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Apoio de Rodrigo a Tarcísio irrita tucanos em SP, e PSDB da capital diz estar aberto a Haddad

Diretório municipal do PSDB diz que não terá neutralidade e que está disposto ao diálogo com petistas e bolsonaristas

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São Paulo

O apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) a Jair Bolsonaro (PL) e a Tarcísio de Freitas (Republicanos) irritou parte dos integrantes do PSDB, que criticaram a decisão por ter sido tomada de forma individual, sem consulta aos integrantes da campanha.

Nesta terça-feira (4), ao anunciar o embarque na campanha bolsonarista, Rodrigo afirmou que havia avisado sua posição aos diretórios nacional e estadual do PSDB. Também nesta terça, a direção nacional do PSDB liberou seus filiados para apoiarem Bolsonaro ou Lula (PT) no segundo turno da eleição.

Rodrigo Garcia (PSDB) ao anunciar apoio a Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Bruno Santos/ Folhapress

De acordo com o presidente municipal do PSDB de São Paulo, Fernando Alfredo, o diretório da capital ainda anunciará um lado entre Tarcísio e Fernando Haddad (PT) na disputa estadual.

"Vamos ter uma decisão, vamos ter lado. O diretório não terá neutralidade", disse. Questionado sobre uma tendência a Tarcísio ou Haddad, ele afirmou que o PSDB pode dialogar com todos —Lula e Haddad, assim como Tarcísio e Bolsonaro.

"Estamos dispostos a conversar com quem quer o apoio do PSDB, que é um partido colegiado, que respeita sua história e legado", disse Fernando.

"Vou ouvir o diretório municipal, os líderes das regiões, os vereadores. Vamos nos reunir e decidir", completou.

O apoio declarado dos tucanos paulistas a Tarcísio e Bolsonaro é um revés para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Lula, que também buscavam atrair a sigla nesta segunda etapa da disputa em que enfrentam os bolsonaristas. Tarcísio terminou com 42,32% contra 35,70% do petista.

Rodrigo terminou o primeiro turno da eleição em terceiro lugar, com 18,4% dos votos válidos, e não avançou para o segundo turno, numa derrota histórica para o PSDB em São Paulo.

Apesar da postura histórica do PSDB contrária ao PT, a fala de Tarcísio nesta terça sobre "não fazer sentido ter o PSDB no palanque" irritou líderes da sigla, que viram a declaração como um desdém do bolsonarista. A leitura foi a de que Tarcísio aceitou o apoio de Rodrigo, mas não quis o partido como um todo.

"Eu preguei mudança o tempo todo, não faz sentido agora estar com eles [PSDB] no palanque. Agora, eles têm capilaridade, têm boas políticas que precisam ser preservadas", disse Tarcísio pela manhã.

"Existe no PSDB uma adesão natural a uma linha anti-PT. Eu não imagino o PSDB apoiando o PT. E a nossa linha de realmente promover algo diferente. Vamos estar no palanque juntos? Não, provavelmente não. Agora vamos ter adesões do PSDB, porque faz sentido", completou.

"O estado cansou da gestão PSDB, e a gente representa a novidade", disse Tarcísio ainda.

Questionado sobre não querer o PSDB em seu palanque, justificou: "Não é isso. Nós vamos ter adesões que são naturais, vão vir naturalmente em função da nossa linha programática, que é a mesma linha de muitos dos integrantes do PSDB".

A posição de Rodrigo também provocou uma ameaça de rebelião no governo. Como noticiou a coluna Painel, três secretários ameaçam deixar os cargos em razão do apoio dele a Bolsonaro.

A debandada deve envolver Rodrigo Maia (Projetos Estratégicos) Zeina Latif (Desenvolvimento Econômico) e Laura Machado (Desenvolvimento Social). Eles vão bater o martelo após conversa com governador nesta quarta-feira (5).

Maia esteve nesta terça no comitê de campanha de Lula. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que ele tem ajudado na articulação com empresários e nomes do mercado.

A decisão de Rodrigo de endossar Tarcísio reflete um movimento natural de prefeitos ligados ao PSDB, que já começaram a migrar para o candidato de Bolsonaro neste segundo turno.

Por outro lado, Rodrigo contraria tucanos históricos, como Aloysio Nunes e Tião Farias, que declararam voto em Lula.

O ex-governador João Doria (PSDB), padrinho de Rodrigo e opositor de Bolsonaro, afirmou à Folha discordar da atitude do governador, mas evitou criticá-la. Doria disse que votará nulo no segundo turno.

Roberto Freire, presidente do Cidadania, partido que integra uma federação com o PSDB, também criticou a decisão de Rodrigo. O Cidadania já declarou apoio a Lula no segundo turno.

"O senhor Rodrigo Garcia não respeitou o PSDB que não se reuniu e nada decidiu e já se entregou ao protofascista Bolsonaro. Penso que os tucanos social-democratas devem convidá-lo a sair do PSDB em respeito a sua própria história", escreveu no Twitter.

Colaboraram Victoria Azevedo e Catia Seabra, de São Paulo

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