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Lula jamais deu indicação de que iria fechar igrejas evangélicas, ao contrário do que repete Marco Feliciano

Como resposta, PT diz que pastor é 'candidato que faz fake news' e cita ações do ex-presidente em favor dos religiosos

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São Paulo

O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL) fez afirmações falsas acerca de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao sugerir que, se eleito, o petista vai fechar as igrejas evangélicas.

No sábado (13), dia da Marcha para Jesus no Rio de Janeiro, Feliciano disse, em entrevista à rádio CBN: "No púlpito, eu não sou político, eu sou pastor. E, como pastor, eu tenho que alertar o meu rebanho que tem um lobo nos rodando, um lobo que quer tragar as nossas ovelhas". E completou: "Existem muitas formas de se fechar uma igreja, não necessariamente vir com fuzis e fechá-la. O governo pode fazer através de criação de leis, de impostos".

Dois dias depois, à coluna Mônica Bergamo, da Folha, ele reafirmou as declarações. "Existem muitas formas de se fechar uma Igreja. Uma delas é calando os pastores ou obrigando religiosos a terem condutas antibíblicas. A igreja fisicamente estará aberta, mas na prática estará fechada", disse Feliciano, que tenta se reeleger como deputado.

Como resposta, o PT afirmou no site Verdade na Rede, criado pelo partido contra a desinformação, que "Marco Feliciano é mais um candidato que faz fake news e se ocupa em criar um caldo de ameaças, desinformação e medo no primeiro dia da campanha política de 2022".

Fotografia colorida mostra pastor evangélico Marco Feliciano durante discurso. Ele veste terno vinho e fala ao microfone.
Pastor Marco Feliciano afirma, erroneamente, que Lula pretende fechar igrejas evangélicas, caso eleito - Vinicius Loures - 10.mai.2019/Câmara dos Deputados

A publicação cita ainda que Lula também é cristão e relembrou ações do governo do PT em favor dos religiosos, como a sanção, em 2003, da lei que permite que igrejas e associações religiosas pudessem ter personalidade jurídica, e, em 2009, quando ele sancionou o projeto de lei que cria o Dia Nacional da Marcha para Jesus.

Outro momento que mostra a ligação de Lula com os evangélicos foi a presença dele, em 2007, então como presidente, na inauguração da Record News, do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono do grupo Record. A proximidade dos pastores com o petista vinha desde a campanha presidencial, em 2002.

Lula e Edir Macedo, homens brancos, atrás de pequena bancada onde se lê "No ar". Ao fundo, se lê Record em caixa alta, em azul, e News, em letra branca com fundo laranja
Lula, então presidente do Brasil, em 2007, ao lado de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV Record, durante inauguração da Record News, em São Paulo - Ricardo Nogueira - 27.set.2007/PR

À Folha, a assessoria do ex-presidente afirmou que "lamenta a divulgação de fake news pelo político Feliciano e as medidas legais cabíveis estão sendo analisadas".

Procurado, o deputado não respondeu até a publicação desse texto.

Entre os evangélicos, Lula tem 33% das intenções de voto segundo pesquisa Datafolha de julho, enquanto seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), aparece com 43%. Entre os católicos, o petista lidera com 52%; Bolsonaro tem 25%.

Esta não é a primeira vez que o ex-presidente é alvo de desinformação religiosa. No começo deste ano, por exemplo, conteúdo que viralizou dizia que Lula pediria ao STF (Supremo Tribunal Federal) para censurar padres e pastores. Em 2021, um vídeo afirmava, erroneamente, que o petista teria ameaçado pregadores.

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