidato Bolsonaro, o senhor tem um e trinta para a sua réplica.

[Jair Bolsonaro]: Olha, o PT foi contra R$ 400 lá atrás. Votou, sim. Para de mentir. Está no teu DNA mentir e inventar números. No corrente ano, discursaram contra e votaram a favor. Questão de LDO: você resolve. Eu tenho contato com lideranças da Câmara. Após as eleições, podemos fazer algo mais concreto, mais detalhado para buscar recursos para pagar os R$ 600. Não podemos ser aqui inconsequentes, ficar anunciando "vou dar isso, vou dar aquilo, vou tirar Imposto de Renda de professor", não sei o quê lá. Só mentira. O orçamento é outra coisa. Temos um teto de gastos. E temos onde tirar recursos. Temos muita coisa planejada nesse tocante. Tenho certeza, os mais pobres, diferentemente do PT, lá atrás, por que o PT, lá atrás, não aumentou? Pagava uma miséria de Bolsa Família. Era uma miséria. Tinha gente que ganhava R$ 80 por mês. Família ganhando R$ 80 por mês; e nós, agora, entramos nessa área para valer. Está preocupado com votos. Apenas votos. Mas nada além disso. Mentindo sobre números. Lembra quando dizia que tinha 25 milhões de crianças abandonadas no Brasil e falou isso rindo, lá fora, do Brasil? Ou seja, nós temos ao nosso lado a verdade e a responsabilidade. Nunca tivemos tanto dinheiro de fora do Brasil investido aqui. Inclusive, em torno de 20% do nosso PIB. É um governo que está dando certo. A economia está bombando, e o Brasil está sendo exemplo para o mundo nessa área.

[Eduardo Oinegue]: Quem faz a próxima pergunta é a TV Cultura, com a jornalista Vera Magalhães. Vera, por favor, indica quem vai responder à sua pergunta e quem vai comentar, por favor.

[Vera Magalhães]: Boa noite a todos. Eu vou fazer uma pergunta ao candidato Ciro Gomes, com comentário do candidato Jair Bolsonaro. Candidato Ciro, a cobertura vacinal no Brasil vem despencando nos últimos anos. A cobertura para a vacinar tríplice viral, que protege contra sarampo e outras doenças, foi de 71%, em 2021, e ainda não chegou a 50% neste ano. A da poliomielite, que já chegou a ser de 96%, em 2012, caiu a índices um pouco superiores a 67%. Queria saber do senhor em que medida o senhor acha que a desinformação sobre vacinas, difundida inclusive pelo Presidente da República, pode ter contribuído, além de agravar a pandemia de Covid-19 e causar mortes que poderiam ter sido evitadas, também para desacreditar a população quanto à eficácia das vacinas em geral? E qual é a sua proposta para recuperar o Plano Nacional de Imunização, que já foi um orgulho nacional e uma referência para o mundo?

[Ciro Gomes]: Vera, se você olhar o Brasil, tudo está fora do lugar. Mas é tudo mesmo está fora do lugar. É uma coisa que me choca ouvir o Presidente Bolsonaro dizer que a economia está bombando. Hoje, no Brasil, meu irmão? Vamos lá. Eu me emociono e quero segurar aqui a minha indignação. Mas espera um pouquinho, entre desalento, cinco milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego. Entre desemprego aberto, que é o brasileiro que está indo de porta em porta, todo dia de manhã, pulando a catraca do ônibus porque não tem dinheiro para pagar passagem, e o trocador deixa, e volta para casa com a boca amarga: "Não, não tem vaga, não tem vaga", lá se vão mais dez milhões de brasileiros. Mas o que mais está me chocando, e vendo esse nível de alienação e de ódio, e de coisas assim, mentira para cá, mentira para lá... Isso é o Brasil que essa gente está produzindo, dividindo a nossa nação, e eu quero reconciliar. Espera um pouquinho, quase 50 milhões de pessoas não estão nos ouvindo nesse debate. Essa é a minha contradição. Eu falo por eles. Mas eles estão aí esfolados, vivendo na informalidade mais vil. Sabe o que é informalidade? Vou repetir para quem endureceu ou embruteceu o coração. Informalidade é uma jornada semanal de 50, 60 horas semanais, sem o descanso remunerado semanal para ir para o templo agradecer a Deus ou pedir luz. Sabe? Sem férias, sem 13 º. A saúde mental do nosso povo, Vera, está se deteriorando de um jeito? Nunca se pediu tanto, da rede de atenção psicossocial, remédios. Remédio para dormir, remédio para nervo. Mas sabe o que nós estamos produzindo? 50 milhões de brasileiros, em números redondos, vão envelhecer, daqui 15, 20 anos, Soraya, Senadora, e não vão ter cobertura à aposentadoria nenhuma. E aí, vamos lá, vacina. Isso é o trivial. Eu fui Governador, fui Prefeito de uma capital. Nossa meta era cumprir 100% da vacinação, e ganhamos prêmios internacionais. Fui ganhar prêmio de combate à mortalidade infantil, na ONU. Um dos elementos, foi que nós cobrimos 100% da população do Ceará. Havia campanha, esclarecimento, a vacina estava no tempo e na hora, bem acondicionada, bem transportada, era um grande mutirão. Sumiu tudo isso. É o desastre brasileiro por onde você queira considerar.

[Jair Bolsonaro]: Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Mas tudo bem [o presidente então se vira para Ciro Gomes, que havia falado com o microfone desligado]. Não pedi tua opinião.

[Adriana Araújo]: Por favor, candidatos. Por favor.

[Jair Bolsonaro]: Já está apelando. A senhora falou uma frase, na CPI, seguinte, frase tua: "Não é porque houve malversação de dinheiro público que devemos investigar". A senhora foi conivente com a corrupção na CPI. Não achou nada contra mim. Escondeu Carlos Gabas. Escondeu Carlos Gabas, que desviou R$ 50 milhões e não foi investigado pela CPI. A senhora é uma vergonha no Senado Federal; e não estou atacando as mulheres, não. Não venha com essa historinha de atacar mulheres, de se vitimizar. Vera, você realmente foi fantástica, né? Deu oportunidade para falar um pouco de verdade sobre você.

[Eduardo Oinegue]: Candidato Ciro, sua réplica.

[Ciro Gomes]: É, vocês estão...

[Eduardo Oinegue]: Está registrado o pedido de direito de resposta.

[Ciro Gomes]: Eu quero reconciliar o Brasil. Enquanto persistir esse nível de agressividade, sabe? De PT... Ainda agora vinha entrando aqui na Bandeirantes, estava lá a turma do PT batendo no carro, atravessando bandeira; eu conheço isso. Isso vai produzir coisas que o Brasil não merece, e nós precisamos restaurar a paz, reconciliar o Brasil ao redor de um novo e generoso projeto nacional de desenvolvimento que mude esse modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo de governança política em que a corrupção e a fisiologia são o centro do modelo de organização da política brasileira esses últimos 30 anos. Mudar o Brasil significa devolver a condição que nós sabemos fazer. O Brasil era mencionado como exemplo em cobertura vacinal. A vacina está aí, tecnologicamente dominada, mas, infelizmente, nós vimos propaganda contra a vacina, disputa politiqueira com quem é o pai da vacina, propina na compra de vacina! Isso é onde nós estamos: muito próximo do fundo do poço. Eu tenho pedido a Deus, meu irmão, tenho pedido a Deus, tenho vontade assim, sabe, de me conectar com o seu coração para que a gente bote a mão na cabeça e pare um pouquinho para pensar. A ciência da insanidade é repetir o passado e achar que vai ter resultado diferente; não vai. Me dê uma oportunidade, vamos mudar o Brasil, está na hora. Chega de ódio, chega de incompetência, sabe? Chega de projeto... de falta de projeto, absoluta falta de projeto.

[Eduardo Oinegue]: A Senadora Simone Tebet fez o pedido de direito de resposta; a comissão avaliou e o direito de resposta não foi concedido.

[Aplausos]

[Adriana Araújo]: Por favor, eu peço, por gentileza, que os assessores que estão aqui não participem, porque foi o combinado com todos os partidos. A próxima jornalista a perguntar é a representante da Folha de S.Paulo, Patrícia Campos Mello. Boa noite, Patrícia. A quem você dirige a sua pergunta e quem comenta, por favor?

[Patrícia Campos Mello]: Boa noite a todos. Minha pergunta é para o ex-presidente da República, candidato Luiz Inácio Lula da Silva, com o comentário do candidato Ciro Gomes. Candidato, o senhor tem falado sobre a necessidade da união da esquerda, mas o senhor e o candidato Ciro Gomes vivem um clima de hostilidade. Recentemente, o candidato Ciro Gomes afirmou, abro aspas, "que o senhor considera o povo um bando de imbecis", e também afirmou que já viu o senhor se corrompendo. Em resposta, o senhor afirmou que não leva o Ciro a sério. Como o senhor espera atrair o apoio do candidato Ciro Gomes para um segundo turno, caso o senhor vá para o segundo turno e ele não, e, para o candidato Ciro Gomes, o senhor pretende apoiar o candidato Lula se ele for para o segundo turno e você não... o senhor não?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Olha, primeiro, ao responder essa pergunta, eu queria começar falando das vacinas. As pessoas se esquecem que foi exatamente em 2010 e em 2009, quando chegou a H1N1, nós vacinamos, em três meses, 83 milhões de pessoas nesse país. Então, se as pessoas não são vacinadas, é irresponsabilidade de quem comanda, porque, na verdade, nós temos condições, e o Brasil é lembrado no mundo inteiro como um país de muita competência em vacinação. A segunda coisa é o seguinte, eu falo sempre do Ciro Gomes uma coisa: eu tenho um profundo respeito pelo Ciro Gomes, sou grato ao Ciro Gomes, que esteve no governo comigo de 2003 a 2006, mas o Ciro, nesse instante, ele resolveu não estar conosco, a sair com candidatura própria; é um direito dele, não sou eu que vou impedir. Eu estou construindo uma aliança política com dez partidos políticos, todos os partidos de esquerda e progressistas, e nós vamos ver, se ganharmos as eleições, tentar ver, sabe, se ainda conseguimos atrair o PDT para participar conosco do governo. Eu sempre digo o seguinte: tem três pessoas no Brasil que eu trato com deferência: Mário Covas, Requião e Ciro Gomes. De vez em quando eles podem até falar mal de mim que não levo em conta, porque eu sei que eles têm o coração mais mole do que a língua. Eles têm o coração muito mais mole, são muito mais compreensivos aos problemas sociais. Então é o seguinte: eu espero que o Ciro, nessas eleições, não vá para Paris, eu espero que o Ciro fique aqui no Brasil, que a gente sente para conversar e possa construir a verdadeira aliança política que ele sabe que vai ser construída.

