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Institutos querem acesso a pedido de inquérito do governo Bolsonaro sobre pesquisas eleitorais

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse que encaminhou à PF pedido para abrir investigação sobre empresas de pesquisas

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São Paulo

A Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) solicitou acesso ao pedido de inquérito feito pelo Ministério da Justiça relacionado às pesquisas eleitorais.

A associação que representa as empresas do setor tomou a medida após a pasta do governo Bolsonaro encaminhar à Polícia Federal pedido de abertura de inquérito sobre a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais no pleito deste ano.

O objetivo da solicitação de acesso, segundo a Abep, é acompanhar as diligências e colaborar com o esclarecimento de qualquer questão acerca das atividades de seus membros e associados.

Cerimônia pública de carregamento e lacração das urnas eletrônicas - Rivaldo Gomes - 21.set.22/Folhapress

"O documento [requerimento de acesso] destaca que a Abep tem o legítimo interesse em acompanhar as investigações e sustentar o descabimento de eventuais medidas cautelares".

Na semana passada, após o termino do primeiro turno das eleições de 2022, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou que encaminhou à PF (Polícia Federal) um pedido para abrir inquérito sobre os institutos de pesquisas eleitorais.

"Esse pedido atende a representação recebida pelo MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), que apontou 'condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados' por alguns institutos", disse o ministro nas redes sociais.

Após a declaração do Ministério da Justiça, o advogado da Folha, Luís Francisco de Carvalho Filho, disse que não há fundamento jurídico para o inquérito contra os institutos.

"Ainda não conheço detalhes, mas não há fundamento jurídico para este inquérito. É uma tentativa de intimidação bisonha. O Datafolha tem uma vocação histórica de bem informar e vai continuar a exercer seu papel."

Desde domingo (2), ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), aliados no Congresso e apoiadores passaram a criticar os institutos de pesquisa pela disparidade com o resultado da eleição divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em meio à ofensiva bolsonarista contra os institutos, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou um requerimento para criação de uma CPI para investigar as pesquisas eleitorais de intenção de voto.

Segundo o documento, o objetivo é "aferir as causas das expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados".

Após ser alvo de críticas de Bolsonaro e aliados, o Datafolha afirmou que as pesquisas eleitorais servem para mostrar tendências, e não o resultado final de uma eleição.

"Pesquisa não é prognóstico. Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna", disse Luciana Chong, diretora do Datafolha, que refuta a tese de ter acontecido algum tipo de erro metodológico.

"As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá", afirmou a direção do Ipec em nota.

Segundo o Datafolha, Lula tinha 50% dos votos válidos, ante 36% de Bolsonaro —a margem de erro era de dois pontos para mais ou menos. De acordo com o Ipec, o petista alcançava 51%, ante 37% do atual presidente, com mesma margem. Finalizada a apuração nacional, o TSE anunciou 48,43% para Lula e 43,20% para Bolsonaro.

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