O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou seu rival na disputa pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de "ladrão sem caráter" e utilizou de forma preconceituosa e desvirtuada, também para atacar o adversário, a sigla CPX.
As declarações foram dadas durante comício na manhã deste sábado (15) em Teresina (PI). A capital piauiense é a primeira de três das principais cidades do nordeste que o presidente visitará até a noite de hoje. O candidato à reeleição esteve ainda em Fortaleza (CE) e São Luís (MA).
Boa parte do discurso de Bolsonaro em Teresina foi reservada para ataques ao rival. O Piauí é onde Lula conseguiu o melhor desempenho contra o presidente no primeiro turno da eleição, alcançando 74,25% dos votos válidos, contra 19,90% do presidente.
No discurso, Bolsonaro voltou a citar declarações de Lula sobre a população voltar a beber cerveja e comer carne caso seja eleito. "Agora diz que vai dar picanha com cerveja. Mentiroso, mau caráter, ladrão", discursou, em tom exaltado, no comício, realizado em espaço privado no bairro São João, zona leste de Teresina.
Conforme Bolsonaro, Lula não fez nada para o povo quando governou. "Esse ladrão, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), fez obras fora do Brasil. E para aqui, não fez nada. Não olhou para o povo. Olhou apenas para os seus amigos, os seus 'cupinchas', os seus CPX", disse.
Redes sociais bolsonaristas, após Lula aparecer com um boné com a sigla CPX em campanha no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, passaram a divulgar fake news afirmando se tratar de abreviação ligada a gíria usada por criminosos. As letras, no entanto, significam complexo, nome dado a um conjunto de favelas.
Bolsonaro voltou a falar que, se reeleito, pretende reduzir a maioridade penal e, também neste tema, atacou o rival. "Lula, os seus amiguinhos, de 16 e 17 anos, que gostam de roubar celular e matar jovens, o futuro deles vai ser apodrecer na prisão", afirmou.
Em São Luís (MA), o presidente visitou a Assembleia de Deus Tirirical e fez ataques contra Lula, numa tentativa de associá-lo a um possível fechamento de igrejas e ao aborto. Em duas decisões, o TSE já mandou Bolsonaro e aliados retirarem propagandas e publicações nas redes sobre os temas.
"Alguns dizem que não deveríamos, em meios religiosos, falar em eleições, mas nós falamos em eleições hoje para, amanhã, podermos falarmos de Jesus nas nossas igrejas", disse Bolsonaro, justificando sua presença no templo religioso.
Cenário adverso
Em Teresina a diferença entre Lula e Bolsonaro foi menor, na comparação com o resultado estadual, mas, ainda assim, bastante expressiva a favor do ex-presidente. Lula teve 62,37% dos votos válidos, ante 28,63% do rival na cidade.
Além disso, no domingo (2), Rafael Fonteles (PT) foi eleito governador do estado em primeiro turno. A principal chapa rival era formada por Sílvio Mendes (União Brasil) e Iracema Portela (Progressistas), ex-mulher de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e líder do Centrão. A vitória foi por 57,17% dos votos válidos contra 41,62%.
Bolsonaro chegou a Teresina na noite de sexta, depois de participar de atos de campanha no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
STF
Já em Fortaleza (CE), também neste sábado (15), Bolsonaro voltou a negar que vá aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) caso seja reeleito. Em 9 de outubro, durante entrevista a um canal nas redes sociais, o mandatário afirmou ter recebido propostas para a mudança na composição da Corte e cogitava a mudança.
Dois dias depois, no entanto, recuou. A alteração na composição do tribunal foi defendida pelo vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador pelo Rio Grande do Sul, e pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
"É mentira que pretendo aumentar o STF. Já indiquei dois nesse mandato. Se reeleito mais dois. Seriam então cinco do PT, um do FHC e um do Temer, ficaria balanceado", disse Bolsonaro, se referindo aos governos nos quais os demais membros foram indicados.
As declarações foram dadas em Fortaleza, onde o presidente desembarcou no final da manhã deste sábado (15) para ato de campanha. Bolsonaro conversou com repórteres no aeroporto, ao lado do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), derrotado para o governo do Ceará no primeiro turno pelo petista Elmano de Freitas.
Durante a campanha, Wagner evitou se associar diretamente a Bolsonaro temendo perder votos no Ceará, estado que deu mais votos a Lula (PT).
No bairro Conjunto Ceará, Bolsonaro pediu para quem votou em Lula (PT) no primeiro turno que optasse por ele. E que, quem se absteve, fosse votar no dia 30 de outubro. "Compare e veja o que fizemos. Se você votou no outro cara, reflita e venha para nós. Se você não votou, vá votar", disse Bolsonaro.
A coordenação da campanha do presidente no Ceará optou pelo comício no bairro, que fica distante dos locais mais ricos, como Aldeota ou Meireles, que votam mais em Bolsonaro, para tentar atingir eleitores de Lula. O Conjunto Ceará é um dos bairros mais populosos da capital cearense e faz divisa com a cidade de Caucaia, segundo maior colégio eleitoral do Ceará, atrás de Fortaleza.
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