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Destino de Bolsonaro está traçado e ele terá de me entregar a faixa, diz Lula

Em Pernambuco, petista diz que derrota do presidente 'está dada' apesar de uso da máquina pública

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Recife e Rio de Janeiro

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira (14) que nenhum presidente da história do país usou a máquina pública em uma campanha como Jair Bolsonaro (PL), mas que, ainda assim, ele perderá a disputa.

"Ele pode gastar o que ele quiser, está dado. O destino do Bolsonaro está traçado: ele vai ter que ter humildade e, no dia primeiro de janeiro, entregar a faixa", afirmou Lula, em entrevista antes de ato de campanha no Recife.

O candidato petista disse "nunca antes na história do Brasil" um presidente usou tanto a máquina pública para tentar ganhar as eleições. "Se somados todos os presidentes da República, todos juntos não gastaram a metade do que o Bolsonaro ta gastando hoje."

O ex-presidente e candidato ao palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em ato no estado de Pernambuco - Maira Erlich - 14.out.22/AFP

E acusou o presidente da República de mentir em sua campanha, ao dizer, por exemplo, que garantiria o valor de R$ 600 para o Auxílio-Brasil em 2023. Criticou também o uso de obras iniciadas durante as gestões petistas, como a transposição do rio São Francisco, como legados de seu governo.

O ato de Lula no Recife acontece um dia após a passagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela cidade com público esvaziado. "Seria até bom alguém ligar para ele para ele ligar a televisão e ver a nossa caminhada", disse o petista nesta sexta.

O evento de campanha no Recife encerra a semana de périplo de Lula pelo Nordeste, principal reduto político do PT. O ex-presidente passou por Salvador (BA), Aracaju (SE) e Maceió (AL) e deverá retornar ao Nordeste antes do segundo turno.

Com a visita a Pernambuco, Lula busca ampliar a diferença de votos em relação a Bolsonaro. No primeiro turno, o candidato do PT obteve 65,27% dos votos válidos no estado, ante 29,91% do candidato à reeleição pelo PL.

Durante a agenda em Pernambuco, Lula está acompanhado da candidata a governadora Marília Arraes (Solidariedade). No primeiro turno, o petista apoiou Danilo Cabral (PSB), que acabou em quarto lugar. Na primeira rodada, Marília fez campanha para Lula, mesmo sem ter o apoio oficial do ex-presidente.

A adversária de Marília no segundo turno para o Governo de Pernambuco é Raquel Lyra (PSDB), que lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno. A caminhada de Lula no Recife é vista pela campanha de Marília como uma vitrine para tentar reverter o cenário.

A candidata do PSDB a governadora declarou neutralidade no segundo turno presidencial. Diante disso, Marília Arraes aposta na nacionalização da eleição e tenta associar Raquel Lyra ao bolsonarismo. Quem vencer será a primeira governadora mulher do estado.

"Não conheço a adversária da Marília, não posso falar mal dela", disse Lula nesta sexta. "O que sei é que todas as pessoas ligadas ao Bolsonaro foram acompanhar ela e não a Marília. Então acho que o PSB tomou a atitude certa."

Lula disse que sua missão nesta sexta é não só mostrar apoio a Marília Arraes, mas também conquistar mais votos do que teve no primeiro turno. E usou declarações recentes de Bolsonaro sobre o eleitor nordestino para tentar virar votos.

"Depois de ele dizer que o povo nordestino vota em mim porque o povo nordestino é analfabeto, eu resolvi provocar o povo nordestino a transformar o voto contra Bolsonaro numa questão de honra", afirmou.

Em discurso após a caminhada, Lula pediu ao público para convencer as pessoas a não faltarem à votação. "É outra eleição o segundo turno, é importante que a gente convença quem não foi votar, a abstenção foi grande, é importante convencer as pessoas que não foram votar."

O petista também disse que parlamentares do partido têm procurado o TSE para garantir transporte no dia da eleição aos eleitores. "O PT e vários senadores e deputados foram ao TSE para garantir transporte para o povo pobre ir votar, porque eles [bolsonaristas] podem sacanear."

Ao falar sobre a economia, Lula afirmou que pretende, se eleito, acabar com o teto de gastos e alegou que o mecanismo não trouxe benefícios à população.

No ato, Lula estava acompanhado também do prefeito do Recife, João Campos (PSB). A presença do gestor no mesmo evento de Marília Arraes provoca uma situação atípica após oito anos de oposição da candidata do Solidariedade ao PSB.

Lula foi um dos responsáveis por apaziguar os ânimos entre João e Marília, que em 2020 disputaram a Prefeitura do Recife. Na ocasião, Campos investiu no antipetismo como plataforma de campanha contra a prima de segundo grau, à época filiada ao PT.

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