O que a pesquisa Datafolha revela sobre Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet

Nova rodada do levantamento mostra liderança do petista, mas avanço do presidente

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Rio de Janeiro

A última rodada da pesquisa Datafolha, realizada de terça (16) a quinta (18), mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue à frente na disputa, mas Jair Bolsonaro (PL) avança nas intenções de voto.

O petista agora tem 15 pontos percentuais de vantagem, sem movimentos significativos da terceira via. Ciro Gomes (PDT) continua distante, e Simone Tebet (MDB) e os demais candidatos seguem bem atrás.

O levantamento mostra também uma melhora na avaliação do governo atual e uma movimentação favorável ao presidente entre evangélicos, brancos e na região Sudeste. Enquanto isso, Lula oscila positivamente entre ricos e amplia sua vantagem entre pretos.

Fotos de Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet que serão exibidas na urna eletrônica
Fotos de Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet que serão exibidas na urna eletrônica - Divulgação/TSE

O Datafolha ouviu 5.744 eleitores com 16 anos ou mais em 281 cidades. A margem de erro do levantamento, contratado pela Folha e pela TV Globo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09404/2022, é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Veja abaixo, em dez pontos, os principais resultados divulgados.

1. DIFERENÇA ENTRE LULA E BOLSONARO VAI A 15 PONTOS

A distância entre os dois candidatos caiu de 21 pontos percentuais, em maio, para 18 pontos, em julho, e para 15 pontos agora. O ex-presidente tem 47% das intenções de voto, mesmo patamar anterior, enquanto o atual mandatário oscilou positivamente de 29% para 32%.

Segue estacionada a posição de Ciro (de 8% para 7%) e do grande pelotão de candidatos empatados abaixo de 2%, encabeçado numericamente por Tebet.

O investimento que Bolsonaro fez no período no eleitorado feminino —ao colocar sua mulher, Michelle, em palanques e eventos de campanha— perdeu o ímpeto mostrado na pesquisa de julho: ele oscilou de 27% para 29%, enquanto Lula foi de 46% para 47%.

Quando o Datafolha questiona o entrevistado de forma espontânea acerca de seu voto, sem mostrar a lista de candidatos, Lula é o mais citado, com 40%, seguido por Bolsonaro, com 28%.


2. LULA AINDA VENCERIA EM PRIMEIRO TURNO

Lula tem 51% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos, o que o faria ganhar no primeiro turno se o pleito fosse hoje. Sob essa métrica, Bolsonaro tem 35% das intenções de voto, e Ciro, 8%, resultando num cenário novamente de estabilidade com variação positiva do atual presidente.

Porém, como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, Lula pode ter tanto 49%, necessitando mais votos para liquidar a fatura já em 2 de outubro, como confortáveis 53%.


3. LULA GANHARIA DE BOLSONARO NO 2º TURNO

O petista derrotaria o presidente por 54% a 37%, situação semelhante à da rodada anterior, realizada em 22 e 23 de junho, quando o placar era de 55% a 35%. Outros 8% agora dizem que votariam em branco ou anulariam, enquanto 2% estão indecisos.


4. 75% DOS ELEITORES DIZEM ESTAR DECIDIDOS

Vem aumentando a parcela de eleitores decididos em relação ao seu voto na eleição presidencial. Essa fatia era de 67% em março, 69% em maio, 70% em junho, 71% em julho e 75% agora.

Lula e Bolsonaro têm os eleitores mais fiéis, com 79% e 78% de convictos, respectivamente. O índice oscilou positivamente em relação ao levantamento passado, no qual ambos tinham 79%.

Já Ciro enfrenta um cenário inverso: a maior parte de seu eleitorado (64%) responde que ainda pode mudar de voto. O pedetista, por outro lado, segue como aquele com maior chance de receber o voto do eleitor caso ele mude de ideia, sendo citado como alternativa por 25% dos entrevistados.


