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Alckmin diz ver blefe golpista de Bolsonaro e impeachment injusto de Dilma

Candidato à Vice-Presidência, Geraldo Alckmin foi entrevistado por Folha e UOL na manhã desta quinta (29)

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São Paulo

Candidato à Vice-Presidência na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) falou que há "muito de blefe" no discurso golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma tentativa de ruptura não teria apoio popular, afirma o ex-governador de São Paulo, que diz acreditar no "profissionalismo e seriedade" das Forças Armadas.

Alckmin participou da sabatina promovida por Folha e UOL com candidatos à Vice-Presidência na manhã desta quinta-feira (29). Mara Gabrilli (PSDB) foi a entrevistada de segunda-feira (26), e Ana Paula Matos (PDT), a de quarta-feira (28). Braga Netto (PL), da chapa de Jair Bolsonaro (PL), não respondeu ao convite e não será entrevistado.

Geraldo Alckmin (PSB) participa nesta quinta (29), às 10h, de sabatina promovida por Folha e UOL com candidatos à Vice-Presidência
Geraldo Alckmin (PSB) participa de sabatina promovida por Folha e UOL com candidatos à Vice-Presidência - UOL no YouTube

Para o candidato, a escalada da violência política na campanha eleitoral deste ano é culpa do comportamento do presidente, que estimularia "divisionismo, ódio e violência". "Isso é a antipolítica. A política é a arte do bem comum, não do mata-mata", afirmou.

Ele diz, porém, não ver clima nem legitimidade popular para uma ruptura institucional. "É difícil o perdedor dar golpe", disse. "Eu não acredito nisso. Tem muito blefe aí para justificar possível insucesso eleitoral."

Ainda assim, uma eventual vitória de sua chapa no primeiro turno seria positiva para o país, segundo ele, pois haveria menos confusão e mais tempo para preparar o próximo governo. O candidato, porém, nega que esteja pedindo voto útil, acusação do concorrente Ciro Gomes (PDT).

"Ninguém pede voto útil, você pede voto. Todo candidato quer ganhar no primeiro turno. Se disser que não quer, não é verdadeiro", afirma.

Alckmin se declara cristão e diz ser contra a ampliação do direito ao aborto além do que já está previsto na legislação atual. Ele declarou ainda ser contra a privatização da Petrobras e a legalização da maconha e a favor das cotas raciais e da posse de armas na zona rural.

Questionado sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Alckmin diz que não viu o início do processo com bons olhos, mas por fim seguiu o seu partido da época, o PSDB. Em 2014, a sigla pediu 'auditoria especial' no resultado das eleições após Aécio Neves (PSDB) ser derrotado.

"Você não pode dizer que foi golpe, porque quem presidiu foi o STF (Supremo Tribunal Federal). Agora, se me perguntarem se foi injusto, eu acho que foi. A Dilma é uma pessoa correta, honesta", afirmou o candidato.

Alckmin aceitou o convite de compor a chapa de Lula após passar anos no partido que rivalizava com o PT nas eleições presidenciáveis, o PSDB, e fazer duras críticas ao petista.

Uma das mais marcantes é de uma convenção partidária do final de 2017. "Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos: ele quer voltar à cena do crime", afirmou, em referência aos casos de corrupção que estouraram quando o PT estava no Palácio do Planalto. O vídeo foi recuperado pela campanha de Jair Bolsonaro (PL), que incorporou a frase em seus discursos.

Hoje Alckmin repete discurso de Lula ao afirmar que o então presidente não tinha controle de todos os funcionários do governo.

Na sabatina, ele disse também que o julgamento do petista foi parcial, com o objetivo de tirá-lo da corrida presidencial de 2018. Apesar disso, reconheceu casos de corrupção na Petrobras. "Houve e devem ser punidos", afirmou.

Em dezembro do ano passado, Alckmin se desfiliou do PSDB, após 33 anos no partido. Ele foi duas vezes governador de São Paulo e concorreu duas vezes à Presidência pela sigla, que em sua saída estava dominada por João Doria.

"Santo Antônio de Pádua dizia: 'quando você não puder falar bem, não diga nada'", afirmou Alckmin quando questionado sobre o político, que apadrinhou em 2016. "Eu não guardo mágoa de ninguém. Também não critico o PSDB."

Sobre a mudança de partido, Alckmin comparou o momento atual com o da redemocratização, quando saiu do MDB —sigla que abrigava a oposição na Ditadura Militar (1964-1985)— e fundou o PSDB.

"Nós estamos vivendo um outro momento. Tem um risco para a democracia", afirmou, relembrando a aliança entre partidos durante a constituinte. "Sempre que você faz uma reconciliação, você consegue avançar mais."

Durante a entrevista, ele se definiu como parlamentarista e disse que é necessário fazer uma reforma política no país. O candidato defendeu também a revisão da reforma trabalhista, a apresentação de uma reforma tributária e a importância da responsabilidade fiscal.

"O governo não tem recurso para investir sozinho em tudo. O papel lá de trás de governo provedor de tudo e executor de tudo é outro momento. Precisamos trazer investimento", afirmou, citando concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Cotado para assumir a política econômica em caso de vitória, Alckmin não respondeu se aceitaria o convite. Eventual candidatura em 2026 à Presidência tampouco foi confirmada —Lula já afirmou que não vai tentar a reeleição.

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