Bolsonaro muda discurso e agora evita falar em relatório das Forças Armadas sobre eleição

Presidente diz que militares não auditam eleição e insinua nunca ter falado em parecer no primeiro turno

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Brasília

Em uma mudança de discurso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou falar nesta quarta-feira (19) sobre a fiscalização das Forças Armadas no primeiro turno das eleições.

Questionado por jornalistas sobre o relatório do Ministério da Defesa, Bolsonaro desconversou. "Olha, as Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Furada, fake news", disse.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em coletiva de imprensa no palácio do Alvorada ao lado de prefeitos, em busca de apoio para a reeleição - Gabriela Biló - 19.out.22/Folhapress

O presidente ainda foi perguntado se havia visto o relatório da fiscalização do primeiro turno. "Você está colocando [palavra] na minha boca agora? Não coloca na minha boca, não. Quem fala é o Paulo Sérgio, [ministro] da Defesa", disse o presidente, negando haver falado sobre relatório das Forças Armadas.

A declaração do presidente difere da que ele havia dado na noite de 2 de outubro, após o fim da votação.

"Vou aguardar o parecer aqui das Forças Armadas que ficaram presentes hoje lá na sala cofre. Repito, elas foram convidadas a participar, integrar uma comissão de transparência eleitoral. Então isso aí fica a cargo do ministro da Defesa", disse Bolsonaro na ocasião.

"Olha, eles (militares) participaram da sala cofre. Devem estar lá até agora. Até o encerramento, vão estar lá. Vai ser feito um relatório pelo Ministério da Defesa", concluiu.

A postura do presidente está alinhada às manifestações do Ministério da Defesa. Por determinação do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, a pasta foi intimada a entregar os "documentos existentes sobre eventual auditoria das urnas".

Após o pedido, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi ao TSE para conversar com Moraes. Participaram ainda do encontro o secretário-geral do TSE, José Levi, e o general Rodrigo Vergara, assessor da Defesa.

Segundo fontes com conhecimento do assunto, Paulo Sérgio explicou na reunião que as Forças Armadas não realizaram auditoria nas urnas, mas fiscalizam o processo eleitoral, conforme resoluções da Justiça Eleitoral.

O ministro da Defesa ainda se comprometeu a enviar os documentos dentro do prazo de 48 horas estipulado por Moraes.

A entrega das conclusões da fiscalização do teste de integridade das urnas e da totalização dos votos, por meio de boletins de urna, foi discutida entre integrantes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas na terça.

Auxiliares de Paulo Sérgio defendiam que a pasta respondesse que não foi realizada auditoria nas urnas, como disse Moraes, mas somente fiscalização do processo eleitoral.

Por outro lado, militares próximos do general Paulo Sérgio não achavam sensato usar uma diferença de terminologia para negar acesso aos relatórios sobre o primeiro turno das eleições.

Eles disseram, reservadamente, que uma resposta negativa pode estressar a relação construída com o TSE nos últimos dois meses e abrir a possibilidade de decisões adversas do tribunal contra o Ministério da Defesa.

No TSE, porém, a leitura de aliados de Moraes é que o pedido de envio dos documentos faz parte de uma fase inicial do processo e qualquer resposta, conclusiva ou não, será analisada posteriormente pelo presidente da corte.

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