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Entidades de imprensa repudiam agressão de Douglas Garcia à jornalista Vera Magalhães

Ataque é 'grave atentado à democracia' e 'agressão à liberdade de imprensa', afirmam organizações

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São Paulo

Entidades de jornalismo repudiaram as agressões verbais feitas pelo deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) contra a jornalista Vera Magalhães na noite desta terça-feira (13).

Manifestaram-se a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a Ajor (Associação de Jornalismo Digital), a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

O deputado estadual Douglas Garcia discute com a jornalista Vera Magalhães após debate no auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, em São Paulo
O deputado estadual Douglas Garcia discute com a jornalista Vera Magalhães após debate no Memorial da América Latina, em São Paulo - Ronny Santos - 13.set.22/Folhapress

Após o debate com candidatos ao Governo de São Paulo, Douglas se sentou ao lado de Vera e, gravando com seu celular, perguntou se ela recebeu dinheiro para falar mal do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Douglas, que é candidato à Câmara dos Deputados, repetiu ataque feito pelo presidente durante debate entre candidatos ao Planalto no mês passado e disse que ela é "uma vergonha para o jornalismo".

"O ataque misógino à jornalista soma-se aos tantos já protagonizados por apoiadores de Jair Bolsonaro e pelo próprio presidente e representa não só uma violência contra todas as mulheres e contra toda a categoria dos jornalistas, mas também mais um grave atentado à democracia em nosso país", afirmou em nota a Fenaj e o Sindicato de São Paulo.

Em manifestação conjunta, Abert, Aner e ANJ afirmaram que "a intimidação e as ofensas desferidas contra Vera Magalhães pelo deputado estadual Douglas Garcia são uma tentativa de constranger o livre trabalho da jornalista e uma inaceitável agressão à liberdade de imprensa".

A Ajor, em conjunto com outras oito organizações, como a Abraji e o Instituto Vladimir Herzog,
expressou "indignação e revolta" sobre o ocorrido.

"A virulência desses ataques não pode ser normalizada. Durante os últimos quatro anos, jornalistas, especialmente mulheres, foram alvo do presidente e de seus aliados. Ataques misóginos e sexistas, reproduzidos em larga escala, e campanhas de desinformação orquestradas por agentes públicos minaram o debate público", afirmaram as entidades.

A nota lembrou que as organizações signatárias se dirigiram nesta semana a partidos e candidatos para pedir "respeito ao trabalho da imprensa" em debates e sabatinas.

A ABI classificou o ataque de misógino e defendeu a cassação do parlamentar. "Diante de mais esta agressão criminosa as mulheres e à democracia [...] são necessárias atitudes enérgicas que não apenas punam o autor do atentado à jornalista [...], mas também desestimulem, de uma vez por todas, os fascistas da mesma espécie que imaginem ser possível intimidar e calar profissionais da imprensa".

Outra entidade que repudiou o caso e expressou apoio a Vera foi a Comissão Arns, de defesa dos direitos humanos. A organização divulgou nota em que descreve os ataques como "parte de uma campanha demolidora, mal-intencionada e misógina visando desqualificar o trabalho das mulheres na imprensa brasileira".

"Liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão. A imprensa livre é, e vai continuar a ser, um pilar da nossa democracia. Seus demolidores não podem ficar impunes", afirma o documento, assinado pelo presidente da comissão, o advogado José Carlos Dias.

O correligionário do deputado e candidato de Bolsonaro ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também se manifestou pelas redes sociais. "Essa é uma atitude incompatível com a democracia e não condiz com o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa", afirmou.

Ele também ligou para a jornalista para se desculpar, segundo a coluna Mônica Bergamo, da Folha. "Eu mal conheço, nem tenho contato com esse idiota", afirmou o candidato ao jornal.

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