Descrição de chapéu Eleições 2022

Eleição para o Governo de Alagoas reúne de Collor a aliados de Lira e Renan

Ex-presidente Collor tenta se eleger governador, numa disputa que envolve os Calheiros e Arthur Lira

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Maceió

A eleição em Alagoas tem um contexto nacional. Além de os principais concorrentes à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiarem candidatos a governador, há outros ingredientes que fazem com que a eleição transcenda as divisas do estado.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), tenta sua reeleição como deputado federal, enquanto Renan Filho (MDB) lidera as pesquisas para o Senado, onde pode se juntar ao pai, Renan Calheiros (MDB).

O ex-presidente Fernando Collor (PTB) é o candidato de Bolsonaro ao Governo de Alagoas, e Paulo Dantas (MDB), governador após Renan Filho renunciar ao cargo, tenta a sucessão sob a ideia de repetir os sucessos de seu antecessor, cujo mandato durou sete anos e meio.

O pleito também ganha a concorrência do senador Rodrigo Cunha (União Brasil), que recebe o apoio de Arthur Lira e dos prefeitos de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, e Arapiraca (Luciano Barbosa), as duas maiores cidades alagoanas.

Da esq. para a dir., os candidatos Fernando Collor, Rui Palmeira, Paulo Dantas, Luciano  Fontes, Cicero Albuquerque, Rodrigo Cunha e  Luciano Almeida
Da esq. para a dir., os candidatos Fernando Collor, Rui Palmeira, Paulo Dantas, Luciano Fontes, Cicero Albuquerque, Rodrigo Cunha e Luciano Almeida - Divulgação

O ex-prefeito da capital, Rui Palmeira (PSD), também está na disputa pelo comando do estado.

Alagoas é o estado em que a maior parcela da população passa fome no Brasil, com 36,7% —número que é duas vezes a média nacional. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que divulgou informações sobre segurança alimentar por estado no dia 14.

Por causa das eleições, Renan Filho renunciou ao seu mandato como governador em abril. Seu vice-governador, Luciano Barbosa, deixou o cargo nas eleições de 2020, assumindo a Prefeitura de Arapiraca.

O próximo na linha sucessória seria o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (MDB), que preferiu não assumir o governo e concorrer à reeleição, convocando eleições indiretas. Após imbróglios na Justiça, travados entre Arthur Lira e Renan Calheiros, Paulo Dantas foi eleito para um mandato até 31 de dezembro.

Sua campanha se baseia no que foi feito durante a gestão de Renan Filho, citando obras realizadas no período ou que estão sendo concluídas durante seu período no governo.

Dantas foi prefeito do município de Batalha durante dois mandatos e, em 2018, se tornou deputado estadual. Sua esposa, Marina Thereza Cintra Dantas (MDB), é a atual prefeita da cidade.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, também se licenciou no começo de setembro. O vereador Galba Netto (MDB) assumiu o município, já que o vice-prefeito, Ronaldo Lessa (PDT), se afastou de seu cargo para concorrer a vice-governador do estado ao lado de Dantas.

A licença de Caldas se dá pelo seu apoio à eleição de Rodrigo Cunha ao governo. No Senado, a primeira suplente de Cunha e hoje titular da pasta, Eudócia Maria Holanda de Araújo Caldas (PSB), é mãe do prefeito licenciado.

Além disso, JHC também trabalha para que seu irmão, João Antônio Holanda Caldas, se eleja deputado federal.

Antônio iniciou sua campanha se identificando como "Dr. JAC", mas durante o período fez uma transição para "Dr. JHC", aproximando-se da imagem do irmão, que foi, proporcionalmente, o deputado federal mais votado nas eleições de 2018. Eles compartilham o mesmo número nas urnas.

Rodrigo Cunha não recebe o apoio de nenhum dos presidenciáveis, mas é aliado de Arthur Lira e de seu grupo político. Sua vice, a deputada estadual Jó Pereira (PSDB), é prima do presidente da Câmara.

Em 2018, Cunha se declarou neutro na disputa do segundo turno à presidência do Brasil. Na ocasião, ele disse que não se sentia representado por nenhuma das candidaturas.

Isso também se dá porque a mãe de Cunha, a ex-deputada Ceci Cunha, foi morta em 1998. O suplente dela, Talvane Albuquerque, foi condenado a 103 anos de prisão por ser mandate do assassinato. Mais três pessoas, inclusive o pai do senador, morreram no crime.

Na ocasião, gravações de Albuquerque com o pistoleiro responsável pelo assassinato foram divulgadas e houve o pedido de sua cassação. Apesar de a votação ter sido secreta, Bolsonaro pediu para justificar o seu voto contrário à medida. A cassação foi aprovada com 425 votos a favor e 25 contra.

Em outubro de 2021, Albuquerque conseguiu a progressão da pena para o regime semiaberto e, seis meses antes, a redução da pena para 92 anos, nove meses e 27 dias.

Já Collor abraça o apoio de Bolsonaro e faz dele a maior parte de sua campanha. Em entrevista à Folha em 2020, o ex-presidente, no entanto, criticou a participação de Bolsonaro em protestos antidemocráticos e suas alianças com o centrão. A aproximação entre ambos se consolidou nos últimos anos: o senador marcou presença nas visitas do presidente a Alagoas e dividiu palanque com ele.

Na mais recente visita, no fim de junho, Collor inclusive defendeu a reeleição do presidente e puxou um coro em seu nome durante uma entrega de residenciais em Maceió.

Por meio das redes sociais, Collor mostra a união em torno do presidente, compartilhando vídeos de pessoas que o apoiam, como o candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-jogador de vôlei e candidato a deputado federal por Minas Gerais Maurício Souza (PL) e o empresário Luciano Hang.

Seu vice, Leonardo Dias (PL), é vereador em Maceió. Há dois anos, antes mesmo de se eleger, Dias usou suas redes sociais para criticar medidas de Collor, chamando-o de "sequestrador de poupanças", e ironizando o tom adotado pelo político.

A aliança foi costurada por conta de seu apoio ferrenho a Bolsonaro.

Também na disputa pelo governo, Rui Palmeira foi prefeito de Maceió em duas oportunidades e se aliou aos Calheiros em 2020, com a candidatura de Alfredo Gaspar para a Prefeitura de Maceió. Após o insucesso, Gaspar migrou para o União Brasil, onde é candidato a deputado federal, e apoia Rodrigo Cunha.

Palmeira, enquanto prefeito, também foi próximo do grupo de Arthur Lira. Hoje, mantém um discurso de independência dos outros candidatos, sem alianças políticas nacionais. Seu vice, Arthur Albuquerque (Republicanos), é filho do deputado estadual Antônio Albuquerque, que chegou ao seu sétimo mandato consecutivo e tentará a reeleição.

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