Descrição de chapéu Eleições 2022

Candidatos tradicionais e novatos protagonizam eleição ao Governo da Paraíba

Governador lidera pesquisas e tenta reeleição, enquanto três brigam por 2º turno

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Recife

A duas semanas do primeiro turno, a eleição para o Governo da Paraíba é marcada pelo acirramento da disputa entre candidatos da oposição ao governador João Azevêdo (PSB), que busca a reeleição. Entre políticos novatos, tradicionais e gerações novas de clãs familiares, a eleição tem contornos próprios e vinculados à disputa nacional.

Pesquisa do Ipec divulgada no dia 29 de agosto mostra Azevêdo com 32% das intenções de voto. Depois, três candidatos aparecem tecnicamente empatados, dentro da margem de erro de três pontos percentuais: Pedro Cunha Lima (PSDB) teve 16%, Nilvan Ferreira (PL), 15%, e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), 14%.

João Azevêdo (PSB), Pedro Cunha Lima (PSDB), Nilvan Ferreira (PL) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB)
João Azevêdo (PSB), Pedro Cunha Lima (PSDB), Nilvan Ferreira (PL) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB) - Reprodução Bayeux em Foco, Divulgação RAPS, @NilvanFerreira no Instagram e @Veneziano Vital Do Rêgo no Facebook

Para buscar o segundo mandato à frente do Palácio da Redenção com maior competitividade, Azevêdo retornou ao PSB em fevereiro de 2022. Ele havia deixado a sigla em 2019, após romper politicamente com o antigo aliado e padrinho político, o ex-governador Ricardo Coutinho, e ficou nesse intervalo no Cidadania.

No PSB, Azevêdo tem abertura para usar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na sua propaganda eleitoral. Um dos apoiadores que aparecem nas mídias do governador é o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB).

Oficialmente, o candidato apoiado por Lula é o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB). O PT, inclusive, integra a coligação do emedebista, tendo Ricardo Coutinho, antigo aliado de Azevêdo, como candidato ao Senado, ainda que sob questionamentos na Justiça Eleitoral.

Azevêdo possui o segundo maior tempo de propaganda no rádio e na TV e o maior número de apoio de prefeitos. Tem como vice na chapa o vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro (PP), filho da senadora Daniella Ribeiro (PSD) e sobrinho do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP).

Um dos objetivos da chapa do governador, com Lucas de vice, é fortalecer a penetração no eleitorado da região de Campina Grande, cidade que é o segundo maior colégio eleitoral do estado. Isso porque dois dos candidatos de oposição, o deputado federal Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital do Rêgo, têm amplo grau de conhecimento na cidade.

Pedro é filho e neto de ex-prefeitos de Campina Grande e primo do atual gestor, Bruno Cunha Lima (PSD), e Veneziano já governou a cidade por oito anos.

Um dos mais ativos na campanha de Pedro Cunha Lima é o pai dele, o ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB). A articulação para a candidatura do deputado culminou com o maior tempo de propaganda no rádio e na TV dentre todos os concorrentes, o que é tido nos bastidores da campanha do tucano como um trunfo para tentar se cacifar no segundo turno.

No plano nacional, Pedro ensaiou inicialmente um apoio a Ciro Gomes (PDT), mas depois recuou e decidiu pelo voto em Simone Tebet (MDB) para presidente.

Em Campina Grande, Pedro Cunha Lima é aliado do primo, o prefeito Bruno Cunha Lima, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O candidato apoiado pelo presidente na Paraíba é o radialista Nilvan Ferreira (PL), que em 2020 perdeu no segundo turno a eleição para prefeito de João Pessoa, disputando pelo MDB. O vencedor foi Cícero Lucena, do PP, partido que apoia o governador Azevêdo.

Apesar da elevada rejeição a Bolsonaro entre os paraibanos, Nilvan tenta consolidar o voto casado com o eleitorado bolsonarista para chegar ao segundo turno do pleito.

Nilvan é tido como o adversário predileto por aliados de Azevêdo no segundo turno. Esse cenário poderia levar a uma nacionalização da eleição, com o governador, na segunda etapa, tendo o apoio oficial de Lula, majoritário na Paraíba.

No primeiro turno, o PT de Lula está no palanque de Veneziano Vital do Rêgo. O MDB da Paraíba é comandado pelo senador e apoia a candidatura do petista, deixando de lado a postulação de Simone Tebet (MDB).

Veneziano foi eleito senador pelo PSB em 2018 na mesma aliança do governador Azevêdo, mas eles romperam os vínculos políticos nos últimos anos.

Em 2022, Veneziano se uniu ao ex-governador Ricardo Coutinho (PT), candidato ao Senado. O petista lidera as pesquisas, mas tem a candidatura questionada pelo Ministério Público Eleitoral em razão de condenação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com consequente inelegibilidade por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014, quando disputou a reeleição para o governo, à época pelo PSB.

Coutinho migrou para o PT em 2021 com o aval do ex-presidente Lula. Caso a candidatura do ex-governador ao Senado seja vetada, há temor de implicações na competitividade da candidatura de Veneziano, já que Ricardo funciona também como um cabo eleitoral para o postulante do MDB.

Coutinho sofreu desgaste político durante uma fase da Operação Calvário da Polícia Federal, no final de 2019, quando chegou a ser alvo de prisão preventiva. A investigação apura supostos desvios de recursos da saúde. Ricardo sempre negou participação em irregularidades.

Mesmo apoiado por Lula, Veneziano fez acenos ao eleitorado bolsonarista em sabatina em agosto. Classificou como "choradeira" a decisão dos governadores de contestarem no STF (Supremo Tribunal Federal) a medida do governo federal e do Congresso de limitar o teto do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis.

"Essa choradeira dos governadores não é pertinente porque ele omite o que arrecadou durante dois anos e meio, porque não faz a conversão do que arrecadou e a recomposição prevista constitucionalmente", disse, na ocasião.

No pleito para o Senado, o principal concorrente de Ricardo Coutinho é o deputado federal Efraim Filho (União Brasil), da chapa de Pedro Cunha Lima. O parlamentar tem 22% das intenções de voto, segundo o Ipec, enquanto o petista possui 30%.

Do lado governista, a candidata ao Senado é a deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), com 8% na pesquisa do Ipec. A expectativa de aliados é que, caso Ricardo Coutinho seja barrado, haja uma migração de votos para a sua candidatura.

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