5. BOLSONARO CONTINUA COM A MAIOR REJEIÇÃO

O presidente segue sendo o candidato mais rejeitado pelo eleitorado brasileiro. Dizem que não votariam de forma alguma nele 51% dos ouvidos. Lula aparece na sequência no ranking, com 37%, seguido por Roberto Jefferson (PTB) e Ciro Gomes (PDT), ambos com 25%.

Bolsonaro lidera o índice de rejeição desde maio, com 54% naquele mês, 55% em junho e 53% em julho —oscilações dentro da margem de erro. O petista também ocupa o segundo lugar desde então, evoluindo de 33% para 35% e depois 36%.


6. APROVAÇÃO DE BOLSONARO TEM ÍNDICE MAIS ALTO EM 1 ANO E MEIO

Apesar de ter grande rejeição, o atual presidente tem visto a avaliação de seu governo melhorar. Ele atingiu agora o maior índice de aprovação em um ano e meio: 30% consideram o governo ótimo ou bom, enquanto 43% o avaliam como ruim ou péssimo.

Na pesquisa anterior, em julho, o placar estava em 28% a 45%. O índice de avaliação regular é agora de 26%, mesma taxa do levantamento anterior. A avaliação da sua administração é importante para medir suas chances na eleição presidencial.

A nova pesquisa também mostra que 52% dos brasileiros não confiam nunca nas declarações do atual chefe do Planalto. Outros 27% responderam que confiam às vezes, enquanto 20% afirmaram sempre confiar no que o presidente diz (1% não soube opinar).


7. LULA É VISTO COMO MAIS PREPARADO DO QUE BOLSONARO

A maior parte dos eleitores considera Lula o candidato mais preparado para lidar com problemas do país como fome e pobreza, posição compartilhada até por alguns apoiadores de outros presidenciáveis —54% têm a mesma opinião, taxa impulsionada por um grupo de 10% dos eleitores de Bolsonaro.

Ele também é visto como mais apto para atuar nas áreas de saúde, educação, desemprego, ambiente e crescimento econômico.


8. APOIO A DITADURA ATINGE MENOR PATAMAR DA SÉRIE HISTÓRICA

A defesa de que a ditadura é melhor do que a democracia em certas circunstâncias chegou ao seu menor índice na série histórica medida pelo Datafolha desde 1989, em meio às ameaças golpistas de Bolsonaro e à reação da sociedade civil com as cartas de 11 de agosto.

Agora, 7% defendem a ditadura (eram 9% em setembro de 2021, o último levantamento), enquanto 75% concordam que a democracia é sempre melhor que qualquer outra forma de governo. Esse mesmo recorde havia sido registrado pela primeira vez em junho de 2020.


9. BOLSONARO SOBE ENTRE EVANGÉLICOS, BRANCOS E SUDESTINOS

O presidente ampliou de 10 para 17 pontos percentuais sua vantagem entre os evangélicos, saltando de 43% para 49% das intenções de voto nesse grupo no último mês, enquanto o petista flutuou negativamente de 33% para 32%.

Ele também diminuiu a diferença para o petista no Sudeste (32% a 44%) e empatou tecnicamente entre brancos (38% a 40%) e entre quem tem renda familiar mensal de dois a cinco salários mínimos (41% a 38%).


10. LULA AMPLIA DIANTEIRA ENTRE PRETOS E COLA EM BOLSONARO ENTRE RICOS

Lula ampliou mais uma vez a dianteira na corrida eleitoral entre as pessoas que se declaram pretas, fazendo a diferença passar de 38 para 41 pontos —agora, ele tem 60%, contra 19% do rival. Entre pardos, ambos subiram, e a vantagem do petista segue sendo de 15 pontos.

O ex-presidente também avançou e colou no atual presidente entre os mais ricos, que recebem mais de dez salários mínimos —diminuiu a vantagem de Bolsonaro de oito para três pontos percentuais, mas todas as variações ocorreram dentro da margem de erro para esse segmento.

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