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Lula discursa a milhares na Paulista e diz esperar sinal de Bolsonaro para transição

Presidente eleito discursou diante de milhares de apoiadores em São Paulo

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Paulista tomada por apoiadores de Lula após vitória do petista neste domingo (30) Bruno Santos/Folhapress

São Paulo

Diante de milhares de apoiadores na avenida Paulista, em São Paulo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse na noite deste domingo (30) que espera um sinal do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL) para que a transição de governo seja feita.

"Gostaria de estar só alegre. Mas estou metade alegre e metade preocupado. Porque, a partir de amanhã, tenho que começar a me preocupar com como é que a gente vai governar este país", disse Lula em um trio elétrico. "Preciso saber se o presidente que derrotamos vai permitir que haja uma transição, para que a gente tome conhecimento das coisas"

"Em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado para mim para reconhecer a derrota. Ele até agora não ligou. Não sei se vai ligar e não sei se vai reconhecer de qualquer forma."

Bolsonaro não fez nenhum pronunciamento público sobre a derrota. Nos últimos anos, o atual presidente por diversas vezes questionou o sistema eleitoral e insinuou, em tom golpista, que poderia não aceitar resultado diferente da própria vitória. Neste domingo, aliados do chefe de Executivo disseram não haver clima para contestação da vitória de Lula no pleito.

Em discurso enfático, o presidente eleito afirmou que esta foi a campanha mais difícil de sua vida e que o resultado foi construído em conjunto com pessoas que "amam a liberdade e a democracia". O presidente eleito também criticou o governo Bolsonaro e disse mais de uma vez que sua vitória representa a derrota do "fascismo e do autoritarismo".

"Eu já fui presidente. Esta, de todas as vitórias que eu tive, é a vitória mais consagradora, porque nós derrotamos o fascismo e o autoritarismo. O povo vai poder sorrir outra vez, A cultura vai voltar muito forte, A educação vai voltar muito forte."

Lula definiu a vitória a nova como a "nova democratização" do Brasil. Ele reiterou a criação do Ministério dos Povos Originários e disse que seu governo vai trabalhar contra o preconceito e o racismo.

"Vamos criar o Ministério dos Povos Originários. Para que ele nunca mais seja desrespeitado, para que ele nunca mais seja tratado como cidadão de segunda categoria. E nós vamos ter uma luta feia contra o preconceito, o racismo. O racismo é uma doença que nós precisamos extirpar do nosso país."

O presidente agradeceu os eleitores do Nordeste e as mulheres. "Essa foi a vitória das mulheres, que não querem ser tratadas como objeto de cama e mesa. Querem ser tratadas como as sujeitas da história."

Também disse que seu governo vai recuperar o Ministério da Cultura. Foi ainda em novembro de 2018, antes de iniciar seu mandato na Presidência, que Bolsonaro divulgou que a área de cultura deixaria de ter um ministério próprio e iria se tornar uma secretaria. Nos quatro anos de governo, o atual presidente desidratou a Lei Rouanet, passou por casos de censura a editais públicos e teve seis nomes à frente da pasta.

Com a vitória do petista, a área deve voltar a ganhar o status de ministério. Nos dois discursos feitos na noite deste domingo, Lula fez acenos ao setor e afirmou que a área gera empregos e que o povo deseja voltar ao teatro e ao cinema.

Lula voltou a classificou sua vitória como uma "ressurreição política". "Eles pensavam que tinham me matado, acabado com a minha vida política, eles me destruíram contando mentiras, e eu estou aqui firme e forte", disse Lula.

Lula teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro em abril de 2018 e ficou 580 dias na cadeia. O petista foi solto em novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal decidir que a execução da pena só deveria acontecer com o trânsito em julgado da sentença.

Em março de 2021, Lula recuperou os direitos políticos diante da decisão do ministro do STF Edson Fachin de anular suas condenações na Lava Jato, ao considerar a Justiça Federal do Paraná incompetente para julgá-lo.

O líder petista homenageou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016 e o acompanhava no trio. Também estavam presentes o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), a senadora Simone Tebet (MDB-MS), a ex-senadora Marina Silva (Rede-AP), o candidato derrotado ao Governo de São Paulo Fernando Haddad (PT), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e outros parlamentares aliados.

Lula se emocionou ao repetir que seu principal compromisso é o combate à fome.

"Essa não é uma vitória minha, não é uma vitória só do PT, essa foi uma vitória de todas as mulheres e homens que querem a democracia, a liberdade, um país mais justo. Essa vitória é de todos homens e mulheres que resolveram libertar esse país do autoritarismo", afirmou.

Se o discurso na Paulista foi talhado para inflamar a militância, mais cedo, no primeiro discurso após ser eleito, Lula acenou ao mundo político e prometeu encontrar uma saída para o país voltar a ter paz e viver democraticamente. O líder petista buscou dialogar com o Congresso e o Judiciário.

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