Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula critica ataques a Janja e chama Bolsonaro de mandacaru

Ex-presidente concedeu entrevista à imprensa internacional nesta segunda-feira (22)

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que jamais envolveu problemas pessoais de candidatos nas campanhas políticas que já disputou e não irá fazer isso agora.

"Jamais envolvi qualquer mulher de presidente em campanha política. Aliás, eu jamais envolvi qualquer problema pessoal de candidatos na vida política."

"Não quero saber se meu adversário é católico, evangélico, se ele cheira ou não cheira, se ele bebe ou não bebe. Minha divergência com ele é sobre ideias políticas e programáticas. Aí está o debate", disse.

Lula concedeu entrevista à imprensa internacional nesta segunda-feira (22). Ele estava acompanhado dos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante.

"Quando você começa a envolver mulher [dos candidatos] em campanhas é porque você não tem o que falar. Eu tenho lido coisas nas redes sociais. Partindo de quem parte, a gente sempre tem que esperar o pior, porque daquele mandacaru não nasce flor cheirosa. É só coisa ruim", seguiu.

O ex-presidente Lula (PT) concedeu entrevista a veículos de imprensa internacionais
O ex-presidente Lula (PT) concedeu entrevista a veículos de imprensa internacionais - Miguel Schincariol/AFP

Como a Folha mostrou, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) estuda levar ataques à mulher de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, para os programas de rádio e TV que começarão a ser veiculados a partir de sexta (26).

A ideia é explorar imagens de Janja que teriam o potencial de afetar negativamente o eleitorado evangélico, especialmente as mulheres.

O ex-presidente disse ainda na entrevista desta segunda que sua família sofre "há muito tempo" com ataques e que ele não irá responder a eles.

"Esse é o tipo de coisa que não vou responder. Minha divergência com ele é de ordem política, programática e de responsabilidade com o país. O restante não me interessa."

Ao ser questionado se avaliava ser possível que houvesse uma ruptura democrática no país, Lula afirmou que acredita na recuperação da democracia brasileira e criticou os ataques de Bolsonaro contra as instituições.

O ex-presidente disse ainda que Bolsonaro desafia diariamente as mais diferentes instituições, citando as Forças Armadas e o Judiciário, e que o atual mandatário "machuca a democracia quando ofende qualquer organismo que criamos para cuidar da democracia."

Lula também afirmou que não vê possibilidades de Bolsonaro não aceitar os resultados das eleições em outubro e que a chance de ele não passar a faixa presidencial "é o de menos".

"É importante que as pessoas saibam que terá uma eleição e que ela vai ter um resultado. Quem perder acata e quem ganhar acata. Quem ganhar toma posse e quem perder vai chorar."

"Esse cidadão pode ficar certo que os resultados das eleições serão acatados plenamente", disse ainda.

O petista afirmou que Bolsonaro é o "único que tem blefado, que tem fake news e que tem desafiado as instituições", e disse também que o atual mandatário é uma "cópia malfeita" do ex-presidente americano Donald Trump.

Na avaliação do petista, a posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi um recado de que a população "está cansada de autoritarismo". "O povo quer democracia de verdade, na urna e no exercício do poder."

Em sua fala inicial, Lula afirmou que o país está passando por uma "situação um pouco anômala em se tratando de um país democrático" por causa de fake news que são disseminadas.

O ex-presidente também disse que o país vive um momento de "confusão nas instituições", porque Bolsonaro "faz questão de não respeitar as instituições que foram criadas para fortalecer o processo democrático brasileiro".

O petista ressaltou ainda a importância da questão climática em um eventual governo, afirmou que irá acabar com "qualquer possibilidade de garimpo ilegal" e que irá reduzir o desmatamento e as queimadas.

Ao ser questionado sobre a rejeição que apresenta nas pesquisas de intenção de voto, Lula afirmou que precisa "construir uma maioria democrática que me eleja para ser presidente e que essa maioria seja respeitada pela minoria que perdeu as eleições".

Lula também afirmou que polarização faz parte do jogo político, que ela sempre existiu e que é importante que "ela não sirva para o ódio". "A polarização do debate, das ideias, sim, mas vamos respeitar o direito de cada um votar ou não em você."

O petista voltou a criticar o teto de gastos e afirmou que o mecanismo no governo Bolsonaro é "uma peça de ficção". "O Bolsonaro desrespeitou o teto de gastos o tempo inteiro, ele é usado apenas para dizer que não tem aumento e melhorias na educação e na saúde. Não existe mais o teto de gastos."

Segundo ele, um governo que tem responsabilidade "não precisa fazer lei limitando teto de gastos dele".

O ex-presidente também reforçou o discurso que, em um eventual governo, haverá "credibilidade, estabilidade e previsibilidade" e que o Estado deverá ser indutor dos investimentos. Ele também se posicionou contrário à privatização.

"Com credibilidade, vamos convencer investidores estrangeiros a confiar no Brasil para fazer investimentos novos e não para comprar empresas públicas. Não vamos privatizar empresas. Quem quiser fazer investimento no Brasil que venha fazer algo novo."

Ele também disse que haverá responsabilidade fiscal em um eventual governo e que não há ninguém "que tenha demonstrado mais responsabilidade fiscal do que nós quando nós governamos o país."

Lula afirmou que é preciso criar uma nova governança mundial e citou que é preciso que mais países ingressem no Conselho de Segurança da ONU e que a própria ONU seja reformulada para evitar conflitos como a Guerra da Ucrânia.

O petista disse que espera que a guerra tenha acabado até sua eventual posse e que, caso contrário, o Brasil "fará todos os esforços que estiver em seu alcance para que seja reestabelecida a paz".

Lula também afirmou que irá trabalhar para promover o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.

Ao ser questionado sobre a Venezuela, o ex-presidente afirmou que "gostaria de desejar a Venezuela o que eu quero para o Brasil". "Que as eleições sejam sempre mais livres e que se acate o resultado."

"Não concordei quando a União Europeia inteira aceitou [Juan] Guaidó como presidente da Venezuela e ele era um impostor, está provado que ele era um impostor. Sempre aprendi a respeitar a autodeterminação dos povos de um país, não posso ficar me metendo."

Lula afirmou ainda que teve uma extraordinária relação com a Venezuela, que o Brasil irá tratar o país com respeito e "sempre desejando que ele seja o mais democrático possível".

"Defendo alternância de poder não só para mim, desejo para a Venezuela e para todos os países. Não há presidente insubstituível. O Brasil vai tratar a Venezuela com respeito", disse.

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