Falha técnica deixa posts eleitorais desatualizados no Facebook e Instagram e mobiliza bolsonaristas

Mensagem dizia incorretamente que votos ainda estavam sendo apurados; empresa fez correção

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São Paulo

Uma falha técnica no Facebook e no Instagram reproduziu nesta sexta-feira (4) uma mensagem errada sobre a contabilização dos votos nas eleições no Brasil.

O erro movimentou bolsonaristas nas redes sociais com falsas expectativas de mudanças no resultado eleitoral e teorias conspiratórias e antidemocráticas de atuação das Forças Armadas.

Embaixo das notícias ou menções relacionadas às eleições deste ano aparecia erroneamente a frase "os votos da eleição ainda estão sendo apurados". O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terminou a contagem no dia 30 de outubro e já divulgou os vencedores do segundo turno.

Para combater fake news, as plataformas, em parceria com a corte, passaram a colocar "rótulos" embaixo de postagens com menções e notícias relacionadas ao pleito deste ano. Assim, ao longo da campanha foi comum observar alertas indicando o site do TSE, por exemplo, como fonte de consulta para que o eleitor confirmasse informações.

Celular com as plataformas Facebook e Instagram, administradas pela Meta - Arun Sankar - 04.out.21/ AFP

Desta vez, entretanto, a falha técnica ocorrida no sistema da plataforma gerou confusão e agitou apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em nota, a Meta, empresa responsável pelo Facebook e pelo Instagram, afirmou que "nesta sexta-feira, uma falha técnica nos sistemas da Meta fez com que publicações sobre eleições no Facebook e no Instagram no Brasil apresentassem momentaneamente um rótulo desatualizado informando que votos da eleição brasileira ainda estavam sendo apurados".

Ainda no texto divulgado, a empresa reforça que "isso não é verdade: o resultado oficial da eleição foi declarado no último domingo pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Trabalhamos para resolver a questão o mais rápido possível".

A mensagem gerada a partir da falha técnica migrou das duas redes e passou a ser compartilhada por bolsonaristas em outros aplicativo também.

Os apoiadores do presidente passaram a repercutir a frase pelo Twitter, o que alimentou diversas teorias sobre uma suposta permanência do atual mandatário no cargo.

Grupos de Telegram também ajudaram a movimentar suposições sobre uma nova eleição, atuação das Forças Armadas e suspeitas sobre as urnas eletrônicas —desde que elas passaram a ser utilizadas, o Brasil nunca registrou fraudes no sistema eleitoral.

Reportagem da Folha desta quinta (3) mostrou que o Facebook e o Instagram começaram a remover postagens com pedidos de golpe militar no Brasil.

Sem fazer um anúncio formal, a Meta, que controla as duas plataformas de internet, fez uma nova interpretação de suas políticas, à luz do cenário político brasileiro, e começou a derrubar essas publicações.

"Temos acompanhado com atenção os acontecimentos no Brasil e as conversas sobre esses eventos nas nossas plataformas, e começamos a remover pedidos para uma intervenção militar no Brasil no Facebook e Instagram", disse a Meta em nota.

O TSE, nos dias após a eleição, enviou uma série de ordens judiciais às plataformas determinando a remoção de grupos de WhatsApp e Telegram com convocação para paralisações nas estradas e pedido de uso das Forças Armadas para um golpe militar.

Os ofícios pediam a remoção de conteúdos "que incitem grave perturbação de ambiente democrático" e instiguem "à intervenção militar ou a aplicação desvirtuada do artigo 142 da Constituição".

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