Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula diz que PT tem autonomia no 2º turno no RS, menos eleger Onyx

Ex-presidente participa de caminhada em Porto Alegre nesta quarta-feira (19)

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Porto Alegre e São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (19) que o diretório estadual do PT no Rio Grande do Sul tem autonomia para tomar qualquer decisão sobre as eleições estaduais, "menos eleger o Onyx [Lorenzoni]", candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula disse que as pessoas precisam eleger uma pessoa "mais democrática, mais razoável e mais sensível aos problemas sociais".

"Pelo que eu conheço, o Onyx não é essa pessoa. Ele não é essa pessoa mais democrática, mais sensível e é possivelmente a pessoa mais comprometida com o Bolsonaro." "Portanto o PT tem autonomia para fazer o que bem entende aqui, menos eleger o Onyx", seguiu.

Lula falou à imprensa na tarde desta quarta em Porto Alegre, antes de caminhada com apoiadores.

Lula, ao lado de Janja, durante ato em Porto Alegre - Diego Vara/Reuters

O ex-presidente não citou o nome de Eduardo Leite (PSDB), que tenta a reeleição no estado e se manteve neutro na disputa à Presidência. Havia uma expectativa na campanha de Lula que ele pudesse declarar apoio ao petista na corrida eleitoral.

"O PT do Rio Grande do Sul tem liberdade e autonomia para tomar a decisão pertinente ao partido aqui. Não precisa eu xeretar. Já tem várias pessoas do PT que declararam voto contra o Onyx. Não sei se favorável ao outro, mas contra o Onyx", disse Lula.

O tucano havia afirmado à Folha que pretendia se posicionar na eleição nacional, mas mudou de ideia. A explicação é de que ao não revelar seu voto entre Lula e Bolsonaro mantém o debate eleitoral centrado nas questões do Rio Grande do Sul.

Leite, que votou em Bolsonaro em 2018, disse que não anulará o voto, mas seguirá em silêncio sobre sua escolha.

Nesta quarta, Lula abriu entrevista coletiva com uma manifestação de solidariedade ao cantor Seu Jorge, vítima de ataques racistas durante um show na cidade na última sexta (14).

"Ele é a mais recente vítima do preconceito nesse país, e nós precisamos, todas as pessoas democratas desse país, rejeitar e repudiar qualquer gesto de preconceito nesse país. Seja no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Oiapoque ou no Chuí", disse.

O petista fez referência ainda ao caso do humorista Eddy Jr., hostilizado ao pegar um elevador com uma vizinha branca em São Paulo.

"Eu acho que nós todos precisamos nos manifestar porque se a moda pega, a gente vai ter muito trabalho nesse país e permitir que em pleno século 21 a gente veja uma sociedade tomada pela tese do escravismo."

O ex-presidente disse ainda que está "convencido que estamos muito perto de uma vitória", que seu adversário utiliza a máquina pública "jamais vista na história desse país" e que isso é "uma coisa de um certo desespero".

Ao ser questionado se ele deverá fazer uma carta voltada ao agronegócio, o petista negou dizendo que "não é possível fazer uma campanha fazendo carta para cada setor da economia brasileira".

Lula também indicou que seu vice, o governador Geraldo Alckmin (PSB), é um interlocutor da campanha junto ao setor do agronegócio.

Mais cedo, em São Paulo, o ex-presidente participou de encontro com lideranças evangélicas para lançar uma carta voltada ao segmento.

Em Porto Alegre, o petista estava acompanhado de aliados, como Alckmin, Edegar Pretto, terceiro colocado na disputa do Governo do Rio Grande do Sul, a ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PC do B) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A socióloga Rosângela da Silva, a Janja, casada com Lula, estava com uma camiseta da campanha Faça Bonito, de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. O ex-presidente usou um broche dessa campanha durante sua participação no debate presidencial na TV Bandeirantes no último domingo (16).

Ao final da caminhada, Lula e aliados discursaram para apoiadores em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz. Antes de iniciar sua fala, o ex-presidente pediu que a plateia erguesse o punho em homenagem a Seu Jorge.

O petista também voltou a dizer que o Rio Grande do Sul não deve eleger Onyx.

"Se vocês não quiserem votar, não votem. Mas vocês não podem permitir que o Onyx seja o governador desse estado. O Rio Grande do Sul merece mais. O Rio Grande do Sul é símbolo da democracia nesse país e a gente não pode permitir que a extrema-direita com preconceito venha a governar esse estado."

Em sua fala, Alckmin destacou o simbolismo de discursar em frente ao palácio do qual Leonel Brizola comandou o movimento da Legalidade, em 1961, que ajudou a garantir a posse de João Goulart na Presidência.

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