Artista une tradição e tecnologia para retratos de Lula e Bolsonaro

Pernambucano Filippe Lyra usou recursos digitais para criar as pinturas dos 2 candidatos

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São Paulo

Nascido em Olinda (PE) e radicado na cidade de São Paulo desde 2008, Filippe Lyra transita entre os universos da tradição e das linguagens contemporâneas.

Dedica-se à pintura a óleo, técnica usada há pelo menos cinco séculos, e recorre à tecnologia para produzir curtas e outras criações digitais.

Nos retratos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) feitos por ele especialmente para a Folha para este 2º turno, o artista de 39 anos manteve essa dualidade. As pinturas têm um ar clássico, mas, ao contrário do que parece, foram feitas com uma ferramenta chamada mesa digitalizadora.

imagem dividida ao meio, do lado esquerdo um homem branco de 76 anos com barba e bigode, usa terno cinza, camisa branca e gravata rosa escura. Ele está sobre um fundo rosa com textura de pinceladas. Do lado direito, um homem branco, 67 anos, de cabelo marrom escuro e corte curto. Ele está com a barba e bigode feitas. Também usa terno cinza, camisa branca e gravata amarela. O fundo é amarelo também com textura de pinceladas num tom de amarelo escuro (cor mostarda). Ele estão enfrentados. Os retratos foram feitos digitalmente simulando pintura a óleo
Retratos de Lula e Bolsonaro feitos pelo artista pernambucano Filippe Lyra para a edição da Folha do segundo turno das eleições de 2022 - Folhapress

Lyra explica que não haveria tempo de fazer pinturas do jeito convencional. Além disso, a edição do jornal precisaria dos retratos em diferentes ângulos, uma exigência que se torna mais viável com a tecnologia. De qualquer modo, para o artista, "o pensamento pictórico é o mesmo".

"Um retrato pode imprimir uma infinidade de sensações no espectador. Uma sombra a mais e a relação entre as partes e o todo se modifica muitíssimo", diz ele, que levou dois dias para concluir as pinturas.

"O desafio ao retratar pessoas amplamente conhecidas é justamente editar estas características anatômicas distintas sem perder certa verossimilhança. Encontrar este equilíbrio de expressão entre os candidatos foi o meu desafio."

Lyra se graduou em artes plásticas na Universidade Federal de Pernambuco e, mais tarde, fez cursos na Noruega e na Suécia. Admira pintores austríacos da virada do século 19 para o 20, como Gustav Klimt e Egon Schiele.

Mas quem o guiou, de fato, para a pintura foi sua mãe, Selice, que participou de alguns salões de arte em Pernambuco. A influência do pai se deu de outra maneira: policial que atuava no combate ao desmatamento no interior do estado, Edelry viajou diversas vezes com o filho e o ensinou a contemplar a natureza.

Ligado a uma igreja batista, Lyra admite a presença da espiritualidade nos seus trabalhos, mas não de maneira óbvia. "Não diria que a religião me influencia. Há um relacionamento entre arte e espiritualidade. As inspirações são presentes que Deus me dá."

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