Descrição de chapéu Eleições 2022

Bolsonarista e ex de Romero Jucá travam disputa pelo Governo de Roraima

Denarium e Teresa Surita tentam alinhar imagem à do presidente, que teve 71,5% dos votos válidos no segundo turno de 2018 no estado

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João Paulo Pires
Boa Vista

Reduto bolsonarista no Norte do país, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 71,5% dos votos válidos no segundo turno de 2018, Roraima possui cinco candidatos concorrendo ao governo estadual.

A disputa deve ficar entre o atual governador, Antonio Denarium (PP), e a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB), que aparecem descolados dos demais candidatos nas pesquisas eleitorais.

Denarium é fiel seguidor de Bolsonaro, e Teresa, eleita cinco vezes prefeita, é aliada política de seu ex-marido, o ex-senador Romero Jucá (MDB), que tenta voltar ao Congresso nestas eleições.

Os candidatos Antonio Denarium, Fábio Almeida, Juraci Escurinho, Rudson Leite e Teresa Surita, que disputam o Governo de Roraima
Os candidatos Antonio Denarium, Fábio Almeida, Juraci Escurinho, Rudson Leite e Teresa Surita, que disputam o Governo de Roraima - Divulgação, Inaê Brandão, Valéria Oliveira, Divulgação e Divulgação

Na pesquisa eleitoral mais recente realizada pelo Ipec, divulgada no dia 19, Denarium lidera com 50% das intenções de votos no primeiro turno, ante 37% de Teresa.

Na pesquisa anterior do instituto, feita no final de agosto, o governador também aparecia à frente, com 45%, e a adversária tinha 38%.

Empresário do ramo pecuário e ex-gerente de banco, Denarium é político de primeira viagem. Sem experiência prévia no setor público, ele exerce o governo desde que concorreu ao cargo em 2018, apesar de ter assumido antes o comando do estado como interventor nomeado pelo então presidente, Michel Temer (MDB).

À época, assim como Bolsonaro, ele era filiado ao PSL, que posteriormente se fundiu com o Democratas para formar o União Brasil. Antes da fusão das siglas, Denarium filiou-se ao PP, depois de permanecer um ano e três meses sem legenda.

Neste pleito, Denarium formou a coligação "Roraima Trabalhando e Deus Abençoando", que tem a maior quantidade de partidos na base aliada (além do PP, tem Republicanos, PSD, PSC e União Brasil), e tem como vice o engenheiro Edilson Damião (Republicanos).

O deputado federal do PP Hiran Gonçalves, que compõe a chapa de Denarium e busca uma vaga no Senado, compete com Romero Jucá (MDB), que disputa o mesmo cargo.

Após três mandatos consecutivos, o emedebista não se reelegeu em 2018 por uma diferença de 434 votos do segundo colocado, Mecias de Jesus (Republicanos).

O MDB de Jucá e Teresa tem candidatura própria à Presidência, com Simone Tebet. No estado, forma a coligação "Roraima Muito Melhor", com PL, PMB e PSB, a segundo maior no pleito roraimense.

O candidato a vice-governador da chapa é o deputado federal Édio Lopes, do PL de Bolsonaro.

Considerando a tendência bolsonarista do estado, vários candidatos, incluindo Denarium, Hiran, Teresa e Jucá, tentam se vincular à imagem do presidente como estratégia para conquistar votos do eleitorado local. O pioneiro a ter sucesso na tática foi Denarium, em 2018, que continua aliado e tem apoio explícito de Bolsonaro.

Em outra linha, o governador investe em um forte discurso voltado para o agronegócio no estado, além de sempre ter se mantido politicamente alinhado a Bolsonaro, inclusive tomando decisões consideradas caras pelo presidente.

Denarium já chegou a sancionar, por exemplo, duas leis relacionadas ao garimpo. A primeira liberava a atividade com uso de mercúrio em áreas do estado, derrubada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e a segunda, de julho deste ano, que proíbe a destruição de equipamentos de garimpeiros apreendidos durante operações e fiscalizações ambientais.

Apoiadores do garimpo em Roraima comemoraram, mas o Ministério Público Federal classificou a medida como inconstitucional.

Também na corrida do ouro, Teresa já chegou a declarar que concorda com ressalvas sobre o garimpo em terras indígenas, pauta que coincide com a posição de Bolsonaro e outros candidatos que tentam se eleger em estados da Amazônia.

A princípio, a filiação de Bolsonaro ao PL, partido que faz parte da coligação de Teresa Surita, além de ser a sigla do vice Édio Lopes, poderia ter se tornado um problema para o governador que busca a reeleição contando com o apoio do mandatário.

Na convenção que oficializou o nome da ex-prefeita como candidata ao governo, realizada no final de julho, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e Romero Jucá discursaram para os apoiadores, afirmando que o Palácio do Planalto apoiaria a ex-prefeita de Boa Vista na disputa.

"Quero dizer que o Bolsonaro está no PL, no nosso partido, do Édio, e é com ele que nós vamos caminhar na nossa campanha", disse Valdemar durante o evento.

No entanto, a estratégia da coligação de Teresa não foi adiante. Na semana retrasada, Bolsonaro gravou um vídeo, utilizado como trunfo pela campanha de Denarium, em que o presidente pede votos para a candidatura do governador e de Hiran Gonçalves.

"Amigos de Roraima, vocês sabem do carinho e consideração que tenho com vocês. Roraima é o estado mais rico do Brasil. Em 2018, apoiei o nosso Denarium para governador do estado e tivemos um excelente relacionamento durante esses quatro anos. Agora, eu peço que repita o seu voto com Denarium para governador e Hiran Gonçalves. Juntos cada vez mais por Roraima", afirma Bolsonaro, no vídeo.

Também concorrem ao governo Fábio Almeida (Psol), Juraci Escurinho (PDT) e Rudson Leite (PV).

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