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TSE manda partido de Bolsonaro explicar financiamento de auditoria que questiona urnas

PL diz que trabalho custou R$ 450 mil e não usou fundo público; não foi comprovada origem da verba, afirma corregedor

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Brasília

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, determinou nesta terça-feira (11) que o PL, partido de Jair Bolsonaro, explique as origens da verba usada para financiar uma auditoria que levantou questionamentos sobre as urnas eletrônicas às vésperas do primeiro turno.

O PL havia informado ao tribunal que pagou R$ 450 mil pela elaboração do documento. Disse ainda que não usou verba do fundo partidário ou eleitoral, pois a origem seria de uma conta de "outros recursos".

Gonçalves deu três dias para a legenda informar a "fonte originária das receitas" dessa conta.

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, com o presidente Jair Bolsonaro - Pedro Ladeira/Folhapress

Segundo o corregedor, o PL ainda não declarou à Justiça Eleitoral os dados de despesas e receitas da legenda de 2022, o que impede rastrear a origem da verba usada para bancar a auditoria.

Gonçalves mandou o partido de Bolsonaro informar se contratou o IVL (Instituto Voto Legal) ou o fundador da entidade, Carlos Rocha, para elaborar o documento. Ainda determinou que o PL se manifeste sobre as razões de não ter feito a declaração de suas despesas e receitas de 2022.

Em maio, Bolsonaro disse que o PL contrataria uma empresa para auditar as eleições. Em tom de ameaça ao TSE, o mandatário afirmou, à época, que os resultados da análise poderiam complicar o tribunal se a empresa constatasse que é "impossível auditar o processo".

A ideia do chefe do Executivo era contratar o IVL, mas a empresa não conseguiu credencial do TSE. O PL, então, chamou para o serviço uma equipe comandada pelo engenheiro Carlos Rocha.

Integrantes do PL divulgaram no dia 28 de setembro um documento chamado "resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE", de duas páginas, afirmando que há risco de invasão nos sistemas eleitorais. O papel tem o timbre do partido, mas não é assinado, e seria resumo de um relatório de mais de cem páginas de auditoria.

O TSE chamou o papel de fraudulento, mentiroso e disse que a ideia da legenda era tumultuar as eleições. O presidente da corte eleitoral, Alexandre de Moraes, mandou o caso ser investigado no inquérito das fake news, que é relatado por ele mesmo no STF (Supremo Tribunal Federal).

No último dia 30 o corregedor afirmou que a auditoria foge da fiscalização permitida sobre as urnas, cita narrativas já derrotadas e tenta desacreditar o pleito às vésperas do primeiro turno. No mesmo despacho, ele também acionou o MPE (Ministério Público Eleitoral) para avaliar se foram divulgadas informações sabidamente falsas para atingir o sistema eletrônico de votação.

Após a repercussão negativa sobre a auditoria, aliados de Valdemar Costa Neto tentaram desfazer a versão de que o presidente do partido havia embarcado nas investidas de Bolsonaro para tumultuar o pleito.

O corregedor do TSE, porém, já apontou que o presidente do PL também é responsável pelo documento.

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