É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. A PF (Polícia Federal) negou que a policial estivesse grávida. Karina de fato fazia parte da equipe da PF que foi atacada por Roberto Jefferson, mas ela teve apenas ferimentos leves.
Também é falso que a apresentadora Xuxa Meneghel tenha publicado um tuíte alegando que a agente de segurança teria perdido o suposto bebê em decorrência das ações do ex-parlamentar que resistiu à prisão. Uma busca avançada no perfil de Xuxa no Twitter não mostra resultados para as expressões utilizadas na peça alvo da checagem. Ao Comprova, a assessoria de imprensa da artista negou que ela tenha publicado tal conteúdo.
A postagem já recebeu do Facebook o selo de "informação falsa", com base em checagens feitas por verificadores independentes, mas a publicação continua acessível na plataforma. O Facebook recomendou ainda aos usuários que acessem o site da Justiça Eleitoral para encontrar informações oficiais sobre as eleições de 2022 e disponibilizou link para o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance
No Facebook, a peça alvo da checagem tinha 620 reações, 572 comentários e 623 compartilhamentos até o dia 25 de outubro de 2022.
O que diz o responsável pela publicação
A reportagem enviou mensagem ao perfil que publicou o tuíte falso de Xuxa, mas não obteve resposta até a publicação deste material.
Como verificamos
O Comprova entrou em contato com fontes oficiais da Polícia Federal tanto do Rio de Janeiro, quanto de Brasília, para checar a informação de que a policial federal Karina de Oliveira estava na viatura atacada por Roberto Jefferson. Durante o contato, também checamos se a agente estava grávida, o que foi negado pelo órgão. Depois, entramos em contato com a assessoria de imprensa de Xuxa.
Sem post
Em seu perfil no Twitter, a última atualização feita pela apresentadora foi no dia 18 de outubro, ou seja, quase uma semana antes do ocorrido, no dia 23 de outubro.
A equipe da apresentadora confirmou que a mensagem não foi publicada originalmente no perfil de Xuxa. "Fake. Xuxa não fez esse post", foi a resposta enviada ao Comprova.
Além disso, a foto do perfil do Twitter atribuído a Xuxa, utilizada na montagem que está sendo compartilhada, não condiz com a atual foto utilizada pela apresentadora no seu perfil na rede social.
Sem gravidez
Karina de Oliveira não estava grávida, logo, não perdeu nenhum filho por conta dos ferimentos. A informação não consta em nenhum boletim de ocorrência e foi negada por fontes oficiais da PF.
A agente foi ferida na cabeça e em outras partes do corpo por estilhaços de vidro do para-brisa, que foi atingido por uma granada lançada por Roberto Jefferson, segundo a PF. Karina foi prontamente atendida e teve ferimentos leves. Ela foi levada para um hospital da região e recebeu alta no mesmo dia.
Tentativas de homicídio
Karina não foi a única a ser ferida no episódio. O delegado federal Marcelo Vilella também estava na viatura e foi atingido por estilhaços. O policial teve ferimentos sem gravidade e recebeu atendimento no mesmo hospital que Karina.
Roberto Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio, duas pelo ataque aos policiais Karina e Marcelo e outras duas relacionadas a agentes que estavam numa viatura, mas que não chegaram a ser atingidos.
O caso aconteceu no dia 23 de outubro, em Levy Gasparian, município que fica no interior do estado do Rio de Janeiro, onde mora Jefferson. Agentes da PF foram até a residência do político para cumprir ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e foram atacados pelo ex-deputado com granadas e um fuzil.
Jefferson se entregou depois de oito horas de descumprimento da decisão do STF. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, ele teve a prisão mantida nesta segunda-feira (24), por determinação da Justiça, e foi levado para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.
O ex-deputado é investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa (milícia digital) que teria agido com o intuito de provocar um atentado contra o Estado Democrático de Direito. Jefferson vinha cumprindo prisão domiciliar e estava proibido de usar as redes sociais. No entanto, na última semana, ele apareceu em um vídeo nas redes proferindo xingamentos contra a ministra do STF Cármen Lúcia, reclamando de uma decisão judicial tomada por ela.
Filiada ao PT
Maria Aparecida Vieira de Lima tem 52 anos e nasceu em Inajá, Pernambuco. É advogada inscrita na subseção da OAB da cidade de Santo André, na Grande São Paulo. Em seu perfil no Instagram, consta que possui PhD em Teologia, Pós-graduação em Direito Constitucional, em Direito Eleitoral e Prática Previdenciária. Tem aulas online gravadas sobre religião e política. Nas eleições municipais de 2020, a advogada concorreu pelo PT para o cargo de vereadora da cidade de Santo André, utilizando o nome de Pastora Maria Aparecida.
De acordo com a Justiça Eleitoral, Maria Aparecida é filiada ao PT desde 2018.
Por que investigamos?
O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.
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