Descrição de chapéu Eleições 2022

'Virei um símbolo do enfrentamento ao bolsopetismo', diz estreante do MBL eleito para Assembleia de SP

Aos 23 anos, Guto Zacarias foi eleito deputado estadual pelo União Brasil e assumirá um cargo eletivo pela primeira vez

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São Paulo

Com 152.481 votos, o que o tornou o 24º deputado mais votado para a Assembleia Legislativa de São Paulo, Guto Zacarias, 23, candidato do União Brasil, vai para o seu primeiro mandato como deputado estadual.

Ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) e com mais de 643 mil seguidores na rede social Tik Tok, o novo parlamentar tem como bandeira combater o que ele chama de bolsopetismo no estado —uma referência à polarização entre o Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Aqui fora eu virei um símbolo do enfrentamento ao bolsopetismo, será assim lá dentro", diz o paulistano Zacarias, que cresceu na zona sul da cidade. Essa será a primeira vez que ocupará um cargo eletivo, mas ele já trabalhou na Assembleia como assessor de Arthur do Val —que teve seu mandato cassado em maio.

Imagem colorida mostra Guto Zacarias, do tórax para cima. Ele é um homem negro, de cabelo curto. Está vestindo um terno azul marinho, camisa azul e gravata preta. Fala em uma bancada com fundo de madeira na cor marrom.
Guto Zacarias, 23, eleito deputado estadual em SP pelo União Brasil - Divulgação

O deputado eleito também diz que estará aberto ao diálogo com as diferentes forças dentro da Alesp. Zacarias não apoiou nenhum candidato no primeiro turno nem para o governo do estado nem para a presidência.

O União Brasil contará com oito deputados na Casa—mesmo número que tem atualmente—, representando a quarta maior bancada ao lado do Republicanos. No total, partidos de direita conquistaram 41cadeiras, praticamente o mesmo número da atual legislatura.

O novo deputado, porém, afirma que sua atuação é diferente de grande parte desse grupo. "É necessário fazer uma diferenciação entre mim e os outros políticos eleitos na direita: combati boa parte das contradições desse pessoal aqui fora."

Qual a avaliação que o senhor faz do resultado das eleições? As contradições de Bolsonaro reviveram o petismo. A forma do bolsonarismo de criticar o politicamente correto fortaleceu a cultura woke encarnada no PSOL, mas fidelizou apoio a candidatos bolsonaristas.
Nossa campanha foi focada em combater esses três grupos e foi vitoriosa. É a prova de que ainda há paulistas que rejeitam o politicamente correto, a corrupção petista e o bolsonarismo.

Quais seus projetos prioritários? Com o Programa Jovem Capitalista, quero instituir Educação Financeira nas escolas para reduzir o endividamento dos paulistas e aumentar o acesso ao crédito.

Com o Plano Lewis Hamilton quero aumentar a produtividade do nosso povo destinando emendas parlamentares para institutos que ensinem engenharia, matemática e finanças.

Além disso, quero acabar com todos os privilégios e regalias que a classe política tem: carro oficial, motorista oficial e auxílio moradia. Está na hora da Alesp respeitar o dinheiro público.

A renovação da Alesp neste ano foi de 40%, menor que na eleição de quatro anos atrás, quando foi de 60%. Era esperada essa queda? Sim, o fenômeno eleitoral dos candidatos da renovação tinha um mote: a antiga classe política já não falava mais a língua da população e estavam totalmente descolados da realidade.

Acontece que alguns que levantavam essa bandeira também acabaram caindo nesse vício e a urna os puniu. Acredito que a solução para isso é se manter fiel aos nossos ideais e valores.

Sempre se preocupando com os problemas reais da população e fugindo das abstrações histéricas do politicamente correto.

O próximo governador não será do PSDB em quase 30 anos. O que acha que isso significa? Uma insatisfação da população com um modelo arcaico de governança e comunicação.

A morte do PSDB aqui no estado vem da incapacidade dos tucanos de bater de frente com petistas e bolsonaristas com o pulso necessário.

Há uma maioria na bancada de partidos voltados à direita. O quanto isso favorece uma aproximação com partidos do centro? A aproximação transparente com partidos de centro é inevitável para articulação dos meus projetos. O diálogo é primordial no parlamento.

Agora, é necessário fazer uma diferenciação entre mim e os outros políticos eleitos na direita: combati boa parte das contradições desse pessoal aqui fora.

Tarcísio de Freitas [Republicanos], já afirmou que não negociaria cargos em troca de apoio. Como é possível então ter maioria para aprovar os projetos na Casa? Concordo com a ideia de Tarcísio de, em um eventual governo, rejeitar o dito toma lá dá cá. Mas devemos ser céticos: Bolsonaro iniciou seu governo com a mesma fala e terminou destinando R$ 150 bilhões em cargos para o centrão. A articulação política deve ser baseada em propostas, não em dinheiro.

Seu partido tradicionalmente faz parte da base de apoio ao governador. Isso pode se repetir em caso de vitória de Fernando Haddad (PT)? Tenho independência perante o União Brasil. Não serei base de Haddad e rejeito o petismo que roubou nosso país com os bilhões desviados no Petrolão.

Aviso aos petistas: vocês ganharam um pesadelo em São Paulo e acordo partidário nenhum mudará isso.

O senhor irá ocupar um cargo eletivo pela primeira vez. Como se preparou até aqui e como vai se preparar até a posse? Sou membro do Movimento Brasil Livre desde 2017 e concordo com os valores do movimento que adquiri com a literatura do conservadorismo. Fui assessor do Arthur do Val durante todo o seu mandato, aprendi o funcionamento da Alesp e domino o regimento da Casa.

Aqui fora eu virei um símbolo do enfrentamento ao bolsopetismo, será assim lá dentro.

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