[Ciro Gomes]: O Lula é esse encantador de serpente, vai na emoção das pessoas, cativa. Nós temos uma relação bastante antiga, e ele quer sempre trazer a coisas pro lado pessoal. Não é pessoal. Eu atribuo ao Lula a contradição econômica do Lula, a contradição moral do Lula e do PT o Bolsonaro. Eu não acho que o Bolsonaro desceu de Marte com essas contradições todas. O Bolsonaro foi um protesto absolutamente reconhecido respeitosamente por mim contra a devastadora crise econômica que o Lula e o PT produziram e que ele apaga. Ele faz números assim e esquece. Se você tomar... E eu vou fazer isso durante esse debate. A média de crescimento econômico do período do PT é medíocre. É igualzinha à do Fernando Henrique Cardoso. O desemprego que tá aí de dez, o Bolsonaro recebeu com 12. Recebeu do PT. E a razão da minha... distanciamento é que infelizmente o Lula se deixou corromper mesmo. Tá com Geddel Vieira Lima, tá com Renan Calheiros, tá com Eunício Oliveira. Pesquise quem são essas pessoas.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Mesmo assim, Ciro, nós ainda vamos conversar. E você vai pedir desculpa porque você sabe que você tá dizendo inverdades a meu respeito. Você sabe que tá dizendo inverdades. Agora, o que é importante a gente levar em conta é que quando o Ciro joga a responsabilidade da eleição do cidadão nas minhas costas, eu queria dizer que eu não fui pra Paris. Eu não saí do Brasil pra não votar no Haddad. Eu não saí do Brasil pra não votar... E fui preso pra não ganhar as eleições, porque sabiam que se eu tivesse liberdade, eu ganhava as eleições. E você sabe que eu fui absolvido em todos os 26 processos. Você sabe que eu fui absolvido em todos os processos. Fui absolvido na ONU, fui absolvido na primeira, na segunda instância e duas vezes na Suprema Corte. Agora é o seguinte: eu sou o único inocente que paga o preço de ser inocente, ou seja, eu sou culpado porque sou inocente. Eu continuo dizendo pra vocês o seguinte: nós vamos trabalhar para voltar a governar esse país, pra fazer a economia crescer, pra investir na educação, as pessoas se esquecem que quem criou o piso escolar fui eu. E muitos governadores não queriam sequer pagar o piso escolar. As pessoas se esquecem que nós espalhamos universidades por esse país afora. E vou dizer uma coisa pra você: o Prouni foi a maior revolução educacional que a gente fez nesse país. Milhões de meninos da periferia, meninos negros e negras que estudavam em escola pública tiveram a oportunidade de primeira vez fazer uma universidade que era privilégio de rico. Era privilégio da classe média alta. Aliás, Ciro, você sabe perfeitamente bem que esse país é tão contra a educação que o Peru teve a sua primeira universidade em 1554, e a nossa primeira foi em 1920. Ou seja, a elite brasileira nunca se preocupa a educar. Precisou um metalúrgico sem diploma cuidar disso.

[Eduardo Oinegue]: Quem escolhe os candidatos pra responder e comentar e faz a pergunta agora pelo UOL é a jornalista Thaís Oyama.

[Thaís Oyama]: Minha pergunta é pra candidata Simone Tebet com comentário da candidata Soraya Thronicke. Candidata, a senhora tem enfatizado na sua campanha o fato de ser mulher. Seu slogan é "mulher vota em mulher". E a senhora também já disse que gostaria de ser vista como uma feminista. Já a candidata Soraya Thronicke, ela afirma ter restrições ao que considera ser, por vezes, um comportamento vitimista da parte de algumas mulheres. Ela já disse, por exemplo, que diante de uma acusação de estupro, não é porque a acusadora é mulher que tem razão. Então minha pergunta é: em que medida a senhora concorda ou discorda da candidata Soraya Thronicke nessa crítica em relação ao suposto vitimismo feminino?

[Simone Tebet]: Bom, gostaria de agradecer a pergunta, Thaís, nós já tratamos desse assunto mais de uma vez, é um tema que eu acho que envolve a todos nós. Ser feminista é defender o direito das mulheres. E não tem lado, não é a esquerda ou a direita que vai ter... dizer e vai capitanear essa pauta. Ser feminista é defender o direito das mulheres. E eu quero fazer aqui um elogio inclusive à candidata Soraya porque, nesse sentido, ela concorda comigo. Sabe o que é ser feminista no Brasil hoje? É olhar pra essas mulheres que estão nas barracas de lona, em praças públicas, alimentando no seio uma criança, ela mesma com fome, porque teve que dar o pouco do resto de comida que tinha pro seu filho mais velho. Sabe o que é ser feminista? É defender, como eu e Soraya defendemos, a igualdade salarial entre homens e mulheres. Aprovamos no Senado, e se eu for eleita presidente da república, eu tiro da gaveta da Câmara dos Deputados porque tá lá parado. Não é possível, no Brasil majoritariamente feminino, que somos maioria do colégio eleitoral, na mesma função, com a mesma atividade, com a mesma profissão, com a mesma competência ganharmos até 20% menos. Se formos negras então, chegamos a receber 50% menos. Temos as nossas diferenças, eu não concordo, sendo bem objetiva, com esta colocação da senadora Soraya. Mas tenho que dizer que a bancada feminina no Senado Federal é atuante. Nós precisamos de uma mulher pra arrumar a casa. Nós precisamos de uma mulher pra pacificar o país, pra unir o país, pra dar credibilidade, pra fazer com que esse ódio que hoje divide, e que começou lá atrás, no governo do PT, do nós contra eles, definitivamente chega ao fim porque hoje tá dividindo as famílias. Ninguém fala de política na mesa do domingo porque não quer mais criar confusão, sendo que a política é a essência da vivência da democracia. Então, nesse sentido, eu quero ampliar esse debate. Ser feminista é respeitar as mulheres que pensam diferente. Soraya pensa diferente de mim em alguns pontos, mas defende os direitos das mulheres como eu.

[Soraya Thronicke]: Thaís, boa noite. Primeiro lugar, gostaria que você até mesmo repetisse, porque eu estou surpresa. Eu acredito que eu não tenha entendido a afirmativa que colocaram na minha boca. Mas vamos lá, vamos ouvir novamente.

[Thaís Oyama]: Disse em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, que não é porque a acusadora é mulher que tem razão. Evidentemente que a senhora estava generalizando, não é?

[Soraya Thronicke]: Ah, tá. Eu assustei porque você estava falando para mim que era caso de estupro, e que a mulher não tinha razão. Pelo amor de Deus. Jamais.

[Thaís Oyama]: Foi no caso do debate, senadora.

[Soraya Thronicke]: Ah, tá. Eu gostaria que devolvessem o meu tempo, porque eu quis entender que caso que é. Sim, como advogada, eu entendo que a gente tem que analisar o fato por fato, e que sim, por que que uma mulher não pode mentir? Mas eu quero dizer para vocês o seguinte: eu sou pela paridade, Thaís, paridade. Tanto foi que eu escolhi para ser meu vice um homem. O que eu quero é nada mais... não quero mais do que nós mulheres merecemos. Mas queremos o nosso lugar, no nosso espaço de poder, que nós merecemos e que nós temos a capacidade. E aí, eu quero me solidarizar com a Vera. Acho que o meu tempo vai acabar e eu gostaria...

[Eduardo Oinegue]: Candidata, o seu tempo foi paralisado no tempo em que a jornalista fez o comentário. Então, a senhora tinha um minuto para o seu comentário.

[Soraya Thronicke]: E eu já usei?

[Eduardo Oinegue]: Já usou. Obrigado. Candidata Tebet.

[Simone Tebet]: Eu fui a primeira mulher presidente da Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher, no Senado. Ali eu vi coisas inimagináveis. Já tinha visto ali no caso concreto como prefeita. Mas ali eu tive uma constatação muito triste que esse registro eu preciso deixar ao Brasil, para entender o que significa violência contra a mulher. Uma em cada três mulheres no Brasil sofreu, sofre ou sofrerá algum tipo de violência dentro ou fora de casa. A maior parte acontece dentro de casa, por arma de fogo ou por um companheiro que jurou proteger. Mas o que é mais grave que todos precisam saber, é que a maior violência não acontece com a mulher dentro de casa, ela acontece com a criança de zero a 14 anos. 60% da violência acontece, eu estou falando de pedofilia, eu estou falando de estupro, eu estou falando de abuso sexual. É disso que nós estamos falando. E contra isso é tolerância zero, nós temos que colocar na cadeia quem agride a mulher brasileira, quem agride uma criança, quem agride um adolescente. Nós temos que dar exemplo. Exemplo que, lamentavelmente, o presidente não dá quando desrespeita as mulheres, quando fala das jornalistas, quando agride, ataca e conta mentiras, como acabou de fazer. Quero dizer que eu não tenho medo. Quero dizer que fake news e robôs do seu governo não me amedrontam. Eu fiz aquele posicionamento que foi cortado e editado para virar fake news, porque estava justificando uma decisão do seu presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco. Foi a decisão dele que impediu a investigação de governadores. Eu fui fazer uma justificativa da decisão dele. Então quero dizer para o presidente da República, nem é para o candidato, que fabrica fake news e que fala inverdades, eu não tenho medo de você e nem dos seus ministros. Recebi violência política na CPI, fui chamada de "descontrolada", um outro, de dedo, me ameaçando porque queria me impedir de falar e de participar da CPI da vida. E pior que isso, um ministro seu tentou me intimidar, entrando no Supremo Tribunal Federal porque eu denunciei o esquema de corrupção da vacina que vossa excelência não quis comprar.

[Adriana Araújo]: Obrigada. Próxima pergunta é da Folha de S.Paulo, com a jornalista Mônica Bergamo.

[Mônica Bergamo]: Boa noite. Minha pergunta vai para a Senadora Soraya, com comentário de Luiz Felipe D'Ávila. Senadora, eu gostaria de fazer uma pergunta sobre religião. A separação entre igreja e Estado foi consagrada no Brasil na Constituição de 1891, faz mais de um século. O estado laico, que é o Estado que não tem religião, não tem uma única religião, ele garante a liberdade para todas as religiões. Só um estado laico garante liberdade para todas as religiões. Evangélicos, brasileiros, umbandistas brasileiros, muçulmanos brasileiros, católicos, judeus, kardecistas e os ateus, todos têm direito a sua fé e convicção. O Código Penal diz que é crime quando você escarnece de alguma religião, quando você escarnece de alguém por motivos religiosos. Dizer que é coisa de demônio etc. Eu queria saber como a senhora, se eleita presidente, vai lidar com essa questão, vai garantir esse preceito fundamental da nossa Constituição.

[Soraya Thronicke]: Lógico, Mônica. Lógico. É óbvio. Todos têm direito a adorar o Deus que bem entenderem. Eu sou cristã e vim aqui trabalhar para a paz. Estou trabalhando nessa campanha para disseminar a paz e a união entre as pessoas, pedir para as pessoas acabarem com essa polarização e de disseminar o ódio entre os brasileiros, um povo amável, um povo afável, que, infelizmente, estão nos separando. E mais, Mônica, eu quero aqui aproveitar, eu sou muito tranquila, vim na paz, bandeira branca, só que quando eu vejo o que aconteceu agora com a Vera, eu realmente fico extremamente chateada. Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada. Aí eu fico brava, sim. E digo mais para você. Lá no meu estado, tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas. Eu não aceito esse tipo de comportamento e de xingamento; e, acima de tudo, disseminar ódio entre os brasileiros e nos dividir. Nós dizíamos sempre, lá atrás, que o PT nos separava, separava para conseguir manipular e manobrar todo mundo. Este governo está fazendo a mesma coisa. A mesma coisa. Age da mesma forma. Se você é de direita ou de esquerda, de centro, não me importa, eu tenho que te respeitar, acima de qualquer coisa. Então, liberdade religiosa para todos nós; e temos, sim que não permitir que as pessoas fiquem utilizando, na política, o nome de Deus em vão. É vergonhoso. Já tem aí evangélicos, já tem muitos católicos chateadíssimos e tem candidato perdendo eleitor por causa dessa falta de respeito com a religião.

