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Moro ataca Lula e declara apoio a Bolsonaro, a quem já ligou à corrupção

Ex-juiz da Lava Jato deixou o governo acusando presidente de interferência na Polícia Federal

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São Paulo

O ex-juiz Sergio Moro (União), afirmou nesta terça-feira (4) que o ex-presidente Lula (PT) não é uma opção eleitoral para o país e declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.

"Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", afirmou no Twitter.

Ao lado de uma cabine de votação, um homem branco, de jeans, camisa branca e blusa preta, faz gesto com a mão fechada com uma das mãos. Moro é um homem branco, de cabelos escuros
O ex-juiz Sergio Moro após votar em Curitiba, Paraná - Rodolfo Buhrer - 2.out.22/Reuters

Moro deixou a magistratura em 2018 para ser ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PL). Ele permaneceu no cargo por um ano e quatro meses, mas rompeu com o presidente em 2020 e saiu do governo acusando o mandatário de tentar interferir na Polícia Federal.

O ex-magistrado pediu demissão ao ser informado pelo presidente da decisão de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, ocupada na época por Maurício Valeixo.

Moro afirmou ainda que Bolsonaro queria ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência da PF: "Não tenho condições de persistir aqui, sem condições de trabalho", disse ao anunciar a decisão.

Como indício disso, em depoimento à Polícia Federal, ele citou uma reunião ministerial realizada em abril de 2020. A divulgação do vídeo do encontro, autorizada pelo então ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, mostrou que Bolsonaro disse que não iria esperar "f." alguém de sua família ou amigo dele para poder tomar providências.

Bolsonaro classificou como uma "vergonha" não ter acesso a informações de órgãos de inteligência e avisou: "Por isso, vou interferir. Ponto final".

"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira", disse.

O inquérito aberto para investigar o caso foi encerrado em março pela Polícia Federal. A conclusão foi que não há havia indícios de que o presidente tentou interferir no órgão para proteger aliados e familiares.

Após a demissão, Moro foi trabalhar para uma consultoria americana que tinha entre clientes empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

Em novembro de 2021, ao se filiar ao Podemos, Moro fez um discurso de candidato à Presidência no qual elencou episódios tanto de governos petistas quanto da gestão Bolsonaro.

"Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro", afirmou.

Na mesma ocasião, fez questão de dizer que só saiu do governo Bolsonaro por não ter tido apoio do governo para combater casos de corrupção.

"Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado", disse. "Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa."

No domingo, Moro foi eleito senador pelo Paraná com 1,9 milhão de votos, superando seu padrinho político, o senador Alvaro Dias (Podemos), que terminou em terceiro lugar.

Durante a campanha, o ex-juiz adotou o discurso antipetista. Ele prometeu liderar no Senado a oposição a um eventual governo liderado pelo PT, partido que foi o principal alvo dos processos que conduziu nos anos em que esteve à frente da Lava Jato. Ele assumirá o mandato de oito anos em fevereiro.

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