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Tarcísio recua sobre retirar câmeras de fardas e agora diz que ouvirá especialistas

Na semana passada ele havia dito que a decisão de retirá-las dos PMs estava tomada, caso seja eleito

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São Paulo

Depois de dizer que retiraria as câmeras do uniforme dos policiais se eleito, o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), que lidera a corrida para o Governo de São Paulo, recuou nesta sexta-feira (14) e disse que vai reavaliar a medida com especialistas.

Ele voltou a afirmar sua visão de que as câmeras prejudicam o trabalho da polícia, contrariando dados que mostram queda na morte de policiais após a implementação do aparelho. No entanto, disse que essa é uma percepção pessoal e que cabe discutir a questão com as forças de segurança.

O candidato ao Governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante evento da Rota
O candidato ao Governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante evento da Rota - Eduardo Knapp/Folhapress

"Eu considero que hoje a câmera inibe o policial, tem atrapalhado a produtividade, mas isso é uma percepção. O que a gente vai fazer se eleito? Chamar as forças de segurança e avaliar do ponto de vista técnico a efetividade ou não e o aperfeiçoamento da política pública", disse ele.

"Não existe nenhuma política pública que não possa ser reavaliada, reconsiderada. Se estiver atrapalhando de maneira importante a produtividade, vamos retirar. Mas é uma coisa que a gente vai discutir em conjunto com especialistas", completou.

Durante a campanha, Tarcísio vinha criticando as câmeras com o argumento de que elas inibem o trabalho policial e adotava o discurso de que iria reavaliar ou rever a medida. Na semana passada, no entanto, ele afirmou que com certeza, se eleito, iria retirar as câmeras.

"O Estado está do lado dele [policial], por isso eu tive uma postura muito crítica com relação às câmeras. O que representa a câmera? É uma situação deixar o policial em desvantagem em relação ao bandido", disse em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.

Na sequência, questionado pelo apresentador Emílio Surita se deverá determinar a retirada das câmeras, Tarcísio respondeu: "Ah, com certeza".

A promessa de acabar com as câmeras tem sido rebatida pelo adversário de Tarcísio, Fernando Haddad (PT). O petista tem lembrado as estatísticas favoráveis à medida para dizer que seu rival contraria as evidências e adota o negacionismo do seu padrinho, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A adoção dos equipamentos é uma das principais medidas da gestão tucana na área de segurança pública.

O sistema registra, em áudio e vídeo, intervenções no estado e tem sido um dos responsáveis pela queda da letalidade policial.

Reportagem da Folha, publicada em janeiro deste ano, mostrou que os equipamentos são responsáveis pela queda da letalidade policial em até 85%.

Tarcísio compareceu à cerimônia de comemoração dos 52 anos da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar, onde se encontrou com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), que já declararam apoio ao candidato do Republicanos.

Durante o evento, no entanto, Tarcísio apenas cumprimentou Rodrigo e Nunes, e ficou afastado deles no palanque de autoridades. Segundo o governador, ele e Tarcísio estarão juntos na semana que vem, em um evento de campanha com prefeitos.

Tarcísio afirmou que o apoio de Rodrigo e Nunes é importante e fundamental para que a campanha tenha capilaridade. Ele disse ainda que a "adesão maciça de prefeitos" à sua campanha beneficia também Bolsonaro, que busca a reeleição. Como mostrou a Folha, o apoio de Rodrigo agravou a crise no PSDB, que, por sua vez, deu um apoio tímido a Tarcísio.

Uso das câmeras foi adotado pela gestão de João Doria (PSDB) - Rubens Cavallari - 20.abr.20/Folhapress

Questionado a respeito da ausência em debates e entrevistas no segundo turno, Tarcísio afirmou que muita coisa foi programada para pouco tempo de campanha e disse acreditar que não vai haver impacto negativo.

Ele cancelou sua participação no debate do SBT, na sabatina Folha/UOL e no Roda Viva, da TV Cultura, por exemplo. Tarcísio foi ao primeiro debate do segundo turno, da TV Bandeirantes, e irá ao último, da TV Globo.

"Isso é normal numa campanha. Participei de todas as sabatinas e debates do primeiro turno, que é um período mais longo. O segundo turno é um período muito curto. A gente tem que ir em vários pontos do estado, estou muito preocupado com isso. [...] A gente tem que selecionar aonde a gente vai ", disse.

Tarcísio ainda rebateu as críticas de que está anunciando seu secretariado mesmo antes de eleito. Ele afirmou que não chegou a fazer anúncio e criticou as notícias nesse sentido. Em entrevista ao canal do YouTube Talk Churras, do apresentador Paulo Mathias, o ex-ministro citou nomes do seu eventual futuro governo.

"Eu não anunciei secretário. Eu estou dando pistas. Tem pessoas trabalhando no meu plano de governo que indicam que tipo de secretariado eu vou ter", disse.

"As sinalizações que estou dando é que a gente vai ter um secretariado técnico. [...] Pessoas que estão trabalhando na construção do plano de governo estarão comigo, é até meio óbvio", completou.

O ex-ministro afirmou ainda que os apoios que recebeu de partidos não envolveram conversas sobre cargos e que as adesões se deram com base em seu programa de governo. "A ampla maioria dessa força política não quer o PT."

Na tarde desta sexta, o ex-ministro viaja para Brasília, onde passará o fim de semana com a sua mãe, que está hospitalizada.

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