[Felipe D'Avila]: Bom, Mônica, a religião é algo de foro íntimo, que tem que ser respeitado. A crença é uma das liberdades individuais mais importantes. Eu mesmo sou muito católico, praticante, e respeito, e é preciso manter a religião longe da política. Isso aqui não é uma teocracia. Isso aqui é uma democracia. E sabe qual é o dizimo que a gente mais está usando hoje? Chama-se "fundão eleitoral". Sabe o que é o fundão eleitoral? Todos aqui, R$ 5 bilhões, tira do seu bolso para ficar gastando dinheiro em campanha política. Dinheiro que devia estar indo para a Saúde, para ter pelo menos 900 mil crianças, jovens, em escola em tempo integral. Daria para usar esse dinheiro e ter três milhões de cirurgias no SUS, e a gente fica usando esse dinheiro de forma perversa para financiar campanha política. Essa é uma das únicas coisas que mostram o mau exemplo do uso do dinheiro público. O dinheiro público brasileiro vem sendo usado mal porque a gente tem mania de escolher o menos pior. Tem que acabar com isso, tem que respeitar o dinheiro público, tem que respeitar o bolso daquele que trabalha.

[Soraya Thronicke]: Bom, não posso deixar aqui de colocar também que eu já estou vacinada contra a mentira, e não virei jacaré até hoje, graças a Deus. Mas o povo brasileiro não está vacinado contra mentira. Vamos lá. O Governo Federal propôs R$ 200 de Auxílio Emergencial. Quem subiu para R$ 600 e quem está colocando R$ 600 no bolso dos brasileiros somos nós, senadores e deputados. Então, não aguento mais mentira. Mentira em relação à corrupção. Aqui está difícil, entre presidentes, alguém ter a moral, a moral de olhar para a cara dos brasileiros e falar que não existe corrupção. Chega disso! Chega de briga, chega de confusão, chega de usar o nome de Deus em vão, e vamos mudar. Vamos virar a página deste país. Eu não tenho tempo para brigar. Então não vou me misturar com briga e confusão. É lógico que eu fico brava porque eu sou gente como todo mundo que está me ouvindo. Não sou atriz e não estou aqui para disfarçar, mas vocês podem ter certeza de que, do jeito que está, eu vou começar a entregar, e é muita coisa aqui. Reforcem a minha segurança, delegado.

[Adriana Araújo]: Obrigada. Só fazer um registro, ao final da fala da candidata Simone Tebet, o candidato Jair Bolsonaro fez um pedido de direito de resposta, está registrado aqui. A comissão que avalia já está analisando o caso. Podemos seguir.

[Eduardo Oinegue]: quem faz a pergunta agora, pela Rádio Bandeirantes, é a jornalista Thays Freitas. Por favor, quem vai responder e comentar, Thays?

[Thays Freitas]: Boa noite a todos. A minha pergunta é para o candidato Luiz Felipe D'Ávila, comentário da candidata Simone Tebet. É um assunto, candidato, que sempre está presente na programação da Rádio Bandeirantes, em todo o Brasil, e diz respeito à infraestrutura do país, especialmente em relação ao agronegócio. Hoje, o Brasil é o segundo maior exportador de grãos do mundo, e existe um gargalo para fazer com que esses grãos cheguem aos portos. Havia um projeto, ele existe ainda, é o projeto da Ferrogrão, que foi suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal Federal, e isso ainda não saiu do papel, ligaria o Mato Grosso ao Pará, fazendo com que o escoamento da safra fosse mais rápido e mais barato. Pela magnitude da produção agrícola do Brasil, pelo tamanho da importância do país como produtor de grãos, eu pergunto ao senhor: caso o senhor seja eleito, qual é a sua proposta para fazer com que esse deslocamento de uma produção de milhões de toneladas pelo país seja feito de uma forma melhor, mais econômica, mais inteligente do que é feito hoje?

[Felipe D'Avila]: É verdade, Thays, e nós precisamos de investimento privado, daí parcerias público-privadas, concessão, nós precisamos de dinheiro privado, e dinheiro privado só vem se a gente acreditar em contrato, ter segurança jurídica, honrar o que está no papel, e não ficar encampando depois, como aconteceu com a Linha Amarela no Rio de Janeiro, uma vergonha total! Então, nós precisamos dessa confiança. O Congresso aprovou um projeto importante, o novo PL das Ferrovias. Isso vai permitir, sim, que haja mais investimento em ferrovia, que é algo fundamental para o Brasil. Mas tem outras áreas essenciais: saneamento básico. Eu não sei como as pessoas são contra privatização. Vejam só vocês: hoje, o que acontece? Quem controla o saneamento básico? A maioria estatal, empresas ineficientes, cem milhões de brasileiros não têm acesso a esgoto tratado. Finalmente, agora, se aprovou o Marco do Saneamento. E, olha, fica de olho no Congresso, hein! Que pode vir encrenca pela frente. Apesar de ter aprovado lá o Marco do Saneamento Básico, já começa a maracutaia para ajudar estatal. É assim: estatal agora não vai ter que participar de licitação, só a iniciativa privada; já está começando, é bom ficar de olho naquilo lá. Muito importante para que nós tenhamos recursos privados. E aí já tem meta para acabar com essa excrescência que é deixar cem milhões de brasileiros sem saneamento básico em 2033, com investimento privado. Portanto, é o investimento privado, é o mercado que resolve. Daí a importância da privatização. A gente tem que privatizar tudo no Brasil. Privatização porque tem que acabar com esse cabide de emprego público, esse mau uso de dinheiro público, esses lugares onde são feitos os maiores escândalos de corrupção do Brasil: são lá Mensalão, Petrolão; chega disso! Nós precisamos escolher os melhores, aqueles que vão abrir a economia do Brasil, atrair investimento privado, investir em concessão e parceria público-privado para resolver a questão da infraestrutura brasileira, que, hoje, é dos maiores gargalos do Custo Brasil: o desperdício de alimento. Sabe por que tem gente passando fome hoje? 55 milhões de toneladas de alimento são desperdiçadas quando o alimento que sai da fazenda e chega até o supermercado. Se nós economizássemos 5 milhões de toneladas, 10% desse valor, acabaria com o problema da fome no Brasil.

[Eduardo Oinegue]: Candidata?

[Simone Tebet]: Sem dúvida nenhuma nós precisamos de investimento privado para o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda. Eu nasci em uma cidade rasgada por ferrovias. Sou do Centro-Oeste, do celeiro do Brasil, e conheço bem essa realidade. Nós temos projetos parados, e já não é de agora, para rasgar o Brasil de norte a sul, de leste a oeste com rodovias. Mas quem faz ferrovias no Brasil é a iniciativa privada. Só dos projetos que estão lá, 20 deles têm a capacidade, nos próximos anos, de injetar R$ 100 bilhões na economia brasileira. Nós podemos estar falando de algo em torno de dois milhões e meio de empregos, diretos e indiretos, no Brasil. Rasgar o país de ferrovias significa trazer os grãos mais baratos, mais rápidos, de forma mais ecológica e fazendo, com isso, que nós possamos nos tornar mais competitivos ainda com o mercado internacional.

[Felipe D'Avila]: O agronegócio é um exemplo para o Brasil. É o único setor da economia que consegue competir na economia global. Portanto, infraestrutura para o agro é vital para continuarmos a exportar mais. E outra: para ajudar o agro exportar não só commodities, mas valor, bens de maior valor agregado. E é um absurdo, viu, Lula? Chamar o agro de fascista; isso é um absurdo! Esse é o motor da economia brasileira. Nós temos de ter orgulho do agronegócio brasileiro, esse agro sustentável, que hoje é o maior produtor... um dos maiores produtores de soja, algodão do mundo. O mundo, hoje, depende do Brasil para ser alimentado. Portanto, nós temos de honrar o que há de melhor. Nós precisamos parar com essa história, esse complexo de vira-lata e ter complexo das coisas que a gente faz bem. O agro brasileiro é um exemplo. Nós precisamos enaltecer o agro. O agro é o que fez a economia crescer. Se você tirar o crescimento do PIB do agro, sabe quanto o Brasil teria crescido? Zero. Zero. O mundo cresceu 32% de 2010 a 2020, e sabe quanto cresceu o Brasil? 2,5. E se tirar o agro, cresceu zero. Portanto, nós temos de enfatizar o que é de valor no Brasil, que é o agro. E é por isso que a gente tem que tirar o Estado das costas das pessoas que trabalham, que geram riqueza, que produzem. O Estado brasileiro só inferniza a gente com burocracia e com imposto, cada vez mais imposto sendo cobrado para prestar um serviço público de péssima qualidade, como é o caso da infraestrutura no Brasil: estradas esburacadas. É isso que é a ineficiência e a incompetência desses que governam o país. Chega de eleger o menos pior para a Presidência da República.

[Eduardo Oinegue]: A comissão avaliou o pedido de direito de resposta do candidato Jair Bolsonaro e foi recusado. Chegamos ao final deste bloco no primeiro debate entre os candidatos à presidência realizado aqui nos estúdios da Band, em São Paulo, pelo Grupo Bandeirantes em parceria com a TV Cultura, a Folha de S.Paulo e o portal UOL.

[Adriana Araújo]: Depois do intervalo, mais um confronto direto entre os candidatos, só que agora eu e o Eduardo Oinegue nos despedimos porque o próximo bloco será mediado pelos jornalistas Leão Serva, da TV Cultura, e Fabíola Cidral, do UOL.

[Eduardo Oinegue]: Olho no voto, eleições 2022.

Terceiro bloco

[Leão Serva]: Boa noite.

[Fabíola Cidral]: Boa noite. Voltamos ao vivo para todo Brasil com este que é o primeiro debate das Eleições 2022 entre candidatos à Presidência da República. O encontro promovido em parceria entre o Grupo UOL, Bandeirantes, TV Cultura e jornal Folha de S.Paulo.

[Leão Serva]: Um momento histórico para a democracia brasileira. É a primeira oportunidade que os eleitores têm para comparar no mesmo programa as propostas, as ideias e as reações dos candidatos. Lembro que o debate está sendo exibido na internet pelos canais digitais de todas as empresas do pool, e também nas rádios Cultura Brasil e Cultura FM.

[Fabíola Cidral]: Esse bloco abre com mais uma rodada de confronto direto entre os candidatos. Vamos então relembrar as regras que foram aprovadas por todos os partidos. Cada candidato escolhe quem vai responder e tem um minuto para a pergunta e um minuto para a réplica. A resposta e a tréplica terão tempo acumulado de quatro minutos para ser administrado pelo candidato. Os candidatos só podem responder uma vez. Na sequência do bloco, mais uma rodada com perguntas sobre programas de governo para todos os candidatos. Serão três perguntas, cada uma respondida por dois dos candidatos. O tempo de resposta é de um minuto. Logo após essa rodada, os candidatos terão dois minutos para as suas considerações finais, em ordem invertida ao início do debate.

