Quilombo nos Parlamentos elege 26 deputados, em estreia do movimento

Iniciativa tentará apoio de outros parlamentares que não integram o grupo para formar bancadas com agenda antirracista na Câmara e nas assembleias

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São Paulo

O Quilombo nos Parlamentos, iniciativa que busca aumentar a representatividade da população negra na política brasileira, elegeu 26 parlamentares neste pleito —8 deputados federais e 18 estaduais para diferentes assembleias.

Lançado em junho deste ano, o projeto inédito tem objetivo de compor bancadas que atuem na luta antirracista. Nas eleições de 2022, reuniu cerca de 120 candidaturas. O grupo foi composto de forma suprapartidária por postulantes do PT, PSOL, PSB, PC do B, Rede, PDT, UP e PV.

O movimento foi articulado pela Coalizão Negra por Direitos. A advogada Sheila de Carvalho, integrante do grupo, afirma que os parlamentares eleitos irão buscar aliança com outros políticos negros que também conseguiram um mandato, mas ainda não fazem parte do Quilombo nos Parlamentos.

Plenário da Câmara dos Deputados - Elaine Menke - 23.ago.22/Câmara do Deputados

Além disso, segundo ela, a ideia é também contar com deputados brancos na construção de pautas antirracistas no Congresso e nas assembleias.

"Qualquer tipo de articulação dentro dos parlamentos em defesa da nossa agenda de direitos é fundamental", disse.

Entre os eleitos para a Câmara dos Deputados estão nomes novos e políticos já conhecidos como Benedita da Silva (PT-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Erika Hilton (PSOL-SP).

Já nas assembleias estaduais, tiveram sucesso nas urnas nomes como: Andreia de Jesus (PT-MG), Renata Souza (PSOL-RJ) e Leci Brandão (PC do B-SP). A iniciativa também conseguiu 97 suplências para a Câmara e assembleias.

Sheila afirma que foi inexpressivo aumento de pessoas negras eleitas no pleito do último dia 2, considerando tanto os membros do Quilombo nos Parlamentos, como outros candidatos negros que não pertencem ao movimento.

Para ela, este ano foi especialmente desafiador por causa do avanço do bolsonarismo. "Vimos quase a metade de um país alinhado a um projeto de política de morte, que tem como alvo prioritário o povo preto, e a iniciativa antirracista não conseguiu imperar dentro do resultado".

Apesar disso, 2022 registrou recorde de eleitos através de articulação do movimento negro.

"Não basta eleger negros, precisamos eleger pessoas antirracistas", diz Sheila.

A partir de 2023, a bancada negra será composta por 135 deputados federais (108 pardos e 27 pretos), o equivalente a 26% das vagas, segundo os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os brancos serão 369, e ocuparão 72% das cadeiras na Câmara.

Em 2018, foram eleitos 123 deputados federais negros (102 pardos e 21 pretos), o correspondente a 24% da Casa. Os brancos eram 387, totalizando 75,5% dos representantes na ocasião.

Ou seja, este ano houve um aumento de 8,9% da representatividade negra na Casa Legislativa. Um crescimento tímido em comparação ao último pleito quando o acréscimo foi de 22%

Movimento parecido aconteceu nas Assembleias Legislativas. Foram eleitos neste ano 376 candidatos que afirmam ser pardos (315) ou pretos (61). O número é superior aos 305 da eleição passada e aos 281 de 2014, quando a declaração racial passou a ser preenchida.

Entretanto, como a identificação racial ocorre por autodeclaração e muitas vezes é feita pelo partido, sem a atuação direta do candidato, os dados oficiais deixam margem para erros e irregularidades. Houve casos contestados por rivais e eleitores ao longo da disputa.

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