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Lula vai ter que conversar com bancada agro, diz líder ruralista sobre possível eleição de petista

Sérgio Souza voltou a dizer que o PT quer regular a produção agrícola, apesar de a campanha de Lula negar a proposta

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Brasília

O presidente da bancada ruralista, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), disse nesta terça-feira (25) que, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer a eleição presidencial, o petista terá que procurar os parlamentares do agronegócio para formar maioria no Congresso e discutir pautas.

"Em qualquer governo, Bolsonaro ou Lula, vai ter que trabalhar para ter uma maioria, e tem que conversar com todas as bancadas. E a bancada do agro vai querer ser ouvida porque nós temos as nossas pautas também", afirmou Souza.

O ex-presidente Lula durante entrevista a jornalistas em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

O setor tem reiterado que, nos últimos 20 anos, os partidos de esquerda votaram contra projetos de interesse do agronegócio, o que tem gerado temor de produtores rurais se Lula for vitorioso na corrida presidencial.

"Que conversa eles querem conosco? Eles que têm que vir conversar conosco. Caso a esquerda, o que eu não acredito, venha a vencer a eleição, eles que têm que nos procurar para ter essa maioria no Congresso", completou o deputado.

A Frente Parlamentar da Agropecuária tem atualmente 247 deputados e faz parte da base do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Uma das mais influentes do Congresso, a bancada ruralista obteve uma taxa de reeleição na Câmara um pouco acima da média geral dos deputados que disputaram novamente o cargo.

Desse total, 202 disputaram um novo mandato na Câmara. Saíram-se vitoriosos 133, ou seja, cerca de 65% de índice de reeleição. Considerando toda a composição da Câmara, essa taxa foi de 60,6%.

Souza, que também se reelegeu, espera que novatos se associem ao grupo, que, segundo ele, pode ultrapassar a marca de 255 integrantes na próxima legislatura.

Jair Bolsonaro na festa do Peão de Barretos, no interior de São Paulo, em agosto
Jair Bolsonaro na festa do Peão de Barretos, no interior de São Paulo, em agosto - Miguel Schincariol - 26.ago.22/AFP

Para reduzir a resistência no agronegócio, a equipe de Lula conta com o apoio de poucos representantes do setor, como o empresário Carlos Augustin, além dos parlamentares Neri Geller (PP-MT), deputado federal e ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), e o senador Carlos Fávaro (PSD-MT).

A aliança com Simone Tebet (MDB), candidata derrotada ao Palácio do Planalto, também é vista como uma forma de conseguir votos de ruralistas.

"Eu quero crer que estão lá porque têm um interesse pessoal, de cada um, naquela campanha política. Nós estamos defendendo um setor. Quem apoia a esquerda, que quer regular o setor, não acredito que está do lado do desenvolvimento e do produtor rural", afirmou o líder da bancada.

Apesar de o PT já ter afirmado que se tratou de um erro, aliados de Bolsonaro continuam usando um trecho do plano de governo do ex-presidente Lula para afastar o setor do agronegócio da campanha petista.

Em documento com diretrizes de governo, Lula chegou a incluir uma proposta de regulação da produção agrícola. A campanha petista logo disse que foi uma falha, e seria corrigida.

Mesmo assim, por ser um texto de conteúdo vago, abriu brecha para que agricultores e políticos próximos a Bolsonaro interpretassem a mensagem como uma possível interferência no mercado –medidas que não foram adotadas nos governos do PT.

Aliados do presidente dizem que o setor do agronegócio vê com ceticismo a mudança no plano de governo de Lula para retirar o trecho do documento e citam que, neste ano, 22 deputados do PT apresentaram um projeto na Câmara com conteúdo nesse sentido.

A proposta prevê a cobrança de imposto de exportação sobre grãos (como soja, arroz e milho) e carnes (de bovinos, suínos e frangos) em situação de ameaça ao abastecimento interno.

Souza diz que a justificativa do PT –de que foi uma falha no texto do programa de governo– foi estratégia de marketing, e que o partido defende, sim, regular o setor.

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