[Leão Serva]: Vamos começar então esse segundo momento de confronto direto. Eu lembro que cada candidato só pode responder uma vez.

[Fabíola Cidral]: E pelo sorteio prévio, quem começa essa rodada indicando quem vai responder é a candidata Simone Tebet. A quem a senhora pergunta, candidata?

[Simone Tebet]: Ao candidato Bolsonaro. Eu vou reformular minha pergunta, até porque eu vi que ele fez um pedido de resposta e não foi atendido. Eu gostaria dar oportunidade a ele. Então, eu vou reformular a minha pergunta. O candidato Bolsonaro, como deputado, defendeu um assassino de mulheres... de uma mulher, no Senado. Defendeu um torturador de mulheres, assim mesmo, no plural. Votou contra os direitos das empregadas domésticas, votou contra o contrato de trabalho e direitos trabalhistas das mulheres. Ameaça jornalistas, comete misoginia, agride as mulheres brasileiras. Eu mesma já fui vítima, repito aqui, de violência política de seus ministros. Eu quero de forma bem objetiva não voltar na questão do robô, que não me intimida, dos recortes de fake news que são divulgados a todo momento, inclusive sobre a minha candidatura. Mas a pergunta é bem objetiva. Candidato Bolsonaro, por que tanta raiva das mulheres?

[Jair Bolsonaro]: Me acusa sem prova nenhuma. Começo dizendo que eu defendi o estuprador. Qual? Qual estuprador? Por que essa forma barata de me acusar como se eu não gostasse de mulheres? Eu fui o governo que mais sancionou leis defendendo mulheres. Hoje, é o Dia do Voluntariado. Eu quero cumprimentar a primeira-dama pelo brilhante trabalho que ela faz nessa área. Nunca foi procurada por vossa excelência para tratar desse assunto. Duas mulheres foram na CPI da Covid, a senhora Nise Yamaguchi e a senhora Mayra, lá do Ceará. Foram maltratadas. Foram esculhambadas. Foram humilhadas. Onde estava vossa excelência que era da comissão da Covid? Estava escondidinha apoiando Renan Calheiros, Omar Aziz. Apoiando essas pessoas. Não foi defender mulheres lá. E duas mulheres, quem tem algo contra Nise Yamaguchi, meu Deus do céu? Quem tem algo contra à senhora Mayra, lá do Ceará? Duas médicas. O que a senhora fez? Veio com discurso barato, que eu ataco, que eu agrido as mulheres. Não cola mais. Não cola isso. Uma mulher se, porventura, faz algo errado, ela tem que responder por isso. E não ser defendida só porque é mulher. Chega de vitimismo. Somos todos iguais. Repito, sancionei mais de 60 leis em defesa das mulheres. E eu tenho certeza, uma grande parte das mulheres do Brasil me amam, que eu defendo a família, eu sou contra a liberação das drogas, que tem muita gente aqui que é favorável a liberação das drogas, essas pessoas não sabem o que é uma mãe ter um filho em casa drogado. Eu defendo as mulheres. Quando eu defendo a arma, no campo, em especial, é para dar chance para a mulher se defender. Eu dei mais de 370 mil títulos da Reforma Agrária no Brasil, seu estado foi muito beneficiado, e deixo claro, 90% desses títulos foram para mulheres. Das 20 milhões de pessoas que recebem Auxílio Brasil, em torno de 15 milhões são mulheres. Para com essa mania. Faz política, fala coisa séria. Não fica aqui fazendo joguinho de "mimimi". Robô? Ora, meu Deus do céu, qual é a sua posição sobre liberdade de imprensa? Não vi ninguém do seu lado falar sobre essa agressão contra os empresários que tiveram uma busca e apreensão na tua casa porque estavam discutindo numa rede privada. Que negócio é esse? Qual a defesa que a senhora faz da liberdade de imprensa? Da liberdade... em toda sua plenitude? Para de fazer discurso barato, prezada senadora.

[Simone Tebet]: Mais uma vez o candidato fabrica fake news e divulga fake news. Líder da bancada feminina, nós tínhamos um rodízio, podíamos, no início, ficar uma única mulher. Assim que ouvi a Dra. Nísia sendo agredida, ela foi vítima de violência política, sim, não concordo com as ideias dela, mas ela foi vítima, liguei para a senadora Leila que era aquela que estava no rodízio, ela foi lá e, mesmo sendo da oposição do atual Presidente, defendeu a Dra. Nísia, exigindo que fosse respeitada e pudesse ter voto. Mas é isso, vamos parar de briga. Lugar de Presidência é lugar de exemplo, de coisa séria. Não podemos ter um Presidente que mente, que cria fake news, que divide as famílias, que destila ódio, que agride da forma mesmo desrespeitosa qualquer pessoa que, de alguma forma, lhe aponte a verdade. Mas vamos fazer diferente. Nosso governo será um governo de amor, de cuidados verdadeiros; e só assim nós mudaremos o Brasil, de verdade.

[Jair Bolsonaro]: Defesa da família, contra o aborto, nós somos favorável à vida dele, à sua concepção, contra a liberação das drogas. Nós defendemos a propriedade privada. Nós demos, através de decretos e portarias, o legítimo direito à defesa a todos, em especial às mulheres. É um governo que faz por todos. É um governo que não divide, que não fala grosso para tentar intimidar quem quer que seja só porque é mulher. Nós somos um só país, uma só pátria, um só povo. Nós pregamos a união, o amor, a compreensão. Por que me atacar porque eu acabei com harmonia da corrupção de muita gente por aí, é por isso? Por isso essa raiva de todos contra Jair Bolsonaro?

[Leão Serva]: A próxima a perguntar é a candidata Soraya Thronicke. Para quem a senhora vai perguntar, senadora?

[Soraya Thronicke]: Para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

[Leão Serva]: Um minuto para a sua pergunta, por favor.

[Soraya Thronicke]: Candidato, o brasileiro sofre hoje com dois problemas econômicos muito graves que são: a inflação e o desemprego. E a cobrança excessiva de impostos federais agrava muito esses dois problemas, porque impede a criação de novos postos de trabalho e, também, rouba grande parte do poder de compra das famílias. O senhor começou a governar 20 anos atrás, ficou no governo por 14 anos, e agora volta. Volta sem proposta. Não sei o que vai fazer para acabar com a carga tributária, melhorar o poder de compra das pessoas. Gostaria de ouvir do senhor, porque não consegui entender até agora no seu plano.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Candidata Soraya, obrigado pela pergunta. Eu acho que vossa excelência não deve ter acompanhado o que aconteceu neste país. Não sei se a senhora tem memória que, quando eu tomei posse, em 2003, o Brasil estava quebrado. Nós tínhamos uma inflação de 12%, desemprego de 12%, nós tínhamos uma dívida pública de 60.4% e tínhamos uma dívida externa de 30%. Esse que vos fala reduziu a dívida pública líquida para 39%. Esse reduziu a inflação, que foi para dentro da meta de 5; 5,5; 6; 4,5? porque eram dois para mais e dois para menos. Esse que vos fala gerou 22 milhões de empregos neste país e, mais ainda, nós conseguimos começar uma reserva internacional que deu ao país uma estabilidade que jamais o país teve. País que tinha quebrado duas vezes em 1998. E obviamente que eu volto com único compromisso e possivelmente eu seja a única pessoa a dizer isso, que eu não posso voltar e fazer menos do que eu fiz porque seria melhor não voltar então. Eu quero voltar para ver se esse país volta a gerar emprego, para ver se esse país volta a aumentar salário, para ver se o salário-mínimo volta a aumentar, pra ver se a gente consegue fazer uma Reforma Tributária, que botei duas reformas tributárias para o Congresso Nacional, e não passa. Este país é possível ser consertado, eu já provei uma vez. Eu tenho prazer de quando eu deixei a Presidência, a economia crescia 7,5%, o comércio varejista crescia 13%, e a gente estava vivendo situação em que o trabalhador mais pobre tinha recebido 80% de aumento, enquanto o rico recebera apenas 20% de aumento. Não era tudo, não era, mas foi o mais importante governo de inclusão social da história deste país.

[Soraya Thronicke]: O seu partido, um corrupto confesso, e esse mundo lindo que o senhor fala só existe na propaganda eleitoral do senhor. O Brasil precisa mudar, e mudar de verdade, para valer. Precisa do mundo digital... nós já estamos caminhando, e os seus economistas são todos mofados. Nós temos uma solução para o Brasil, que é a solução do Imposto Único Federal. Nós vamos excluir, retirar 11 tributos federais e vamos trocar por um só, uma alíquota de 1.26%, que vai aumentar o poder de compra do brasileiro e diminuir a inflação. Além disso, isentar de imposto de renda e de INSS quem ganha até 5 salários mínimos. Tudo aquilo que é descontado do teu salário vai sobrar no seu bolso. Como nós vamos fazer isso? Não é milagre. Tem conta. São 30 anos de estudo do professor Marcos Cintra, e eu desafio qualquer economista a discutir comigo Imposto Único Federal.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: A candidata Soraya, se ela tivesse acompanhado a política desse país, ela percebia que o seu vice já fez essa proposta 30 anos atrás e não foi sequer levada em conta pelos eleitores desse país e desse estado. A segunda coisa que eu queria dizer para a candidata Soraya é de que, nesse país, se consegue falar muita coisa, e a senhora diz que não viu esse país que eu falei acontecer; o seu motorista viu. O seu jardineiro viu. A sua empregada doméstica viu. Você pode perguntar para a sua empregada doméstica, que ela viu que esse país melhorou, ela viu que ela podia almoçar e jantar todo santo dia, que ela podia tomar café. Ela viu que o filho dela poderia entrar em uma universidade. O seu jardineiro viu. Ora, porque os pobres efetivamente cresceram nesse país e conquistaram cidadania. Talvez a senhora não tenha visto. Eu não sei se a senhora votou favorável à legalização do emprego da empregada doméstica, mas ela viu que melhorou a vida dela. Ela viu que ela foi respeitada. E é assim que vai voltar a ser: o pobre deste país vai voltar a ser respeitado. Ele não vai ter emprego verde e amarelo, ele vai ter emprego efetivamente, sabe, com descanso semanal remunerado, com direito a férias, porque esse país acabou a escravidão em 1888. Não é possível que o trabalhador, hoje, fique trabalhando como se fosse um entregador de comida, sentindo o cheiro da comida sem poder comprar o que comer. É preciso que a gente legalize a vida desse cidadão; transformá-lo em um pequeno empreendedor é dar cidadania para ele. É fazer com que ele tenha direito quando sua moto quebra, quando seu carro quebra, quando a sua bicicleta quebra, e é isso que nós vamos fazer, porque é isso que nós sabemos fazer, e é isso que nós fizemos a vida inteira. Nada de escravidão no século XXI. É preciso voltar ao tempo da liberdade que eu aprendi desde o movimento sindical.

[Fabíola Cidral]: Candidato Ciro Gomes, o senhor é o próximo a perguntar. A quem o senhor pergunta?

