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Haddad e Tarcísio repetem alvo em Rodrigo, que mira bolsonarista em debate

Governador de São Paulo, que avançou no último Datafolha, briga por uma vaga no segundo turno

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São Paulo

No terceiro debate entre candidatos a governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) voltou a ser o alvo preferencial dos rivais Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O evento deste sábado (17) repetiu o cenário do realizado na terça (13), com o tucano na mira dos adversários. Ele foi repetidamente questionado sobre o atual governo, do qual foi vice até abril e assumiu após a saída de João Doria (PSDB).

Na pesquisa Datafolha do dia 15 de setembro, Rodrigo apareceu com 19% das intenções de votos, quatro pontos percentuais a mais do que havia registrado no levantamento anterior. Ele está tecnicamente empatado com Tarcísio na segunda colocação.

Haddad segue na liderança, com 36% (ele tinha 35% em 1º de setembro). Reportagem da Folha mostrou que parte da equipe do petista prefere enfrentar Tarcísio, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no segundo turno.

O governador buscou atingir o bolsonarista, seu adversário direto na briga por uma vaga no segundo turno, mas também fez críticas ao petista.

O debate deste sábado foi organizado por um pool de veículos formado por SBT, O Estado de S. Paulo, Rádio Eldorado, Terra, Veja e Rádio Nova Brasil. Também participaram os candidatos Elvis Cezar (PDT) e Vinicius Poit (Novo).

Candidatos ao Governo de São Paulo no debate do SBT e outros veículos - Marlene Bergamo/Folhapress

Haddad e Rodrigo se enfrentaram diretamente em uma pergunta do petista sobre o porquê do tucano ter aumentado impostos na pandemia —crítica também feita por Tarcísio ao governador.

O ex-prefeito de São Paulo lembrou a retirada do passe livre para quem tem de 60 a 65 anos durante o governo atual, de Doria e Rodrigo.

O tucano respondeu que vai retomar os benefícios fiscais que foram retirados pela sua gestão com Doria, assim como o passe livre. Ele acusou Haddad de aumentar impostos quando prefeito da capital e durante a gestão petista de Marta Suplicy, que ficou conhecida como "Martaxa".

"Quem entende de imposto, taxa, de cobrar a população é você", disse Rodrigo. "Você vai se arrependendo do que fez com idosos, aposentados e vai voltando atrás em vez de assumir que errou", rebateu Haddad.

O petista afirmou que Rodrigo esconde sua participação nas gestões de Celso Pitta, Gilberto Kassab (PSD) e Doria, segundo ele, "as três piores da história de São Paulo".

"A impressão que dá é que você quer varrer o passado que não te interessa. E que, quando dá errado, fala que está há cinco meses no governo. [...] Quem assinou o fim do passe do idoso foi você", disse.

Em outro momento, o petista ironizou a tentativa do adversário de colher os louros de realizações do PSDB.

"O Rodrigo tenta se apropriar do que não é dele, evocando 28 anos de tradição tucana, da qual ele não faz parte. Está há pouco mais de um ano no PSDB."

Num segundo embate direto, Rodrigo ressaltou que Haddad "perdeu para brancos e nulos em São Paulo", quando tentou se reeleger em 2016. O governador disse que o ex-prefeito aumentou as filas de creche.

Quando Haddad afirmou que a entrega de novas linhas de metrô "não caminha na velocidade desejada", Rodrigo respondeu citando o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula (PT) na chapa presidencial.

"Você tem andado no interior do estado de mãos dadas com o ex-governador Alckmin. Poderia perguntar para ele como é difícil tirar as obras do papel", disse.

Tarcísio também teve Rodrigo como alvo no debate, acusando-o de anunciar medidas favoráveis a servidores apenas no período eleitoral. "Esse tempo todo tinha dinheiro em caixa e nada foi feito. E isso me surpreende", disse.

"Tarcísio, você chegou agora aqui. [...] Você não conhece, não viveu São Paulo", rebateu o tucano, referindo-se ao fato de o ex-ministro ter nascido no Rio de Janeiro.

O principal enfrentamento entre Tarcísio e Rodrigo, porém, se deu com relação às mulheres.

Tarcísio foi alvo dos rivais por conta de seus aliados, tema que Rodrigo tem explorado na propaganda da TV. Elvis afirmou que o candidato bolsonarista "anda com deputado que bate em mulher", em referência a Douglas Garcia (Republicanos), que hostilizou a jornalista Vera Magalhães no último debate; com deputado que "fala mal do papa", em referência a Frederico D'Ávila (PL); e "corrupto", em referência a Eduardo Cunha (PTB).

Douglas, que não chegou a agredir a jornalista fisicamente, foi ao debate passado como convidado de Tarcísio, que depois tentou se desvencilhar de qualquer elo com o deputado do seu partido.

O candidato do PDT mencionou ainda o apoio de Tarcísio a Fernando Collor (PTB). Ao chegar para o debate, o ex-ministro do governo Bolsonaro afirmou que não avaliou direito o risco de gravar um vídeo de apoio ao ex-presidente.

"Às vezes isso acaba respingando, a gente não reflete no risco. A gente faz de boa-fé. Foi o que fiz", disse.

Também pegando carona no episódio do ataque de Douglas à jornalista da TV Cultura no debate anterior, mas sem mencioná-lo especificamente, Rodrigo listou suas medidas para as mulheres.

Rodrigo busca provocar um desgaste para Tarcísio, aliado de Bolsonaro, que tem dificuldade em conquistar o voto feminino. Num ato simbólico, o governador foi ao debate deste sábado com uma comitiva só de mulheres —sua esposa e filha, além de secretárias do seu governo.

Questionado sobre o episódio de Douglas, Tarcísio reiterou seu repúdio, alegou que o governo Bolsonaro fez projetos para mulheres e prometeu uma secretaria de política para as mulheres.

Tarcísio e Haddad, que têm em seus partidos candidatos suspeitos de vínculo com a facção criminosa PCC, foram questionados sobre o tema. O ex-ministro disse que será implacável com criminosos e fará parcerias com o governo federal. O ex-prefeito afirmou que vai criar uma corregedoria-geral do estado.

No debate, os candidatos tentaram reforçar suas marcas. Rodrigo afirmou não ter padrinhos e disse que ele é quem vai mandar no governo, não seus aliados, em referência a Haddad e Tarcísio, apoiados por Lula e Bolsonaro.

Tarcísio, por sua vez, mencionou Bolsonaro na tentativa de colar em seu padrinho e listou entregas do Ministério da Infraestrutura em São Paulo.

Poit voltou a dizer que é empreendedor e contrário à corrupção e aos privilégios da classe política. Em crítica ao STF (Supremo Tribunal Federal) que reproduz o discurso bolsonarista, o candidato do Novo afirmou que "a postura ditatorial não pode vir do STF".

Em contraponto a Poit e Bolsonaro, Haddad pregou respeito às instituições e aos demais Poderes. "Se o chefe do Executivo não respeitar a Justiça e o Parlamento, ele vai estar concorrendo para um regime autoritário", afirmou.

O próximo e último debate para o Governo de São Paulo antes do primeiro turno está marcado para o dia 27 de setembro e será realizado pela TV Globo.

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