Pacheco reforça chance de reeleição à presidência do Senado com vitória de Lula

Senador foi barreira ao avanço da pauta bolsonarista no Congresso e tem a simpatia do PT

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Brasília

Rodrigo Pacheco (PSD-MG) viu neste domingo (30) suas chances de reeleição à presidência do Senado reforçadas com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida pelo Palácio do Planalto.

O senador conta com a simpatia do PT e tem feito uma gestão que, em várias ocasiões, representou uma barreira ao avanço das pautas bolsonaristas. Além do mais, em diferentes episódios ele saiu em defesa das instituições e do Judiciário em momentos de arroubos autoritários de Jair Bolsonaro (PL).

Com o suporte de Gilberto Kassab, presidente do PSD, o senador tende a atrair, além do PT, outros partidos de centro e de direta. Isso deve dificultar a intenção de senadores eleitos na onda do bolsonarismo de emplacar no comando da Casa um parlamentar do PL, que será a maior bancada a partir de 2023.

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), durante entrevista no Congresso Nacional - Waldemir Barreto-5.jul.22/Agência Senado

Além do bom trânsito com a atual oposição, que em janeiro chega ao poder com Lula, Pacheco também mantém boa relação com integrantes do centrão, hoje base de apoio de Bolsonaro.

Em sua manifestação neste domingo, o presidente do Senado afirmou esperar que Lula possa governar para todos. Declarou ainda que o petista encontrará o Congresso pronto para analisar, com juízo crítico e independência, projetos importantes para o país.

"O papel dos novos mandatários é seguramente buscarem reunificar o Brasil, buscarem encontrar através da união as soluções que são reclamadas pela sociedade brasileira, dando um basta ao ódio, à intolerância, e ao desrespeito às divergências. Estamos num país plural, diverso", discursou.

O bolsonarismo emplacou vários ex-ministros e aliados no Senado, como Marcos Pontes (PL-SP) e Rogério Marinho (PL-RN). Nessas eleições, foram renovadas 27 das 81 cadeiras da Casa.

Caso Lula consiga atrair para sua base partidos como o MDB de Renan Calheiros (AL) e Renan Filho (AL), além da União Brasil, chegará próximo à metade da Casa.

O PL tem planos de conquistar a presidência do Senado, mesmo com Lula no poder. Querem fazer valer a regra informal de que a maior bancada tem direito à presidência. Com isso, há a possibilidade de uma disputa entre as bases de Lula e Bolsonaro já nessa disputa, que deve ocorrer no início de fevereiro.

Pacheco foi eleito presidente do Senado em 2021 graças ao apoio do então ocupante da cadeira, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O senador pelo Amapá deve apoiar Pacheco de olho em voltar ao posto na próxima gestão, em 2025.

Pacheco teve o apoio de Bolsonaro em 2021. Em sua gestão, porém, o senador de Minas representou uma importante barreira contra projetos mais alinhados ao núcleo radical do Palácio do Planalto, se descolando do bolsonarismo encabeçado por Arthur Lira (PP-AL) na Câmara.

Nos momentos de maior tensão por causa de declarações golpistas de Bolsonaro e aliados, Pacheco também se colocou como um anteparo, manifestando defesa à democracia brasileira e ao processo eleitoral, além de garantir que os eleitos em outubro deste ano serão empossados.

Em agosto do ano passado, por exemplo, Pacheco rejeitou pedido de impeachment formalizado por Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em meio a uma escalada do discurso golpista no Palácio do Planalto e à série de ataques contra integrantes da corte.

Pacheco também se inclinou para o lado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha. Em Minas, por exemplo, ele engrossou a campanha a governador de Alexandre Kalil, que se colou em Lula, mas acabou derrotado no primeiro turno por Romeu Zema (Novo).

Um dos coordenadores da campanha petista no estado foi o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), um dos principais aliados de Pacheco.

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