[Ciro Gomes]: Ao professor D'Ávila. Meu caro professor, esse mundo mágico do PT, que o Lula corta a conclusão dele, que deu no Jair Bolsonaro, terminou com a expansão do crédito de 15 para algo ao redor de 52% no período do Lula e do PT. Porém, na mesma data, foram praticados os mais altos juros do planeta Terra, consistentemente, lá como hoje, e hoje o Brasil tem 66.600.000 jardineiros, motoristas, empregados domésticos, 66.600.000 pessoas humilhadas no SPC. Eu tenho uma proposta para refinanciar essa dívida de todos os brasileiros que estão humilhados no SPC e de seis milhões de empresas que também caíram no conto do juro alto e que estão no Serasa. Qual é sua opinião sobre essa proposta?

[Felipe D'Avila]: Bom, Ciro, nós vivemos nesse país do realismo mágico, não é? Se nós pegarmos... Que nem um jogo de futebol: quando terminar lá os 45 minutos do segundo tempo, depois de 14 anos no poder, qual foi o Brasil que o PT deixou para nós 13 milhões de desempregados, a maior recessão econômica da história, contas públicas estouradas, o maior escândalo de corrupção do mundo, o início do nós e eles, que começou a esgarçar a democracia brasileira. A democracia brasileira começa a ser fragilizada com a corrupção: a corrupção das instituições, a corrupção dos valores, a corrupção de honrar o contrato, que não foi mais respeitado. E o que foi esse gigantismo do Estado? Destruiu empregos e deixou muita gente rica. Lembra EBX? Tudo usado com o seu dinheiro. Sabe qual foi o rombo só das estatais se nós pegarmos aí 2011 a 2020? R$ 160 bilhões, dinheiro do nosso imposto, nós, que trabalhamos, que a União teve que pagar para cobrir rombo de estatal. Esses cabides de emprego, esses lugares onde é o antro da corrupção do Brasil. Portanto, essa é a forma fracassada. Não há a menor dúvida, se o PT voltar ao poder, a chance de o Brasil voltar a crescer de forma sustentável, a abrir a economia, competir no comércio global, gerar renda e emprego, tirar o Estado pesado das costas de todos nós que trabalhamos, produzimos, é zero! Zero. Chega de autoengano.

[Ciro Gomes]: A minha ideia é de que 60% do PIB brasileiro, quando cresce ou não cresce, depende do consumo das famílias, e o consumo das famílias vem de emprego e renda, que só aparecem depois que a economia volta a crescer, e faz 11 anos... 8 de PT, 3 de Bolsonaro... que o país cresce perto de zero. Portanto, renegociar dívidas, refinanciar as dívidas é relativamente simples; procure no cirotv.com.br, cirogomes.com.br os detalhes disso, mas é simples: um grande leilão, todos os crediaristas, as contas que estão aí, os credores que derem o maior desconto... eu tenho conseguido no Serasa 90% de desconto, traz a dívida média sua de R$ 1.400. Refinanciar esses R$ 1.400 em muitas prestações, 36 vezes, com juro moderado; é simples e eu posso fazer.

[Felipe D'Avila]: Olha, só tem uma forma pro Brasil voltar a crescer. Primeiro é abrir a economia. Nenhum país do mundo ficou rico fechando sua economia, criando reserva de mercado, tendo um monte de estatal. 500 estatais no Brasil. Tem que privatizar, abrir a economia, fazer com que o investimento externo volte a ajudar o Brasil a crescer. Precisamos investir na educação, precisamos aproveitar essa enorme oportunidade do meio ambiente. Nós precisamos olhar pro mercado. Sabe o que acontece? O Governo não chama quem gera riqueza, que é o setor privado, pra conversar. O Governo só cria problema pra quem produz nesse país e gera riqueza, que é o setor privado. Portanto, gente, não se iluda. Essas formas desse estatismo, que é uma doença nesse Brasil, jamais o Brasil vai voltar a crescer, a gerar renda e emprego de forma sustentável. Jamais vai tirar gente da pobreza. Vai ter que ficar criando programa emergencial a vida inteira pra sustentar as pessoas. E sabe o que as pessoas querem? A dignidade do trabalho. Eu pergunto a você: a sua vida melhorou ou piorou nos últimos dez anos? Todo mundo que eu converso nesse Brasil me fala: "A minha vida piorou muito". É lógico que piora. A economia não cresce. A dignidade do emprego não existe. Portanto, gente, para de votar no menos pior. Vamos olhar pro Brasil que dá certo. É o Brasil do setor privado. Deixa as pessoas trabalharem e gerarem riqueza que esse Brasil vai ser uma potência mundial. Deixa a gente trabalhar e empreender. É só isso que o brasileiro pede. Não tá pedindo favor do Governo. Não quer mais dinheiro. Não quer mais gasto. Não quer mais malabarismo com dinheiro. Não quer nada. Quer regras claras e deixa o mercado trabalhar. É assim que nós vamos gerar oportunidade de verdade e parar de ter um programa emergencial atrás do outro por causa da incompetência da gestão pública. Tá na hora do Estado servir o cidadão ao invés de se servir do cidadão pra defender privilégio do setor público e do setor privado.

[Leão Serva]: O próximo a perguntar é o candidato Jair Bolsonaro. Candidato, pra quem pergunta?

[Jair Bolsonaro]: Quem tá sobrando aí?

[Leão Serva]: A senadora Simone Tebet e Soraya Thronicke. O Ciro Gomes também.

[Jair Bolsonaro]: Vou perguntar pro Ciro, ter um papo sobre mulher aqui, Ciro. Ô Ciro, defesa da mulher é uma obrigação nossa. Nós tivemos vários programas, além das quase 70 leis aprovadas. Tivemos o programa Qualifica Mulher, que estimula ações que promovam autonomia econômica das mesmas, programa Mães do Brasil, pra amparar mulheres no exercício de sua maternidade, Casa da Mulher Brasileira também é outra ação nossa. E nós temos também um grande programa de microcrédito na Caixa Econômica Federal. Esse último programa que busca inserir a mulher no mercado de trabalho com esse microcrédito que ela pode fazer o empréstimo e abrir seu salão de beleza, por exemplo. Políticas como essa, o que você acha? Você tem como ampliá-las?

[Ciro Gomes]: Presidente Bolsonaro, a grande questão da incompreensão e da crítica que muitos fazemos é que o senhor aparentemente não percebe ou não dá valor, não respeita com a devida delicadeza, com devida profundidade que todos nós devemos essa grave questão feminina. Nós assistimos, todos aqui, a jornalista Vera Magalhães quantas vezes já me criticou, quantas vezes já me trouxe algum dessabor no seu jeito, no seu estilo de fazer, pra mim é uma amiga que eu respeito, que eu quero bem, e respondo às vezes com certa dureza. O senhor disse certa feita pra chocar todos nós que nasceram seus três filhos e que aí nasceu uma filhinha porque teve uma fraquejada. Isto é o que faz com que as pessoas desconsiderem as suas políticas. Eu não entro nisso. O que eu quero entrar, concretamente, é que hoje 78 de cada 100 mulheres brasileiras estão no limite recorde de endividamento. Elas não vão sair dessa dívida sem uma política pública. A minha obsessão, a minha obsessão é entender que uma mãe, quando o filho pede um bocado, um pedaço de pão seco pra comer e não tem, ela parte, rasga o coração. Isso só quem não compreende. É preciso ter um programa de renda mínima que erradique a miséria porque o Brasil tem comida, diferente do fundão da África. A lei que eu quero propor de combate à ganância simplesmente faz com que a quitação da dívida das pessoas aconteça quando ela duplicar o gasto. Não é razoável essa escravidão eterna que é o mesmo modelo econômico. O presidente Lula se zanga às vezes, é uma crítica que não é pessoal. O governo do PT transferiu pros bancos quatro trilhões e R$ 88 bilhões de juros. Eu fui fazer a conta com o mesmo critério, transferiu com políticas importantes pro povo R$ 330 bilhões pros pobres. Como nunca ninguém de verdade tinha feito nada pelos pobres, o pouquíssimo que o senhor fez parece muito. Mas não é razoável o Brasil viver como está vivendo, e nós precisamos desse conjunto de políticas pra fazer. Portanto, eu aplaudo, colaboro, coopero todas as iniciativas do seu governo. Sabe disso. Na pandemia, o deputado Mauro Benevides Filho desenhou junto comigo, pergunta ao Paulo Guedes, um projeto pra botar R$ 170 bilhões de fundos setoriais que não tinham sido aplicados pra financiar o socorro emergencial. Portanto, eu não sou daqueles críticos que esquece a realidade nem os limites. Apenas o seu governo não conseguiu responder nem a questão econômica trágica que herdou, porque é verdade que o senhor herdou uma tragédia econômica do PT, e nem conseguiu mudar aquilo que foi promessa solene à governança política do país. O senhor tá filiado ao partido do Valdemar Costa Neto, a quem o Lula deu DNIT pra roubar no escândalo do Mensalão. O Brasil não aguenta mais isso.

[Jair Bolsonaro]: Ciro, já falei da fraquejada, já me desculpei. Peço desculpas novamente. Agora você... espera aí, minha vez de falar. Agora você falou que a missão mais importante da tua esposa era dormir contigo. Pelo amor de Deus, Ciro. Pelo amor de Deus. Peço que você peça desculpas também aí, tá? Então, no tocante à questão da mulher. Uma coisa muito importante, não deixa de ser o tal do Auxílio Brasil, porque com a política do "fica em casa, a economia a gente vê depois" levou muita gente para raias da miséria em nosso país. E quando nós criamos o Auxílio Emergencial, nós procuramos atender primeiro a mulher. Numa família, ela passou a receber o Auxílio Emergencial. E depois, o Auxílio Brasil, também. Tanto é verdade, que 75% do Auxílio Brasil vão para as mulheres. Como disse agora há pouco, a titulação de terras também demos prioridade às mulheres, e não aos homens.

[Ciro Gomes]: Vinte anos atrás, eu cometi uma absoluta infelicidade de fazer uma gracinha com uma mulher extraordinária que foi minha mulher durante 18 anos. Já me desculpei por isso um milhão de vezes, e isso é de se desculpar a vida inteira. Não é disso que estou falando, Bolsonaro. Eu estou falando da sua falta de escrúpulo. Você corrompeu todas suas ex-esposas, todas elas estão envolvidas em escândalos. Você corrompeu os seus filhos. Essa é a questão. Tendo prometido que ia combater a corrupção do PT e do Lula. Essa é a grande contradição que você precisa explicar. Eu não queria trazer esse tipo de argumento aqui, a não ser pela sua falta de caráter de trazer um assunto pessoal de 20 anos atrás, pelo qual já disse, me desculpei muitas vezes, foi uma infelicidade de alguém criado em ambiente machista, reproduziu cultura machista. Mas eu aprendi isso. Você que não aprende nada nunca. Por quê? Porque você é uma pessoa que não tem coração. Sabe, simular sufocamento na hora que o povo brasileiro estava faltando oxigênio em Manaus. Sabe, dizer que não é coveiro na hora que há milhões de famílias brasileiras e amigos, e nos enlutamos. O Brasil tem 3% da população do mundo, morreu 11% das pessoas que morreram no mundo.

