Descrição de chapéu Eleições 2022

Tebet diz que não vai se omitir no 2º turno e pede definição de partidos aliados

Emedebista cobrou pressa dos dirigentes de sua coligação, para que ela possa anunciar sua decisão

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Brasília

Terceira colocada na disputa presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB) afirmou neste domingo (2) que não vai se omitir e cobrou pressa das direções das legendas da sua aliança —MDB, PSDB , Cidadania e Podemos— sobre quem apoiar no segundo turno.

Em entrevista na noite deste domingo (2), a senadora pelo Mato Grosso do Sul adiantou que já tomou uma posição sobre quem endossar, em falas interpretadas como sinalização de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Não esperem de mim omissão. Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada. Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Eu só espero que você entendam que esse não é qualquer momento do Brasil", afirmou a senadora em pronunciamento na sede do comitê de campanha, em São Paulo.

A candidata a presidência Simone Tebet votando em primeiro turno. - Marcos Maluf/Campo Grande News

Tebet terminou as eleições com cerca 4,1% das intenções de voto. O desempenho foi comemorado por sua campanha, principalmente porque ela ficou à frente do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que teve cerca de 3% dos votos válidos.

A senadora deixa o primeiro turno com uma fatia do eleitorado que será cobiçada pelas campanhas de Lula e do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), que disputarão o segundo turno.

O petista teve 48,4% dos votos válidos, contra 43,3% de Bolsonaro.

Apesar de os votos de Tebet serem cobiçados, a transferência desse capital político é incerta. Aliados de Bolsonaro, por exemplo, consideram que a maioria dos que hoje a apoiaram tem perfil conservador e tende a migrar para o mandatário.

A senadora sinalizou que sua posição será em favor de Lula ao comentar o resultado das eleições para o Congresso Nacional. O PL, partido de Jair Bolsonaro, chegou a 15 senadores em sua bancada -- deve cair para 14, caso Jorginho Mello (PL-SC) seja eleito governador de Santa Catarina. Mais do que isso, bolsonaristas mais "raízes" foram eleitos, como a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-astronauta Marcos Pontes (PL-SP).

"As urnas nos trazem a uma reflexão. É preciso entender o recado das urnas. E não estamos falando apenas em relação à candidatura majoritária à presidência da República. É preciso fazer uma reflexão em relação aos candidatos para o Senado e para as Câmaras federais e para os governos estaduais. Eu quero portanto ser muito breve na minha mensagem: há muito sim que refletir, mas jamais nos omitir", afirmou.

"A palavra agora está com os presidentes dos partidos porque, repito, sou uma política que respeita o processo decisório, o processo eleitoral. Mas que, no máximo, em 48 horas vocês decidam porque eu vou me pronunciar, porque tenho uma responsabilidade junto com Mara", disse, em outro momento.

A senadora iniciou a sua fala afirmando que aceitava os resultados das urnas, gesto considerado importante após a sequência de ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral.

Simone Tebet também evitou citar nomes, mas lembrou em seu pronunciamento que sua candidatura foi questionada por diversos momentos. Afirmou que a "todo momento" era preciso justificá-la. E também apontou que ela e sua vice Mara Gabrilli (PSDB) foram questionadas justamente por integrarem uma chapa exclusivamente de mulheres. Disse que "daqui para frente as mulheres brasileiras não serão mais ecos e sim vozes na política brasileira".

Tebet iniciou a campanha contestada até mesmo por aliados e tentou se apresentar como o nome capaz de romper a polarização entre PT e bolsonarismo.

Ela reforçou a mensagem ao votar neste domingo, em Campo Grande (MS).

"Lamentavelmente, a polarização ideológica contaminou a alma do povo brasileiro. Nossa candidatura buscou o caminho do meio, com equilíbrio e soluções reais", afirmou a candidata.

A senadora ainda classificou o pleito deste ano de atípico. "De alguma forma, o eleitor deu um voto no escuro, pois os líderes nas pesquisas não apresentaram o que vão fazer, e os debates foram marcados por ataques pessoais."

Desde o início, a candidatura enfrentou resistências dentro do próprio MDB. Alguns membros do partido defendiam a desistência para que recursos e esforços fossem destinados à eleição de uma bancada forte no Congresso. Alas da sigla também pressionavam pelo apoio a um dos dois favoritos na corrida presidencial. O grupo mais forte e mais vocal era favorável a Lula.

Já durante a campanha, a senadora levantou o tom em relação aos correligionários que não a apoiavam, apontando que o MDB era "muito maior que meia dúzia de políticos e seus caciques", e repetiu algumas vezes que tinham tentado "puxar o tapete" dela.

A emedebista enfrentou inicialmente dificuldades para subir nas pesquisas de intenção de voto. A situação mudou após o debate exibido na TV Bandeirantes, durante o qual foi atacada e protagonizou um confronto com Bolsonaro. A senadora também terminou se destacando nos outros dois debates sequentes.

Enquanto Ciro derreteu depois da campanha pelo voto útil, Tebet manteve índice próximo ao indicado pelas pesquisas, de cerca de 5%. A cifra vinha se repetindo em diferentes levantamentos.

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