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Não preciso ser medido pela régua da polarização, diz Leite sobre não declarar voto

Entrevista com candidato do PSDB deu início às sabatinas Folha/UOL no 2º turno

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Porto Alegre

O candidato ao Governo do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) afirmou nesta terça-feira (18) que sua candidatura está posta para, além de defender avanços na área administrativa, defender o estado de "retrocessos civilizatórios".

"Acredito que haja uma convergência daquilo que não se quer para o estado. Não se deseja um caminho que é uma aventura, uma aposta e que apresenta preconceito e falta de projetos para o estado do Rio Grande do Sul. E esta convergência do que não queremos ela já é bastante importante para se encaminhar uma vitória neste segundo turno", disse.

Leite foi o primeiro entrevistado da série de sabatinas da Folha e UOL com candidatos ao governo de alguns dos estados nos quais haverá segundo turno. Seu adversário no turno final, o ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), não aceitou o convite —alegou indisponibilidade de tempo.

Candidato aparece sorrindo em uma imagem do peito para cima. Ele é um homem jovem, com barba e cabelo castanhos e curtos. Ele veste uma camisa azul clara e, no peito, um adesivo com as cores verde, vermelha e amarela com o número 45 em branco
Candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) é sabatinado por Folha e UOL - UOL no YouTube

As declarações do tucano na sabatina foram indiretas justamente a Onyx, que em programa do horário eleitoral no rádio afirmou que, com ele, o Rio Grande do Sul teria "um governador e uma primeira-dama de verdade". Na visão de Leite, que é homossexual, a campanha descambou para a homofobia.

"Já está descambando [para a homofobia]. Não é um episódio isolado. Absolutamente insano achar que o estado vai ter os problemas resolvidos porque vai ter uma primeira-dama. Como se os repasses da Saúde fossem ser feitos ou deixar de ser feitos por isso", disse Leite.

O tucano liderava as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, mas foi surpreendido com uma liderança folgada de Onyx e com a votação de Edegar Pretto (PT). Leite garantiu lugar no segundo turno com apenas 2.441 votos de vantagem sobre o petista.

Agora, tem aparecido à frente de Onyx nas pesquisas mais recentes. A pesquisa Ipec do último dia 14 apontou Leite com 50% dos votos e Onyx com 43%. Como justificativa para não ter buscado o apoio formal do PT, Leite diz encarar a disputa como uma nova eleição.

"Ninguém tem votos. Todos nós tivemos votos naquele domingo, naquelas condições de temperatura e pressão. Ninguém leva votos para casa, ninguém guarda votos na gaveta, no cofre. No dia seguinte todos nós, eu e o meu adversário temos zero votos. Então é uma nova campanha, uma nova eleição. No caso do PT, eles estão focados na eleição nacional. A nossa eleição é outra eleição", disse Leite.

O tucano havia afirmado à Folha que pretendia se posicionar na eleição nacional, mas mudou de ideia. A explicação é de que ao não revelar seu voto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mantém o debate eleitoral centrado nas questões do Rio Grande do Sul.

Leite, que votou em Bolsonaro em 2018, disse que não anulará o voto, mas seguirá em silêncio sobre sua escolha.

"Não é [apenas] uma eleição, não é um pacote fechado. A eleição para presidente é importante, mas o Rio Grande do Sul também é. Tratar da eleição nacional dentro desse processo da eleição estadual não atende ao propósito de discutir um projeto do Rio Grande do Sul. Aliás, só atenderia ao propósito do meu adversário pela sua ausência de projetos, de propostas pela sua incapacidade política e administrativa demonstrada ao longo de sua história", disse.

Leite rejeitou a ideia de que deveria se posicionar justamente pela questão do dever civilizatório relacionadas a questões como racismo, preconceito e machismo.

"Eu estou combatendo [o racismo e o preconceito] na eleição daqui. O posicionamento é sobre os temas, não é só para a candidatura. Eu estou defendendo pontos de vista. Eu não preciso ser medido por essa régua estreita da eleição nacional. Não sou tolerante com a homofobia, com a intolerância, eu trabalho por uma cultura de paz e respeito e tenho feito isso no meu estado."

Durante a sabatina, Leite prestou solidariedade ao cantor Seu Jorge, vítima de racismo em um show em Porto Alegre na sexta-feira (14). Declarou ainda ter implementado a primeira delegacia de combate à intolerância no estado.

O candidato tenta quebrar a pecha do Rio Grande do Sul de não reeleger governadores, embora concorra fora do cargo. O tucano renunciou ao governo em março, em uma derradeira tentativa de se cacifar à Presidência da República, que não se concretizou. Onyx bate insistentemente na tecla de que Leite "renunciou aos gaúchos".

Leite disse estar aberto a ajustar pontos defendidos por sua campanha para obter apoios pontuais para o segundo turno, mas não a ponto de modificar o plano de governo, de matizes liberais. O tucano decidiu arquivar, por exemplo, a discussão sobre a privatização do Banrisul.

"A gente pode fazer concessões pontuais para salvar o mais importante que é o Rio Grande do Sul, o que nos trouxe até aqui para um estado saudável, que consegue pagar as suas contas", disse.

A entrevista foi conduzida pelos jornalistas Alexa Salomão, da Folha, e Fabíola Cidral e Alberto Bombig, do UOL.

Além do Rio Grande do Sul, estão confirmados postulantes nas corridas eleitorais de São Paulo, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

As sabatinas com os candidatos que foram ao segundo turno são transmitidas nos sites da Folha e do UOL e têm duração de uma hora e meia. A rodada final das disputas estaduais ocorrerá em 30 de outubro em 12 estados do país.

Veja as datas e participações já confirmadas


Rio Grande do Sul

  • Eduardo Leite (PSDB) - 18/10 - 10h
  • Onyx Lorenzoni (PL) - alegou não ter agenda e não aceitou participar

Mato Grosso do Sul

  • Eduardo Riedel (PSDB) - 20/10 - 10h
  • Capitão Contar (PRTB) - alegou problemas de agenda e não aceitou participar

Pernambuco

  • Marília Arraes (Solidariedade) - a definir
  • Raquel Lyra (PSDB) - 24/10 - 10h

Bahia

  • Jerônimo Rodrigues (PT) - 25/10 - 16h
  • ACM Neto (União Brasil) - não confirmado

São Paulo

  • Fernando Haddad (PT) - 26/10 - 10h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - declinou do convite

"Por decisão da coordenação da campanha, Tarcísio de Freitas precisará reajustar a agenda de debates e de sabatinas, já que há muitos sendo agendados para um período tão curto neste segundo turno. Por isso, o candidato irá declinar da participação na sabatina Folha/UOL", afirmou a campanha do bolsonarista.

Santa Catarina

  • Décio Lima (PT) - 26/10 - 16h
  • Jorginho Mello (PL) - alegou problemas de agenda e não aceitou participar
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