[Fabíola Cidral]: O candidato Jair Bolsonaro pediu direito de resposta. A comissão julgadora está analisando, daqui a pouquinho a gente traz a resposta. Pela ordem do sorteio, o próximo a perguntar é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Candidato, o senhor tem duas opções:as candidatas Simone Tebet ou a candidata Soraya Thronicke.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu vou perguntar para a candidata Simone Tebet. Candidata, a senhora teve uma participação extraordinária na CPI da Covid. E eu queria que a senhora dissesse: houve ou não houve corrupção no processo de tratamento da Covid? Houve ou não houve negligência do governo no cuidado da vacina? Quer dizer, o que que se explica o sigilo de 100 anos para o Ministro da Saúde, que agiu de forma totalmente irresponsável, no trato do Covid? O que que se explica para a sociedade um presidente brincar com uma doença que matou 682 mil pessoas, e ele não foi capaz de derramar uma única lágrima por uma das pessoas que morreram? A senhora que participou ativamente.

[Simone Tebet]: Esse tema é um tema muito difícil para eu falar até hoje, candidato Lula. Porque eu entrei na CPI comovida com a dor de famílias e saí totalmente indignada. Sim, pela insensibilidade do atual presidente da República, negou vacina, atrasou 45 dias, muitas pessoas poderiam estar entre nós, não estão por culpa da insensibilidade de um governo que não colocou vacina no braço do povo brasileiro. Aliás, até hoje deu mau exemplo e dá mau exemplo, e não se vacinou. Mas eu quero sim confirmar, eu vi: Houve corrupção, tentativa de comprar vacinas superfaturadas. Os documentos estão aí. Covaxin é o contrato mais escabroso que eu vi. Tentaram pagar antecipadamente US$ 45 milhões para serem pagos no paraíso fiscal por uma vacina que não tinha comprovação científica, para poder trazer para cá sem nenhum critério. E quando nós denunciamos, como denunciamos a tentativa de levar vantagem de um dólar por vacina, nós, eu, especialmente, fui processada no Supremo Tribunal Federal por um ministro do atual presidente. Mas eu gostaria só de dizer que a corrupção não começou nesse governo. A corrupção é fruto de governos passados, e a corrupção mata. Ela tira remédio do posto, ela tira médico da cirurgia, ela tira merenda no posto de saúde, ela tira o dinheiro que está faltando pra gente fazer os investimentos necessários para gerar emprego e renda para a população brasileira. Então, eu só quero dizer que este governo tem esquemas de corrupção, como lamentavelmente teve o governo de vossa excelência.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu perguntei porque eu imaginei que a candidata ia falar se ela concorda ou não com o sigilo de 100 anos. Porque a diferença é que no meu governo nós fizemos, e a senhora, como Senadora, sabe, não teve nenhum processo que facilitou mais a investigação, que melhor remunerou a Polícia Federal, que contratou mais policial federal, que não tinha procurador engavetador, era abertura total e transparência total. O Portal da Transparência, você lembra? A Lei do Acesso à Informação, tudo isso foram coisas que o PT criou, onde até o papel higiênico que se usava no palácio as pessoas poderiam acompanhar. Hoje, qualquer coisinha é sigilo de 100 anos. Sigilo de 100 anos, enquanto, no nosso, eu tirei ministro porque comeu um pastel ou uma porque comeu uma tapioca e não conseguiu provar.

[Simone Tebet]: Esta resposta é a conhecida por todos. Por isso que não responde, é óbvio. No meu governo, vai ser transparência total. Sigilo de 100 anos para quê? Quem quer esconder por 100 anos alguma coisa, deve algo ao Brasil. Mas quero retornar a essa questão da corrupção. Por isso que sou contra a reeleição. Já fui a favor um dia. Acho que precisamos imediatamente assumir um compromisso, todos que estão aqui, pelo fim da reeleição. Para se ganhar a eleição, no passado, se criou o Mensalão, comprando, através de mesada, voto de consciência de parlamentares. Depois, quando foi descoberto, inventou-se o Petrolão. Quase se quebrou uma estatal brasileira, fatiando inclusive com parcela do meu partido, e eu faço mea culpa, inclusive de parlamentares que nem nos apoiam, e estão hoje apoiando o atual candidato do PT. Depois de descoberto, quase se quebrou a Eletrobras para se poder segurar os preços da energia, e depois a conta veio muito cara para nós, para se ganhar a reeleição da ex-Presidente Dilma. E agora, talvez, o maior escândalo da história do Brasil de corrupção, o tempo dirá: o orçamento secreto. R$ 16 bilhões todos os anos, dizendo que está indo para o interior do Brasil, sabendo que essas notas são frias, que serviços não são executados, que esse dinheiro volta, na integralidade, para o bolso de quem o entregou. Essa vai ser, sem dúvida nenhuma, a consequência do Mensalão, do Petrolão, vai ser do orçamento secreto. Triste Brasil, que tem que conviver com isso, quando nós estamos diante de crianças que ligam para o 190, em Belo Horizonte, um menino de 11 anos, de nome Miguel, que pede: "Pelo amor de Deus, eu tô aqui ligando porque minha mãe tá chorando, e nós estamos três dias sem comer". Onde nós temos filas de famílias atrás de osso para fazer o mínimo de caldo, para ter proteína para os seus filhos. Enquanto nós tivermos essa situação, enquanto nós não tivermos políticos sérios, que realmente cuidem das pessoas, se importem, prezem pelo dinheiro público, o Brasil vai lamentavelmente, ano após ano, viver de Auxílio Emergencial e sem a dignidade do trabalho.

[Fabíola Cidral]: O Presidente Jair Bolsonaro, candidato, pediu o segundo direito de resposta. Foi considerado, pela comissão julgadora, negado. Foi negado. Porém, o seu primeiro pedido de resposta foi aceito. O senhor tem 45 segundos.

[Jair Bolsonaro]: Bem, é do Lula: "Ainda bem que a natureza criou esse monstro do Coronavírus". Que moral tu tem para falar de mim, ex-presidiário? Nenhuma moral. Sigilo de 100 anos, uma lei lá do tempo da Dilma para questões pessoais, meu cartão de vacina, ou quem me visita no Alvorada, nada mais além disso. Orçamento secreto: eu vetei, o Parlamento derrubou o veto. É lei. O seu partido, Lula, votou para derrubar o veto no tocante ao orçamento secreto. Não tenho nada a ver com isso. E dizer a vocês também, a vacina corromper? Tentou corromper? Tá de brincadeira, nobre senadora! Tentou corromper? Cadê a corrupção? Cadê o contrato assinado? Cadê a nota? Não tem nada. Só fake news e mentira a meu respeito.

[Leão Serva]: O candidato Lula pediu direito de resposta, a comissão vai analisar. A última pergunta desta rodada é do candidato Felipe D'Ávila. Candidato, pode perguntar para a senadora Simone Thronicke... Soraya Thronicke, perdão.

[Felipe D'Avila]: Nós temos de falar do futuro. Como o Brasil vai crescer, gerar renda e emprego? Para de ficar discutindo só o passado, gente. A gente quer saber como é que vai ter dinheiro no bolso. E a minha pergunta, eu quero até pegar um gancho na senadora Tebet, que falou uma coisa: "Tem que restaurar a dignidade da política". Tem que restaurar, sim. Minha pergunta, Soraya, é a seguinte: Que dignidade é essa, de se aprovar um fundão eleitoral de R$ 5 bilhões, tirar dinheiro da educação, do combate à pobreza, de atendimento médico, para financiar campanha política, para todo mundo vir aqui no debate, de jatinho, enquanto tem gente passando fome? Qual é a dignidade de se aprovar uma excrescência que é esse fundo eleitoral, uma indecência?

[Soraya Thronicke]: Candidato, nem todos têm o patrimônio que o senhor tem e que muitos doadores da campanha de vocês têm para tocar uma campanha, que é caro. Muito cara. Se nós não tivéssemos o Fundo Eleitoral para financiar a democracia, nós nunca... principalmente nós, mulheres, jamais teríamos acesso à política. Ainda é necessário. Nós não temos a cultura, como acontece nos Estados Unidos, de doar. E é difícil, é difícil, sim, mas tem muita gente ali no próprio partido de vossa excelência que está usando, sim, está falando mal da campanha eleitoral, mas aparece na campanha eleitoral. Isso custa. De onde sai eu não sei, vocês vão ter que explicar. É importante, neste momento do país, financiarmos a democracia, porque senão somente os candidatos dos governadores e do Presidente da República estariam eleitos, porque eles estão com a máquina na mão. E eu presido o União Brasil Mulher Nacional, estou vendo a dificuldade das mulheres de conseguirem financiar as suas campanhas, e os brasileiros não têm a cultura de doar. Tem que começar a ter a cultura de doar, mas, mais do que isso, nada mais me deixa indignada que é ver os candidatos que já foram... um que é Presidente e o outro que era Presidente falarem em um mundo que não existe. Eu vou aproveitar o meu momento agora para tratar disso. O mundo do Presidente Lula está nas propagandas dele, e do Presidente Bolsonaro está nos grupos de WhatsApp, além da propaganda também. Mas o Brasil real, neste país, na realidade, nas ruas, tem gente nesse momento catando lixo, fuçando o lixo para ter o que comer. Eu tenho coragem, eu não tenho rabo preso com nada e com ninguém. Tudo o que nós estamos fazendo e propondo para esse país tem uma explicação. O candidato Lula até agora não explicou como é que ele vai baixar os impostos e acabar com a inflação. Não tem. Nós temos, sim, uma proposta, uma proposta estudada há 30 anos, com muito, muito afinco pelo professor Marcos Cintra. É um homem que passou 17 anos em Harvard, tem livros escritos, não é qualquer pessoa. Quando a gente tem um Posto Ipiranga que não sabe o que é o princípio da essencialidade e abaixa imposto de jet-ski, de videogame em um momento em que tinha que abaixar o imposto do arroz, do feijão e do leite, isso me deixa muito mais indignada. Se não deixa vossa excelência, eu sinto muito, mas é com isso que eu estou preocupada: com o Brasil real, que passa fome. E por isso eu vou lutar, sim, para que todas as mulheres e todas as pessoas que não teriam jamais a porta aberta por conta do coronelismo, neste país, dentro de partidos, tenham a condição de romper essa barreira, como a barreira que eu rompi. Eu estava aí, olha, sentada na cadeira como você assistindo isso aqui. Jamais imaginei conseguir estar aqui um dia. A única forma que você tem é assim: com um pouquinho de financiamento. E se você for dividir todo o Fundo Eleitoral pelo número total de candidatos, é bem pouco, senhor candidato.

