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TSE manda Twitter barrar contas de Marcos Cintra e deputados bolsonaristas

Corte eleitoral bane vários perfis por desinformação sobre urnas

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São Paulo

O Twitter barrou neste domingo (6) as contas do economista Marcos Cintra, vice de Soraya Thronicke (União Brasil) na disputa presidencial, e dos deputados bolsonaristas Coronel Tadeu (PL-SP) e Major Vitor Hugo (PL-GO).

A ordem veio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que tem agido com rapidez para restringir contas que levantem suspeitas sem provas sobre fraude nas urnas eletrônicas ou motivem atos antidemocráticos, como o bloqueio de estradas.

Há uma grande comoção entre bolsonaristas porque as ordens deste domingo ocorrem na esteira de outras suspensões recentes, como das contas dos parlamentares Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), populares na rede de comunicação em apoio de Jair Bolsonaro (PL).

Eles alegam ser alvo de censura e de perseguição do TSE.

Luciano Bivar, presidente do União Brasil, ao lado do economista Marcos Cintra e da ex-candidata, senadora Soraya Thronicke
Luciano Bivar, presidente do União Brasil, ao lado do economista Marcos Cintra e da ex-candidata, senadora Soraya Thronicke - Reuters

Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal no governo Bolsonaro e professor na FGV (Fundação Getulio Vargas), fez questionamentos sobre as urnas, endossando algumas suspeitas levantadas por Bolsonaro.

Ele escreveu uma sequência de sete tuítes com dúvidas sobre a votação, mas afirmou acreditar na legitimidade das instituições. Também incentivou cidadãos a exigirem esclarecimentos das autoridades.

Cintra analisou dados do TSE e disse não ter encontrado explicação para Bolsonaro ter "zero votos em centenas de urnas", como seria o caso de São Paulo, Osasco, Franca e Guarulhos, segundo sua tese.

"Há outras centenas, senão milhares de urnas com votações igualmente improváveis. Curiosamente, não há uma única urna em todo o país onde Bolsonaro tenha 100% dos votos", escreveu. "Se há suspeita em uma única urna, elas recaem sobre todo o sistema", acrescentou.

Cintra ainda defendeu registros em papel: "Sem prejuízo das vantagens da digitalização dos votos, estes casos aparentemente inexplicáveis poderiam ser rapidamente descartados, evitando as dúvidas sobre a integridade do sistema que estão se avolumando".

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte, determinou à Polícia Federal que tome o depoimento do economista em até 48 horas, questionando, em especial, quais foram "os fundamentos concretos" que embasaram a postagem feita em relação ao resultado eleitoral.

"Eu estou surpreso. Recebi a notícia por WhatsApp e até por televisão. Não recebi intimação e nem tenho muito o que falar, só reiterar as dúvidas que tive", afirmou à Folha. "Não fiz acusação nenhuma, não me insurgi contra nada, só tive dúvidas que qualquer cidadão pode ter e pode fazer. Vou reiterar o que escrevi."

Em sua conta no Instagram, o professor relatou estar triste com a decisão. "Minha conta do Twitter acaba de ser retida no Brasil. Um cidadão de bem fazendo perguntas sobre dados oficiais. Estou muito triste e preocupado."

O deputado Coronel Tadeu enviou uma nota em que afirma que o país parece passar por um regime de exceção.

"Nesse momento eu não perdi minha vida, mas perdi a minha liberdade parecendo até que estou numa cela de uma penitenciária", afirmou.

Sem apresentar provas, o deputado disse que a eleição não foi justa e defendeu um processo de investigação sobre o pleito.

Uma semana antes da votação do segundo turno, o TSE criou uma resolução na qual pode agir de ofício para ordenar a retirada de conteúdos falsos ou descontextualizados relacionados à eleição.

As empresas têm de cumprir as ordens no prazo de duas horas sob pena de multa de R$ 100 mil por hora. A norma foi assinada por Alexandre de Moraes.

Desde a derrota de Bolsonaro nas urnas, o tribunal ordenou a retirada de uma série de grupos de Telegram e WhatsApp usados para contestar o resultado da eleição e estimular atos antidemocráticos.

A última onda de fake news tem por base um relatório apócrifo com dados que questionam o resultado da eleição. O consultor Fernando Cerimedo, do canal argentino "La Derecha Diário", fez uma live na noite de sexta-feira (4) para apresentar o dossiê.

A transmissão, muito disseminada para brasileiros, foi derrubada do YouTube, mas está presente em outros sites. A contestação do argentino se transformou no novo argumento da militância que acredita que a eleição brasileira foi fraudada.

A Folha procurou o Twitter, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.

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