Datafolha: 52% dizem não votar em Bolsonaro de forma alguma; 40%, em Lula

Em uma disputa de rejeições, presidente não consegue se livrar de âncora tóxica

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São Paulo

Repetindo o padrão registrado desde que o Datafolha passou a fotografar as etapas desta corrida eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disputará no domingo (2) o primeiro turno com uma pesada âncora de rejeição. Dizem não votar nele de forma alguma 52% dos eleitores, ante 40% que descartam o líder da disputa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lula e Bolsonaro em torno do púlpito do debate presidencial organizado pela TV Globo
Lula e Bolsonaro em torno do púlpito do debate presidencial organizado pela TV Globo - Marcos Serra Lima - 29.set.22/G1

A partir de maio do ano passado, com a volta do petista ao páreo após a recuperação de seus direitos políticos, o instituto nunca flagrou Bolsonaro com menos de 51% de rejeição. O número é visto por aliados e adversários como tóxico demais para o presidente chegar competitivo à disputa do segundo turno.

Já a rejeição a Lula permaneceu estável, apesar do recrudescimento dos ataques contra si tanto por Bolsonaro como por outros candidatos, notadamente Ciro Gomes (PDT), na reta final da campanha. No debate final do primeiro turno, na TV Globo, o petista voltou a ser chamado de ladrão pelo presidente.

A estabilidade sugere que os agressivos embates do encontro não tiveram ressonância no eleitorado. Nem mesmo o maior escorregão de Lula, bater boca com o obscuro Padre Kelmon (PTB), linha auxiliar de Bolsonaro, não parece ter tido maior efeito. Já Bolsonaro, que encarnou seu figurino mais radical e histriônico no encontro, manteve sua legião de "haters" eleitorais declarados. O machismo de seu discurso mantém o eleitorado feminino, 52% da amostra do Datafolha, mais afastado.

O presidente tentou um pouco de tudo para reduzir isso na campanha. Ensaiou golpismo explícito ao atacar o sistema eleitoral e disse que não respeitaria qualquer resultado que não fosse sua vitória em primeiro turno, mas também reduziu a intensidade do discurso e disse que "iria para casa" se perdesse. Colocou a primeira-dama, Michelle, como talismã para atrair o voto das mulheres.

Além disso, abriu uma caixa de ferramentas econômicas, reduzindo na marra preços de combustíveis e ampliando transferências de renda. Não foi suficiente e, caso passe ao segundo turno, terá de lidar com uma competição direta de rejeições na qual Lula tem vantagem de forma contínua.

O Datafolha ouviu 12.800 pessoas em 310 cidades, com margem de erro de dois pontos, para mais ou menos. O levantamento, encomendado pela Folha e pela TV Globo, tem número BR-00245/2022 no TSE.

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