[Felipe D'Avila]: É uma vergonha usar este dinheiro, que deveria ir para a saúde, para a educação, para financiar campanha política. E, sabe, candidata, a senhora, que gosta de mercado, é exatamente isso: candidato bom consegue levantar dinheiro, e não é dinheiro pessoal, não. Nós temos candidato no Brasil inteiro mostrando aí: governador Zema, nossos deputados federais, estaduais que levantam dinheiro, fazem campanha barata, e fazem campanha com o apoio das pessoas. São pessoas aguerridas, que querem ver a representação política no Brasil mudar no Congresso, que isso é uma vergonha. Ninguém representa o pagador de imposto no Congresso Nacional. Só se representa, no Congresso Nacional, interesse das corporações, e a utilização do Fundão é mais uma arma da perpetuação da oligarquia política. Não tem nada de renovação política, Soraya. Você sabe muito bem que um candidato que tenha patrimônio de mais de R$ 10 milhões declarados recebe dez vezes mais do que o de 50 mil. Não democratizou a política, o que ela fez foi perpetuar a oligarquia política.

[Soraya Thronicke]: Em 2018, eu fui eleita sem nenhum centavo de recurso público e só com voluntários. A minha campanha para Senado custou R$ 80 mil. Eu sei muito bem do que eu estou falando, candidato.

[Leão Serva]: Ao final da... agora há pouco, o candidato Lula pediu direito de resposta; a comissão considerou improcedente.

[Fabíola Cidral]: Agora os candidatos respondem a perguntas feitas por jornalistas sobre planos de governo. Cada questão será respondida por dois candidatos, em ordem sorteada previamente.

[Leão Serva]: Eu vou fazer a primeira pergunta que será respondida pelos candidatos Ciro Gomes e a candidata Soraya Thronicke. Candidatos, o governo Bolsonaro emitiu uma série de decretos liberando amplamente a circulação de armas e munições no Brasil. A alegação é de que isso aumentaria a percepção de segurança pública. Nos últimos dias, uma criança matou o cunhado com uma arma esquecida no automóvel. Um atirador legalizado no nordeste, irritado com uma criança que chorava, matou o pai e a babá. Em São Paulo, um grande carregamento de armas para o PCC era todo legalizado, e também a mesma coisa aconteceu com milícias cariocas. Caso sejam eleitos, quais serão suas atitudes em relação a esses decretos?

[Ciro Gomes]: Arma só serve pra matar. Não serve pra outra coisa. É excepcional o caso em que mata em legítima defesa ou no estrito cumprimento de um dever legal. O presidente Bolsonaro, militar treinado, foi assaltado pelo fator surpresa no Rio de Janeiro numa motocicleta, e o bandido levou a arma dele. Percebe? Com essa arma, deve ter assaltado muito mais outras pessoas. É um equívoco grosseiro. Tá bom, lá no interior do Brasil, onde não existe a polícia pra gente chamar, eu concordo você possuir uma arma em casa. Mas essa frouxidão, acabar com a regulação do Exército no sensoriamento de armas e de munições só presta pra reforçar milícia. Eu, presidente da república, sou um homem da paz, vou instrumentalizar a polícia federal, que hoje tem 11.600 homens efetivos apenas na luta pra que nós possamos enfrentar o contrabando de ,armas e aí sim a gente vai trazer a paz pro Brasil.

[Leão Serva]: A próxima a responder é a candidata Soraya Thronicke.

[Soraya Thronicke]: Quando a gente fala em armamento, a gente tem falado muito em legítima defesa. As pessoas precisam se defender. E eu confesso: votei, sim sempre, a favor da defesa, da autodefesa, da possibilidade de uma pessoa ter, no meio rural, uma arma pra se defender. Mas, acima de tudo, por que é que nós precisamos de tanta legítima defesa? Porque a nossa segurança pública tá sucateada. Tá muito complicado. Eu moro na fronteira. Eu sei da dificuldade das pessoas nas fazendas, em todos os lugares. Mas acima de tudo, a gente sabe o quanto todas as forças de segurança do nosso país precisam de investimento. Precisam de autonomia. No meu governo, eu vou dar autonomia pra Polícia Federal com mandato ao diretor-geral de dois em dois anos intercalado com o mandato do presidente da república justamente pra não haver interferência nenhuma dentro da segurança.

[Leão Serva]: O candidato Bolsonaro pediu direito de resposta, mas a comissão negou.

[Fabíola Cidral]: A segunda pergunta será feita pela jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, da Folha de S.Paulo, por ordem de sorteio, quem responde são os candidatos Lula e Simone Tebet. Olá, Ana, boa noite.

[Ana Estela de Sousa Pinto]: Boa noite, candidatos. Suas campanhas têm propostas de fortalecimento das mulheres, e acho que esse debate mostrou quanto isso ainda é muito importante no Brasil. Mas existe uma política de valorização feminina que depende só do presidente da república, que é a escolha de quem vai ocupar os cargos do Ministério. Os cargos mais importantes do Governo. No entanto, desde que a democracia voltou pro Brasil, mais de 600 pessoas já se sentaram numa cadeira de ministro, e só uma ministra mulher pra cada 15 ministros homens. E isso aconteceu também nos governos dos partidos dos senhores, o PMDB e do PT, que já ocuparam a presidência da república mais de uma vez, e em nenhum desses governos o número de ministras mulheres foi equilibrado. A minha pergunta é: aqui, agora, ao vivo, falando pra todo Brasil, os senhores podem se comprometer a preencher com pelo menos metade de ministras mulheres, com ministras mulheres pelo menos metade das vagas do ministério dos senhores?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Olha, primeiro, eu não sou de assumir compromisso, de me comprometer a fazer metade, a indicar religioso, a indicar mulher, indicar negro, indicar homem. Ou seja, você vai indicar as pessoas que têm capacidade pra assumir determinados cargos. Eu tenho o orgulho de ter indicado o primeiro negro pra Suprema Corte. Eu tenho o orgulho de ter indicado a Cármen Lúcia pra Suprema Corte. E poderia indicar muito mais. Pode até ter maioria mulher. O que não dá é pra você assumir o compromisso numericamente. Ou seja, você pode ter maioria de mulheres, pode ter maioria de mulheres no Congresso, você pode ter maioria de mulheres no Senado. Eu fui no México agora, na Câmara dos Deputados, as mulheres têm maioria no Senado. Deus queira que tenha condições de colocar mais da metade pra ser da Suprema Corte. Eu acho que é plenamente possível fazer isso, mas eu não vou assumir compromisso de que eu tenha que ter determinada pessoa obrigatoriamente porque se não for possível, passarei por mentiroso.

[Fabíola Cidral]: Candidata Simone Tebet, um minuto para responder.

[Simone Tebet]: O candidato Lula não pode assumir esse compromisso. Não quer assumir esse compromisso. Mas eu já o fiz. A primeira coisa que fiz quando lancei a minha candidatura, e foi homologada pelo meu partido, foi dizer que o meu ministério será paritário entre homens e mulheres, sim. Basta haver competência e experiência administrativa. Isso nós sabemos que as mulheres têm. Nós temos condições de colocar 50%. E mais, nós teremos participação de negros. Mas há um terceiro requisito que eu divirjo do ex-Presidente. O meu ministério terá paridade de mulheres e homens. Terá negros. Mas não terá ninguém envolvido em escândalo de corrupção, mesmo que seja do meu partido, que esteja envolvido em escândalos de corrupção, não será ministro de Estado.

[Fabíola Cidral]: Agora, eu vou fazer a terceira pergunta, que é endereçada aos candidatos Felipe D'Ávila e Jair Bolsonaro. E eu quero falar sobre mulheres, também. Porque a cada dez minutos, no Brasil, uma mulher é estuprada. E a cada sete minutos, uma mulher é vítima de feminicídio. É algo muito grave que acontece no nosso país e a gente sabe que há uma queda nos investimentos de políticas públicas voltadas para as mulheres. Dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) revelam que houve um corte no orçamento de 33% nas políticas públicas voltadas às mulheres neste ano. Eu gostaria de saber o que será feito no seu governo para reduzir esses números. O candidato Felipe D'Ávila começa, tem um minuto para a sua resposta.

[Felipe D'Avila]: Bom, parte disso é a impunidade no Brasil, que é uma coisa que nós precisamos combater com a Justiça que faça a lei ser cumprida. Segundo, precisamos replicar as boas experiências existentes. Por exemplo, a polícia Maria da Paz, uma força importante que vem aumentando brutalmente as mulheres que têm coragem de denunciar estupro. Nós temos que aproveitar as boas experiências de política pública voltadas para combater crimes dessa natureza. Portanto, o que o Brasil precisa fazer não é inventar mais política pública. É fazer cumprir a lei, combater a impunidade e aproveitar excelentes exemplos como é o caso da força da Maria da Paz. Por que isso? Porque se nós ficarmos toda hora inventando política pública nova e não fazendo cumprir a lei, o Brasil não evolui. Nós precisamos ter um princípio literal fundamental: a lei tem que ser igual e valer para todos.

[Fabíola Cidral]: Candidato Jair Bolsonaro, o senhor tem um minuto.

[Jair Bolsonaro]: Os números têm demonstrado que, desde quando assumi, o número de mortes violentas, incluindo arma de fogo, obviamente, tem diminuído no Brasil. E nesse universo, que tem diminuído o número de vítimas no Brasil, estão as mulheres. Uma política universal que atinge a todo mundo. Ao você valorizar as mulheres, você diminui a violência, como, por exemplo, a titulação de terras, Auxílio Emergencial, entre outras medidas. A questão do voluntariado também praticado pela primeira-dama, cada vez mais conversando, de fato, com as mulheres. Estamos no caminho certo, não temos que inventar mais políticas. Se aparecer boas políticas, vamos adotá-las. Agora, não tem que se inventar, a solução está aí. O meu governo tem mostrado, na prática, que o número de mulheres mortas e violentadas têm diminuído.

[Leão Serva]: Essa foi a última resposta dessa rodada. A partir de agora, cada candidato terá dois minutos para as suas considerações finais.

[Fabíola Cidral]: A ordem agora será invertida em relação ao início do debate. Portanto, quem começa com as considerações finais é o candidato Ciro Gomes. O senhor tem dois minutos.

[Ciro Gomes]: Eu quero agradecer, antes de mais nada, a você, meu irmão e minha irmã, que ficaram até essa hora, muitos não tinham sequer condição de ficar porque tem que ir para a batalha da vida. E preciso agradecer a você, porque é assim que nós vamos achar juntos a saída para a mais profunda, grave, complexa e renitente crise econômica da nossa história. Quero agradecer aos ilustres opositores, a oportunidade de debater e aprender consigo. E dizer a cada um, e cada uma de vocês, a minha luta não é contra nenhum deles pessoalmente. Por mais que a gente tenha que explicar as nossas diferenças, a minha luta é contra o modelo econômico, que é o mesmo, rigorosamente, há 25, 30 anos no Brasil. Que montou uma máquina perversa de transferir renda de quem produz e de quem trabalha para você, para o setor financeiro. É uma coisa absurda. Nos últimos 12 meses, o Brasil pagou R$ 500 bilhões de juros. Só para você ter uma ideia, tudo que gastou em saúde, educação e segurança não chega a 300 bilhões. Eu peço a oportunidade para mudar isso. E para mudar também o modelo de governança política do Brasil. Se você olhar, é deprimente um país como o nosso ficar discutindo quem é mais corrupto, quem é menos corrupto. Que contradição de corrupção. Nós precisamos banir, porque a corrupção não é uma maldade da alma de nenhum deles. A corrupção é uma prostração moral, que todos eles fizeram um modelo de governança política em que a ideia de que você só vai governar se tiver sustentação no Congresso, se transformar a Presidência da República à testa de ferro de roubalheira. Eu lhe peço, com muita humildade, em nome do seu filho, em nome dos pobres do Brasil, de todos os trabalhadores, me dê uma oportunidade. É a quarta vez que sou candidato. Minha paixão não se abateu em nenhuma, porque o amor da minha vida é o Brasil. O sentido moral da minha vida é lutar para mudar o Brasil. Eu quero um lugar na história de quem mudou o Brasil e deu oportunidade de crescer. E dignidade para todos.

