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Lula volta a comparar Bolsonaro a Hitler e culpa Aécio por animosidade no Brasil

Petista também afirmou em sabatina da CNN Brasil que nunca indicou ninguém ao STF para depender de favor

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a comparar o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao nazista Adolf Hitler e afirmou que o deputado federal Aécio Neves (PSDB) é responsável pelo "clima de animosidade" do Brasil por não ter aceitado o resultado das eleições presidenciais de 2014 contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

"O Aécio afrontou a vitória da Dilma, entrou com recurso na Justiça e é responsável pelo clima de animosidade que está criado hoje nesse país. Numa eleição, você disputa, você perde ou você ganha", afirmou Lula.

O petista participou de sabatina da CNN Brasil na noite desta segunda-feira (12). A conversa foi conduzida pelo jornalista William Waack.

O ex-presidente Lula (PT) durante sabatina da CNN Brasil na noite desta segunda (12)
O ex-presidente Lula (PT) durante sabatina da CNN Brasil na noite desta segunda (12) - Reprodução

Lula afirmou ainda que o clima no Brasil mudou após o impeachment de Dilma, referindo-se a ele como "golpe", e que, até então, o Brasil vivia "em normalidade".

"Não tinha dificuldade de relacionamento com os partidos políticos. O Fernando Henrique Cardoso não teve, o Sarney não teve. Isso começou depois de 2014, 2015, quando o Aécio não aceitou os resultados das eleições e instigou que o Eduardo Cunha se comportasse do jeito que se comportou", continuou Lula.

Em seguida, o ex-presidente afirmou que vários fatores contribuíram para que o Brasil entrasse nesse "clima de nervosismo", sendo um deles a negação da política, e comparou o atual chefe do Executivo a Hitler e a Mussolini.

"A destruição da política permitiu que surgisse um Bolsonaro como permitiu que surgisse na Alemanha um Hitler, como permitiu que surgisse na Itália um Mussolini. Toda vez que você nega a política, o que vem depois dela é muito pior."

Na sabatina, Lula também voltou a afirmar que há uma "certa anormalidade" no país na atuação dos Poderes.

Ele afirmou que, às vezes, o Judiciário "se comporta fazendo política" e que para voltar a normalidade é preciso que cada Poder volte a cumprir com a sua função.

Ele disse que é preciso seguir acreditando na Justiça e que não se arrependeu de nenhuma indicação de ministros que ele fez ao Supremo Tribunal Federal durante os seus mandatos. "Nunca indiquei para depender de favor. Indiquei por currículo e competência", disse.

Ao ser questionado sobre corrupção, o ex-presidente voltou a citar instrumentos criados nos governos petistas, como a Lei de Acesso à Informação e o Portal da Transparência, e criticou os decretos de sigilo impostos pelo governo Bolsonaro.

Lula também citou o caso da compra de imóveis em dinheiro vivo pela família de Bolsonaro, que vem sendo explorado por sua campanha, e afirmou que durante sua gestão "nada ficava sem investigar e assim será".

Ele disse ainda que não pode dizer que não houve corrupção, se pessoas delataram. "Se o Sergio Cabral, no Rio de Janeiro, reconheceu que fez o erro que ele fez, se outros denunciaram que receberam favor de empresas, essa gente cumpriu uma pena. O que eu acho grave é que essas pessoas foram beneficiadas por delação premiada na qual o objetivo era tentar me culpar."

Lula também criticou o ex-juiz Sergio Moro, afirmando, sem citar seu nome, que ele foi "pilantra" e que ele transformou a Lava Jato em uma questão política.

O petista ainda criticou os decretos de armas do governo Bolsonaro e afirmou que o atual mandatário "legalizou" o tráfico no país.

"O tráfico de armas não tem que combater mais, porque o presidente legalizou. O presidente pensa que quem está comprando arma é o coroinha da igreja, é o pastor. Não. Quem está comprando arma é o crime organizado legalizado pelo presidente da República."

Lula também citou seu vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), e indicou que ele será uma pessoa importante nas articulações políticas em um eventual governo para mudar o fato de o "presidente da República ser refém do Congresso Nacional".

O petista foi questionado ainda sobre declarações de que ele poderia revisitar privatizações caso assumisse a Presidência e negou que isso possa acontecer.

Lula disse também que parte do agronegócio não gostar do PT "não é por falta de financiamento", porque foram as gestões petistas que mais deram financiamento ao setor, e que o problema desse segmento com o partido é porque não haverá desmatamento na Amazônia em seu eventual governo.

"No agro tem muita gente que sabe que necessita produzir, que tem que ter uma política de preservação ambiental, que tem que respeitar a questão do clima, porque o mundo comercial vai cobrar do Brasil."

A campanha de Lula vem buscando aproximação com o agronegócio, setor que está mais ligado atualmente ao presidente Bolsonaro.

"O agro é importante e não é de hoje, ele é muito importante há muito tempo. Deus queira que o Brasil cresça tanto que chegue a desbancar os Estados Unidos. Tudo isso é possível produzir sem essa quantidade de agrotóxico e sem invadir nenhum bioma que nós precisamos preservar."

As declarações ocorrem após o ex-presidente ter afirmado em entrevista ao Jornal Nacional, em agosto, que há parte do agronegócio "fascista e direitista" que se coloca contra a preservação do meio ambiente. A frase foi usada por adversários do petista como munição de ataques nas redes sociais.

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