[Leão Serva]: Candidato Lula, dois minutos para suas considerações finais.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Olha, eu queria terminar essa participação nesse debate me solidarizando à senadora Simone e à jornalista que foi agredida. A segunda coisa é dizer para vocês que eu fui procurar um companheiro com a experiência de 16 anos de Governo de São Paulo para me ajudar a governar esse país. Eu sei o que fiz, sei o que vou fazer e, por isso, eu não entro no campo da promessa fácil porque eu sei como é difícil. O meu amigo Ciro se esquece de dizer que, quando cheguei na Presidência da República, o juro estava 26% e deixei com 10%. Ele esquece de dizer que a inflação estava com 12% nós deixamos com 5%. Ele esquece de dizer que o desemprego era 12% e nós deixamos com 22 milhões de empregos. Tive o prazer de indicar a primeira mulher candidata à Presidência da República, que, quando deixou o mandato, deixou o mandato, em 2014, quando venceu o primeiro mandato, o desemprego era apenas 4.5%, padrão Finlândia, padrão Noruega. E depois, o Eduardo Cunha e o Aécio Neves, juntos, no Congresso Nacional, resolveram preparar o golpe, que culminou com o desastre. Porque aqui se fala do governo da Dilma, mas ninguém falou do golpe que a Dilma sofreu, em 2016. Ninguém falou que derrubaram uma mulher por causa de uma pedalada, e não se derruba um cara por causa de uma motociata. Ou seja, este país vai fazer o julgamento histórico da Presidente Dilma, e eu estou muito tranquilo porque eu pensei falar de obras públicas que eu fiz aqui, mas eu tão medíocre o Brasil de obras hoje que não vou falar para não humilhar quem está governando o Brasil.

[Fabíola Cidral]: O candidato Jair Bolsonaro tem agora dois minutos para as suas considerações finais.

[Jair Bolsonaro]: Deus, pátria, família e liberdade. Desculpem os demais candidatos, mas está polarizada as eleições. Quem o ex-presidiário apoiou no passado? Apoiou Chaves, apoiou Maduro. Para onde foi a Venezuela? Hoje, recebemos mais de 500 pessoas por dia, lá em Pacaraima, fugindo da fome, da miséria, da violência. Pesando em média 15 quilos a menos. E o Lula apoiou essas candidaturas. Olha para onde está indo a economia da nossa Argentina. O Presidente da Argentina, antes de ser Presidente, visitou o Lula, em Curitiba, na cadeia. E o Lula apoiou ele na Argentina. Hoje, 40% da população da Argentina está na linha da miséria. Lula apoiou o Presidente do Chile também, o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile? Lula apoiou também Petro, na Colômbia. Medidas dele: liberação de drogas, liberação de presos. Para onde está indo a nossa Colômbia? Também, o nosso prezado Presidente Lula apoiou, na Nicarágua, Ortega, que agora persegue cristãos, prende padres, expulsa freiras. Uma perseguição religiosa sem tamanho. E quando ele é questionado sobre isso, ele diz: "Não devemos meter o nariz em outros países". O que vai acontecer com o nosso Brasil se esse ex-presidiário voltar para a cena do crime, juntamente com Geraldo Alckmin, um homem religioso, católico, mas que resolveu cantar internacional socialista? É a União de tudo o que não presta no Brasil. Nós não merecemos isso para a nossa pátria.

[Leão Serva]: Pela ordem, quem faz agora as suas considerações finais é a candidata Simone Tebet. O candidato Lula pediu direito de resposta, e a Comissão vai analisar.

[Simone Tebet]: Lamentável. Lamentável, no país da fome, da miséria, do desemprego, do desespero, do desalento, termos dois candidatos falando do passado, alimentando ódio, dividindo as famílias e polarizando o Brasil. O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro. O Brasil pertence aos quase 215 milhões de brasileiros. Triste o Brasil que tem que escolher entre o escândalo do Petrolão e do Mensalão do PT e o escândalo de corrupção da educação e do orçamento secreto do atual governo. Mas nós, nós vamos fazer diferente. Nós vamos colocar as pessoas em primeiro lugar. Nós vamos diminuir a desigualdade social e a miséria, acabar com a fome. Para isso, nós não vamos estar sozinhos. Nós vamos combater a discriminação na sua totalidade e vamos impedir retrocessos no Brasil. Vou contar com a ajuda valorosa da minha Vice-Presidente da República Mara Gabrilli, uma mulher tetraplégica há 28 anos, se tornou Senadora da República e sabe como fazer. Mara querida, Simone e Mara, juntas, nós vamos reconstruir o Brasil de verdade. Eu tenho experiência política, eu sou ficha limpa, eu sou mãe. Eu e Mara, juntas, com alma de uma mulher e coração de uma mãe, nós vamos resolver definitivamente os problemas das pessoas. Comida mais barata, educação e saúde de qualidade, emprego e renda para as pessoas. Fui prefeita duas vezes, reeleita com 76% dos votos; fui vice-governadora, fui deputada estadual, hoje sou Senadora da República. Sou advogada e sou professora. Quero dizer que o Brasil, o Brasil que verdadeiramente precisa mudar, precisa da sensibilidade e da alma das mulheres brasileiras, e eu conclamo todas vocês a se somar conosco, e assim, juntos e juntas, que nós vamos mudar, com coragem e amor, o Brasil de verdade.

[Leão Serva]: Candidato Lula pediu um direito de resposta e a comissão considerou procedente. O candidato tem 45 segundos para sua resposta.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Apenas para dizer da irresponsabilidade de quem exerce o cargo de Presidente da República, que me chamou duas vezes de presidiário. Ele sabe a razão pelas quais fui preso. As razões pelas quais eu fui preso foi para ele se eleger Presidente da República, porque era preciso tirar o Lula. Eu, nesse processo todo, estou muito mais limpo do que ele ou qualquer outro parente dele, porque eu fui julgado, fui considerado inocente pela Suprema Corte, pela primeira instância da ONU, pela segunda instância plena da ONU e estou aqui candidato para ganhar as eleições e, aí sim, em um decreto só, eu vou apagar todos os seus sigilos...

[Leão Serva]: Candidato, terminou o seu tempo.

[Fabíola Cidral]: Seu tempo está... seu tempo foi esgotado, candidato. O candidato Jair Bolsonaro também pediu direito de resposta; a comissão julgadora está analisando, daqui a pouquinho a gente traz a resposta. Agora é a vez da candidata Soraya Thronicke com as suas considerações finais. Dois minutos.

[Soraya Thronicke]: Eu quero aqui agradecer ao Grupo Bandeirantes, à TV Cultura, ao jornal Folha de S.Paulo, ao portal UOL pela oportunidade de estar aqui podendo debater o nosso país. Quero também agradecer ao meu partido, União Brasil, o maior partido desse país, em nome do nosso presidente, Luciano Bivar, e do vice, Antônio de Rueda. Quero agradecer ao meu vice-presidente, Marcos Cintra, um homem de exatas, e eu de humanas, o perfeito equilíbrio para que a gente consiga levar esse país adiante. Temos um projeto estruturante, um projeto real, que pode ser aplicado imediatamente e, com ele, nós iremos, sim, com um imposto só, diminuir o preço dos alimentos, trazer mais dignidade para todas as pessoas. Iremos tirar o imposto de renda e o INSS de todos aqueles que recebem até cinco salários mínimos. Essa proposta está madura e ela, sim, pode ser aplicada, e eu desafio qualquer pessoa para que debata essa proposta conosco, não que diga ao léu. Quero dizer para vocês que, para tirar o nosso país do atoleiro, meus amigos, tem que ser traçado, tem que ser quatro por quatro, tem que ser 44. Chega de briga e de confusão, o Brasil precisa de paz e precisa de união. Precisa de alguém que cuide das pessoas. Eu, ao lado de Marcos Cintra, sou esse alguém. Muito obrigada pela oportunidade. O que eu quero é resolver e trazer solução para sua vida. Eu saí da fila dos que reclamam e vim para a fila dos que fazem. Eu critico, mas eu trago a solução. Obrigada.

[Leão Serva]: O candidato Jair Bolsonaro havia pedido direito de resposta, a comissão considerou improcedente. Então, seguindo a ordem, quem fala agora é o candidato Felipe D'Avila. Dois minutos.

[Felipe D'Avila]: Para mudar o Brasil, nós precisamos de um projeto de país, nós precisamos de gente competente, nós precisamos de gente com caráter, liderança e coragem pra transformar o Brasil. Não é gente profissional da política, que só pensa em criar um estado pesado, cheio de privilégio pra um monte de gente tirando mais dinheiro do nosso bolso, nós, que trabalhamos, que tocamos os nossos negócios, produzimos. O Brasil, pra mudar, vocês viram aqui, não teve nenhuma conversa de como vai fazer a economia crescer. Sabe por quê? Porque só tem um jeito de a economia crescer: é tirar poder do Estado, dar mais poder pra quem empreende, pra quem gera riqueza. Tirar esse estado pesado que vem sufocando a gente há anos. A economia brasileira jamais vai voltar a crescer o Estado sendo gerado do jeito que é. Nós precisamos de gente com caráter e competência. E daí o exemplo que eu tenho orgulho do Partido Novo. Não precisa fazer política com Mensalão, orçamento secreto pra dizer que isso é governabilidade. Nós não queremos essa governabilidade. Nós não compactuamos com essa governabilidade vergonhosa. Está aí o exemplo de Minas Gerais, Romeu Zema, um governo de gente impoluta, séria, competente, atraiu mais de R$ 280 bilhões em investimento pro estado, melhorou a saúde e a educação. Está o nosso prefeito Adriano Silva, em Joinville, a melhor cidade do Brasil, deu mais título de regularização fundiária em 11 meses do que em 11 anos na cidade. É gente que assume o poder pra resolver a vida daqueles quem produzem e geram riqueza. É assim que o Brasil vai voltar a crescer. Olhando pra frente, tirando o Estado das costas e acreditando que é com caráter e liderança e honrando a política que nós vamos. Por isso, vote nos deputados do Novo, vote Felipe D'Avila.

[Fabíola Cidral]: E termina aqui esse primeiro debate entre os candidatos à presidência da república nas eleições de 2022. Uma parceria entre o Grupo Bandeirantes, TV Cultura, UOL, jornal Folha de S.Paulo, com apoio também do YouTube e do Google.

[Leão Serva]: Em caso de segundo turno, já está definida a data da realização do próximo debate. Anote aí: dia 9 de outubro. Em nome das empresas do pool, eu agradeço a presença de todos os candidatos e a sua audiência aí em casa. Boa noite.

[Fabíola Cidral]: Uma boa noite. Uma boa semana a você.

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